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Bubble Gum – Lolita Pille Página 1 - CloudMe

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— Mas mademoiselle...<br />

— O que é ainda? Não fique nervoso, eu não vou apresentar queixa do seu excesso de zelo ao<br />

diretor, não tenho a menor vontade de ficar com a consciência pesada com outra demissão de<br />

pai de família. Se manda.<br />

— Sinto muito, mademoiselle... Deve ter havido um mal-entendido. George Clooney e a top<br />

model que ele está namorando cuja identidade não posso revelar, vão chegar às quinze horas<br />

em ponto. A senhora está na suíte deles. A senhora não tem o que fazer aqui. A arrumadeira<br />

avisou-me da presença de mademoiselle. Fui encarregado de fazer com que saia. Se a senhora<br />

resistir...<br />

— Hein? Que babaquice é essa? Se a rainha da Inglaterra é top model, eu sou a rainha da<br />

Inglaterra.<br />

— ... me disseram para empregar... a força física.<br />

— O quê? Se isso é uma brincadeira, só pode ser de muito mau gosto.<br />

— Sinto muito, mademoiselle.<br />

— Você sabe com quem está falando?<br />

— Lamento, mas não tive a honra de...<br />

— Onde está Derek?<br />

— Quem...? Não sei de quem a senhora está falando.<br />

— Derek Delano, imbecil. Vire-se. Vire-se!<br />

Procuro meu roupão, que sempre deixo embolado no pé da cama. Ele não está lá.<br />

— Qual é o seu nome? — pergunto ao empregado.<br />

— Ernest.<br />

— Ernest, e se você fosse buscar um roupão para mim no banheiro?<br />

— Sim, madame, a senhora só vai se vestir para ir embora, não é?<br />

— Isto é sem dúvida uma piada de mau gosto inventada por aquele imbecil do Derek, que não<br />

sabe mais o que fazer para que o casamento não caia na rotina, e, pela sua cara perplexa e<br />

constrangida, esse pobre e inocente criado responsável pelo andar não faz a menor idéia da<br />

brincadeira. Ele acha realmente que eu sou uma espécie de prostituta maluca sem domicílio<br />

fixo, por pouco não me oferece hospedagem na casa dele até eu descolar um emprego e um<br />

abrigo da prefeitura.<br />

— Aqui está, senhora.<br />

Eu me envolvo no roupão e vou para o quarto de vestir.<br />

—Venha cá, só para ver se este não é o meu quarto. Todas as minhas roupas estão neste<br />

closet.<br />

Eu entro no closet e ele está mais vazio do que a cidade num domingo, nem um vestido, nem<br />

um sapato, e os ternos de Derek no quarto ao lado também fizeram as malas. Não tem mais<br />

nada, apenas os cabides com as iniciais do Ritz que balançam fazendo gangorra no deserto.<br />

— Bem, Ernest, vamos agora até o banheiro.<br />

— Lá no banheiro também não tem nada, madame, acabo de dar uma olhada.<br />

— Meus cremes La Prairie — exclamo, e corro para o banheiro, não há nada lá também; nem<br />

meus cremes La Prairie, nem meu estojo de toalete com produtos Harvey Nichols, o qual<br />

nunca usei, nem o barbeador de Derek, nem pente, nem escova, nem sequer meu secador de<br />

cabelo, nem meu estojo de maquiagem, nada, nem sequer um cabelo na jacuzzi, uma mancha<br />

no espelho, um gel de banho aberto, tudo está deserto, deserto, completamente vazio, como<br />

um banheiro de hotel. Quando saio, saio tonta para ir revistar todos os cômodos da suite, com<br />

o idiota nos meus calcanhares, e todos os cômodos da suíte estão tão vazios quanto o meu<br />

quarto e o banheiro: o som B&O desapareceu, a tela de vídeo theatre, os DVDs, os discos laser,<br />

os buffers gigantes, as partituras sobre o piano, as fotos de Derek, as minhas fotos, o cartaz do<br />

filme emoldurado na entrada, os carregadores de celular nas tomadas perto da cama, toda a<br />

zona, aliás, que nós acumulamos durante um ano e meio de vida em comum, de compras<br />

compulsivas, de idas e voltas, de acumulação compensatória: "ninguém mora aqui", digo com<br />

os meus botões, "ninguém mora aqui", e eu me agarro à minha última esperança, o cofre,<br />

<strong>Bubble</strong> <strong>Gum</strong> <strong>–</strong> <strong>Lolita</strong> <strong>Pille</strong> <strong>Página</strong> 72

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