Práticas de Leitura e Escrita - TV Escola
Práticas de Leitura e Escrita - TV Escola
Práticas de Leitura e Escrita - TV Escola
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Para que iniciativas <strong>de</strong>sse tipo possam ter sucesso, é imprescindível que haja a inserção nos objetivos <strong>de</strong> programas<br />
<strong>de</strong> formação <strong>de</strong> questões ligadas à ampliação do letramento digital e que se garantam formas <strong>de</strong> consecução<br />
<strong>de</strong>sses objetivos.<br />
Mais do que ampliar sua inserção no mundo digital, a longo prazo, essas ações precisam garantir a formação<br />
do professor para a transformação das práticas pedagógicas, na direção do que hoje apontam algumas teorias<br />
educacionais e psicológicas, que essas mídias também possibilitam:<br />
“A sala <strong>de</strong> aula interativa seria o ambiente em que o professor interrompe a tradição do falar/ditar, <strong>de</strong>ixando<br />
<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar-se como o contador <strong>de</strong> histórias, e adota uma postura semelhante a do “<strong>de</strong>signer” <strong>de</strong><br />
“software” interativo. Ele constrói um conjunto <strong>de</strong> territórios a serem explorados pelos alunos e disponibiliza<br />
co-autoria e múltiplas conexões, permitindo que o aluno também faça por si mesmo. (...) O aluno,<br />
por sua vez, passa <strong>de</strong> espectador passivo a ator situado num jogo <strong>de</strong> preferências, <strong>de</strong> opções, <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejos,<br />
<strong>de</strong> amores, <strong>de</strong> ódios e <strong>de</strong> estratégias, po<strong>de</strong>ndo ser emissor e receptor no processo <strong>de</strong> intercompreensão.<br />
E a educação po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser um produto para se tornar processo <strong>de</strong> troca <strong>de</strong> ações que cria conhecimentos<br />
e não apenas os reproduz” (Silva, 2002, p. 23).<br />
Para concluir, vale <strong>de</strong>stacar que há algum tempo está posta a discussão sobre o duplo potencial <strong>de</strong>ssas mídias – <strong>de</strong><br />
emancipação e <strong>de</strong> exclusão social. Petrella (apud Kóvacs, 2002) aponta para um paradoxo que se constitui na socieda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> valorização da informação e do conhecimento, que é um “apartheid” social mundial, baseado na <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> entre<br />
os recursos humanos na relação com o conhecimento. A mudança <strong>de</strong>sse quadro social, que já vem se consolidando,<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> iniciativas políticas que garantam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> recursos materiais nas escolas ou comunida<strong>de</strong>s escolares, acessos,<br />
aplicativos e conteúdos livres até a formação continuada <strong>de</strong> professores para o uso <strong>de</strong>ssas mídias, para que possam<br />
proporcionar o letramento digital <strong>de</strong> seus alunos.<br />
Em outros tempos <strong>de</strong> avanços tecnológicos, Walter Benjamin (1936) analisou a força que a arte (sobretudo,<br />
o cinema), cujo acesso pô<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>mocratizado pela possibilida<strong>de</strong> tecnológica <strong>de</strong> reprodutibilida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>ria ter na<br />
organização do proletariado, a partir <strong>de</strong> seu potencial <strong>de</strong> conscientização. Suas postulações teóricas sucumbiram<br />
diante da indústria cultural, sobretudo da indústria cinematográfica.<br />
Novamente a história nos coloca frente a um duplo potencial tecnologicamente situado: po<strong>de</strong>mos, também,<br />
simplesmente, nos ren<strong>de</strong>r frente à comercialização <strong>de</strong> acessos, aplicativos e conteúdos ou resistir buscando soluções<br />
mais <strong>de</strong>mocratizantes, como a formação <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizagens e <strong>de</strong>mais formas <strong>de</strong> trabalhos colaborativos.<br />
Dessa <strong>de</strong>cisão política <strong>de</strong> hoje <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> nossa história <strong>de</strong> amanhã e a possibilida<strong>de</strong> ou não <strong>de</strong> consolidação<br />
dos i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> mais justa e igualitária.<br />
5.5.4. Referências bibliográficas<br />
BAKHTIN, M. Marxismo e Filosofia da Linguagem. São Paulo: Editora Hucitec, 1997, pp. 131-132.<br />
BENJAMIN, W. A obra <strong>de</strong> arte na era <strong>de</strong> sua reprodutibilida<strong>de</strong> técnica. In: Magia e técnica, arte e política. São<br />
Paulo: Brasiliense, 1986.<br />
CARVALHO, J. B. P. Outros impressos e materiais didáticos em sala <strong>de</strong> aula. Texto escrito para o Programa 4 da Série<br />
Materiais didáticos - escolha e uso. Salto para o Futuro/ <strong>TV</strong> <strong>Escola</strong>, 2005.<br />
KÓVACS, I. Qualificações e Ensino/Formação na era da globalização. In: Scherer-Warren, I. e Ferreira, J. M. C.<br />
Transformações sociais e dilemas da globalização: um diálogo Brasil-Portugal. São Paulo: Cortez, 2002.<br />
ROJO, R. Letramento e capacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> leitura para a cidadania. Texto <strong>de</strong> divulgação científica elaborado para o<br />
Programa Ensino Médio em Re<strong>de</strong>. In: CD do Programa Ensino Médio em Re<strong>de</strong>, Re<strong>de</strong> do Saber/Cenp/SEE-SP, 2004.<br />
SILVA, Marco. (2000) Sala <strong>de</strong> aula interativa. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Quartet editora, 2002.<br />
180 Salto para o Futuro