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Bubble Gum – Lolita Pille Página 1 - CloudMe

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Plantada diante da entrada, descobri o que era a verdadeira vida. Quinhentas pessoas em<br />

movimento num espaço projetado para cem, e eu conhecia desde sempre pelo menos a<br />

metade da gente que estava ali. Tinha a garota na embalagem do meu batom que conversava<br />

com o Homem-Aranha, seres não totalmente humanos, com braços e pernas intermináveis, e<br />

os cabelos no rosto, todas com o mesmo sorriso de americanas transbordando felicidade de<br />

viver, dançando desvairadas, rejeitando a cada instante as tentativas de aproximação dos<br />

homens, que não eram nada menos que o guitarrista dos Red Hot ou George Clooney. Uma<br />

bandeja de champanhe passou perto de mim, agarrei uma taça e esvaziei de um gole. Resolvi<br />

contar os ex de Sissi, não eram tantos assim, mas havia alguns. Yehudi Maas, por exemplo, que<br />

puxava Stella McCartney pela manga, e achei que era bastante patético de Sissi se incrustar<br />

numa noite de avant-première se prostituindo junto do relações-públicas, quando tinha dado<br />

para metade dos convidados. Havia projetores varrendo a multidão e alguns flashes furtivos<br />

que provocavam a ira das estrelas em cima dos pobres fotógrafos que faziam seu trabalho:<br />

"No photo! No photo!", de qualquer forma, estes não eram admitidos no espaço realmente<br />

VIP, que abrigava a equipe do filme.<br />

Quase comecei a chorar no banheiro, quando percebi, no espelho, a perfeição em forma de<br />

mulher que lavava as mãos ao meu lado. Escutei minha voz dizendo dentro de mim que aquele<br />

não era meu lugar, que elas eram todas belas assim e que eu iria conquistar Leonardo DiCaprio<br />

na próxima encarnação, isso se eu reencarnar como uma verdadeira bombshell. Foi quando<br />

percebi que era Elle McPherson, só existem oito mulheres no mundo iguais a ela. Eu suspirei.<br />

Em seguida, como se "the place to be" aquela noite fosse o banheiro, Brittany Murphy é quem<br />

sai de uma das portas dos toaletes, ela não estava nem um pouco maquiada (Sissi mais uma<br />

vez disse uma idiotice) e era muito menos bonita que Elle McPherson. Ela segurou meu pulso<br />

para examinar minha pulseirinha de perto e me disse, em versão original sem legendas, que a<br />

achava muito bonita e que queria fazer uma igual, mas com "Brittany" escrito nela, não é<br />

mesmo, em vez de Manon. Depois me desejou uma boa noite e saiu do banheiro. Brittany<br />

Murphy, além de ser uma grande atriz, era um barato de mulher, gentil, simples e. sobretudo,<br />

tinha bom gosto. De agora em diante, vou ver todos os seus filmes. Agora fui eu quem saiu do<br />

banheiro. De volta ao calor da ação, sentindo-me mais forte com os laços que me uniam a<br />

Brittany Murphy, eu olhei para a multidão com segurança. Foi nessa hora que um sujeito com<br />

cara de empresário veio falar comigo. Eu nunca havia visto um empresário na minha vida e não<br />

sabia, ainda por cima, em que consistiam as funções de um empresário, mas imaginava que<br />

tivesse esse tipo de cara. Eu não me enganei, era de fato um empresário, mas não entendi<br />

nada do que ele me disse, mesmo assim, ele me levou para o espaço realmente VIP, e Fiquei<br />

grata a ele por isso. A vida de verdade... A vida verdadeira, era olhar Leonardo em tamanho<br />

real num pôster e, bem na frente do pôster, ver o próprio Leonardo.<br />

E tinha alguém, ao lado de Leonardo, que todo mundo tratava com mais deferência ainda. Ele<br />

não estava em evidência. Estava sentado, quase escondido, e tinha um olhar sombrio. À<br />

esquerda dele, uma bombshell, à sua direita, outra bombshell. Sentaram-me na frente dele,<br />

perguntaram o que eu gostaria de beber, e não trouxeram em absoluto a Coca Ligbt que eu<br />

pedi. Eu mereci um coquetel laranja, cujo gosto de pêssego disfarçava sutilmente o do álcool,<br />

em dose maciça, se o estado em que acabei serve como medida. Meu vizinho falava comigo<br />

em inglês, com a voz em off. Eu... eu olhava para o outro.<br />

— Lady in red? Do you want something else to drink? Lady in red? I am talking to you. Lady in<br />

red? Look at me, please!<br />

O outro não se mexia. O outro não olhava ninguém. Tinha um copo na mão, o qual levava de<br />

tempos em tempos aos lábios, com um ar de querer se afogar dentro dele. E eu tinha a<br />

sensação de o espaço estar mergulhado no escuro, com apenas um projetor concentrado no<br />

outro. E todas as pessoas presentes estavam animadas por um fio, como marionetes, quase<br />

podia ver, esses fios, embaraçados com todo esse movimento, eles acabavam todos na mesma<br />

mão, e era a mão do outro.<br />

Eu perguntei a ele se falava francês. Ele deu um pulo. Encarou-me como se eu acabasse de<br />

<strong>Bubble</strong> <strong>Gum</strong> <strong>–</strong> <strong>Lolita</strong> <strong>Pille</strong> <strong>Página</strong> 27

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