Bubble Gum – Lolita Pille Página 1 - CloudMe
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velho projeto a um dos diretores de uma rede de televisão americana. Seduzido pelo<br />
aspecto cínico e visionário da idéia de Stanislas e pressionado pela crescente<br />
necessidade de verba para tirar sua rede do aperto de capital, este homem, que prefere<br />
guardar o anonimato, comprou a ideia de Stanislas por uma quantia cuja cifra ignoro,<br />
mas que, segundo as especulações da imprensa econômica, fora de várias dezenas de<br />
milhões de dólares, à condição de que Stanislas conseguisse obter uma autorização<br />
para transmitir assinada por Derek de próprio punho, ou de seus herdeiros em caso de<br />
sinistro.<br />
Sem esta autorização, Stanislas estava obrigada a devolver a totalidade do<br />
adiantamento, sem contar o pagamento pelos prejuízos substanciais e interesses da<br />
rede.<br />
interesses da rede.<br />
Ele arriscava alto, a rede também.<br />
O projeto foi orçado em trinta milhões de dólares — fora o pagamento de Stanislas. até<br />
que não era tanto assim. Ainda por cima sendo co-produzido pela França, onde a<br />
maior parte do programa aconteceria. Reino Unido, Hong-Kong, Japão, Alemanha e<br />
Venezuela, onde a família de Derek angariou muitos inimigos. Stanislas, que soube<br />
convencer os investidores com a sua determinação e capacidade, teve carta branca. Os<br />
trinta milhões foram destinadas oficialmente ao aluguel do equipamento, ao salário dos<br />
técnicas e á divulgação. Oficiosamente, uma grande parte do budget foi usada para<br />
corromper a comitiva de Derek:<br />
Mirko, o seu primeiro escudeiro, em particular. Além de câmeras de vídeo de alta definição,<br />
microfones de longo alcance foram dispostos na suíte de Derek: atrás dos espelhos, nos<br />
balcões, substituindo câmeras de segurança, da mesma forma que nas vinte e seis automóveis<br />
de Derek, na sua casa de Saint-Tropez e até no salão de conferências das empresas aonde ele<br />
nunca ia, e isto apesar da resistência dos acionistas que receavam a eventualidade de uma<br />
espionagem industrial. Derek, felizmente, gostava dos cômodos bem iluminados. Cada vez que<br />
Derek precisava viajar, Mirko, que acumulava as funções de lacaio, traficante, proxeneta,<br />
agente de viagem encarregado de reservar os hotéis, os aviões, ou ainda deixar o jatinho<br />
pronto (o piloto do jatinho, é claro, fazia parte da armação), Mirko, então, avisava Stanislas<br />
com bastante antecedência para que este pudesse preparar a equipe. No caso de uma partida<br />
imprevista, os dois cameramen que seguiam Derek vinte e quatro horas tinham instruções de<br />
não perdê-lo de jeito nenhum, mesmo no fim do mundo. Todas as pessoas suscetíveis de se<br />
encontrar com Derek, ou de falar com ele, tinham que usar permanentemente microfones. A<br />
cabeceira de todas as ramas onde Derek supostamente dormiria neste mundo estavam<br />
grampeados. Graças a isso, eu pude escutar a mim mesma transando. Era divertido. Graças a<br />
isso, soube que Derek nunca me havia sido infiel.<br />
A gravação começou há dois anos, numa tarde de outono, num café vagabundo perto da<br />
Ópera, mantido por um casal de dois antigos mambembes: Albert e Lullaby. Aquilo que só<br />
deveria ter sido um ensaio, apenas um piloto, mostrou-se tão contundente que a gravação fora<br />
escolhida para abrir o primeiro episódio na montagem final. O último episódio termina com as<br />
últimas palavras de Derek depois de eu ter dado cabo dele naquela noite.<br />
Depois de dois anos, dois anos de gravações, cuja maior parte do copião se mostrou<br />
imprestável, Stanislas só conseguiu editar três filmes de cento e vinte minutos cada, destinados<br />
a serem projetados primeiro em cinemas, para serem em seguida divididos em dezoito<br />
episódios de vinte minutos a serem agora transmitidos no final da tarde de domingo, com<br />
exclusividade, nos Estadas Unidos, depois na França e, finalmente, nos países associados, com<br />
o título de DEREK, O BILIONÁRIO.<br />
Originalmente, foi o desejo louvável de Stanislas de restituir no conceito de tevê-realidade sua<br />
carga inicial de verdade que o levou a lutar pela realização do projeto, uma verdade da qual<br />
todos os derivados desse tipo de gênero se afastavam cada vez mais, vendendo como<br />
<strong>Bubble</strong> <strong>Gum</strong> <strong>–</strong> <strong>Lolita</strong> <strong>Pille</strong> <strong>Página</strong> 106