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Práticas de Leitura e Escrita - TV Escola

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Apesar <strong>de</strong>sse quadro <strong>de</strong> evi<strong>de</strong>nte escassez, em muitos casos nos <strong>de</strong>paramos com um excesso, por mais paradoxal<br />

que isso pareça. Em muitas escolas, livros didáticos não utilizados lotam o almoxarifado, minidicionários distribuídos<br />

pelo PNLD permanecem ou sem dono ou sem qualquer uso efetivo em sala <strong>de</strong> aula, coleções do PNBE estão trancadas<br />

em estantes 1 , programas e ví<strong>de</strong>os da <strong>TV</strong> <strong>Escola</strong> passam <strong>de</strong>spercebidos ou, gravados em fitas, continuam intactos.<br />

Evi<strong>de</strong>ntemente, há explicações possíveis para cada um <strong>de</strong>sses casos. Algumas vezes, a subutilização <strong>de</strong> um recurso<br />

se <strong>de</strong>ve à falta <strong>de</strong> outro, como acontece com escolas que recebem coleções <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>os, por exemplo, e a aparelhagem<br />

necessária não existe ou não está em condições <strong>de</strong> uso. Em outros casos, o <strong>de</strong>sperdício do material disponível se <strong>de</strong>ve às<br />

dificulda<strong>de</strong>s inerentes ao uso coletivo, tais como: articular os diferentes programas em andamento, as turmas a serem<br />

beneficiadas, os horários possíveis etc. Seja como for, temos diante <strong>de</strong> nós um quadro em que, muitas vezes, a escassez<br />

convive com o <strong>de</strong>sperdício. O que agrava as já precárias condições <strong>de</strong> trabalho do professor e penaliza o aluno.<br />

É certo que boa parte <strong>de</strong>ssas dificulda<strong>de</strong>s extrapola o âmbito <strong>de</strong> cada escola, e só po<strong>de</strong> ser solucionada a<br />

médio e longo prazos, no contexto <strong>de</strong> políticas públicas a<strong>de</strong>quadas e continuadas. Entretanto, um dos motivos <strong>de</strong>ssa<br />

situação adversa é <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> da própria instituição escolar. E está na ausência <strong>de</strong> um planejamento didático<br />

efetivo, tanto <strong>de</strong> cada disciplina em particular, quanto do conjunto da escola. Afinal, os recursos didáticos, assim<br />

como os espaços, e mesmo os horários a serem mobilizados para seu uso, precisam ser combinados e partilhados<br />

entre os interessados.<br />

É no contexto do planejamento, que os professores e <strong>de</strong>mais educadores que participam da equipe escolar<br />

po<strong>de</strong>m integrar ao trabalho pedagógico uma reflexão sobre o material didático e o seu papel no processo <strong>de</strong> ensino<br />

e aprendizagem. Num fórum como esse, é possível:<br />

• levantar os recursos efetivamente disponíveis: a) na própria escola; b) em espaços públicos complementares (<strong>TV</strong><br />

<strong>Escola</strong>, <strong>TV</strong> Educativa, bibliotecas públicas próximas, programas oficiais etc.); e, c) em instituições não governamentais<br />

que prestam serviços educacionais <strong>de</strong> livre acesso, como “sites”, programas <strong>de</strong> voluntariado etc.;<br />

• avaliar o potencial pedagógico e didático <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong>les: a) no que diz respeito aos tipos <strong>de</strong> interlocução<br />

entre os sujeitos que o material favorece, à qualida<strong>de</strong> da transposição didática realizada e aos objetivos<br />

perseguidos; e, b) em termos <strong>de</strong> sua orientação predominante para a escrita ou para o audiovisual;<br />

• selecionar os materiais mais a<strong>de</strong>quados, do ponto <strong>de</strong> vista do projeto pedagógico da escola, dos perfis <strong>de</strong><br />

alunos e professores e das características das situações escolares <strong>de</strong> ensino e aprendizagem mais freqüentes;<br />

• programar e, portanto, otimizar o uso <strong>de</strong> cada recurso, <strong>de</strong> forma a, por exemplo, incluir a freqüência<br />

regular à biblioteca pública como estratégia <strong>de</strong> letramento, ou programar a exibição <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>os ou programas<br />

educativos em sintonia com o cumprimento dos conteúdos curriculares.<br />

3.4.4. O livro didático<br />

Ao que tudo indica, o <strong>de</strong>sperdício mais freqüente, no momento, é o <strong>de</strong> diferentes tipos <strong>de</strong> impressos. Até<br />

porque são eles os mais visados pelas políticas públicas voltadas para recursos didáticos e, por conseguinte, são eles<br />

os mais presentes em nossas escolas.<br />

Materiais estratégicos para a diversificação e o <strong>de</strong>senvolvimento do letramento do aluno, como revistas e jornais<br />

doados por editoras, além dos próprios livros do PNBE e dos minidicionários distribuídos pelo PNLD, são, muitas vezes,<br />

subutilizados. E mesmo o livro didático chega a ser <strong>de</strong>scartado. Nesse último caso, o <strong>de</strong>suso parece <strong>de</strong>ver-se, quase sempre,<br />

a escolhas mal sucedidas, seja porque o livro recebido não era o da primeira opção, seja porque, mesmo correspon<strong>de</strong>ndo<br />

ao título solicitado, revelou-se em <strong>de</strong>sacordo com realida<strong>de</strong> da escola ou as expectativas dos professores. Há, ainda, o caso<br />

das escolas que dispensam o livro didático porque preferem elaborar impressos alternativos, mas, ainda assim, receberam<br />

obras que não chegaram a solicitar.<br />

Consi<strong>de</strong>rando-se esta situação particular, o livro didático, se consi<strong>de</strong>rado no contexto do planejamento escolar, é<br />

uma peça central tanto para a reflexão sobre o lugar dos materiais didáticos no processo <strong>de</strong> ensino e aprendizagem quanto<br />

para evitar o <strong>de</strong>sperdício em meio à escassez. A escolha qualificada do livro didático – ou seja, organizada, envolvendo toda<br />

a equipe escolar e orientada por critérios explícitos – po<strong>de</strong>, então, constituir-se numa referência e, em alguns aspectos,<br />

num mo<strong>de</strong>lo da discussão a ser feita sobre os <strong>de</strong>mais materiais.<br />

Nessa direção, uma primeira pauta para esse <strong>de</strong>bate po<strong>de</strong>ria incluir ao menos as seguintes questões:<br />

• quais as características comuns do livro, entendido como material didático, em relação às diferentes áreas<br />

em que a escola atua?<br />

1 Já é freqüente ouvir-se, em cursos <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> professores, em muitos estados, que “a escola está cheia <strong>de</strong> livros”, “não falta o que ler”.<br />

Praticas <strong>de</strong> <strong>Leitura</strong> e <strong>Escrita</strong><br />

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