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Práticas de Leitura e Escrita - TV Escola

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Esse texto preten<strong>de</strong> fornecer elementos para uma discussão sobre o trabalho com outras mídias e linguagens<br />

na escola, a partir <strong>de</strong> algumas das perguntas pedagógicas clássicas que perpassam a proposição <strong>de</strong> itens<br />

curriculares tais como: por que, o que e como trabalhar com outras mídias e linguagens na escola? Espera-se<br />

que essa discussão possa contribuir para o redimensionamento do trabalho com essas diferentes mídias e linguagens<br />

na escola, ultrapassando uma perspectiva instrumental que <strong>de</strong>staca (e limita) sua exploração como<br />

recurso didático numa perspectiva que o inclui como condição indispensável para uma formação que vise a um<br />

exercício mais pleno da cidadania.<br />

Cada vez mais a participação social passa pela possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compreensão e produção <strong>de</strong> textos em<br />

circulação que, por sua vez, <strong>de</strong>mandam um domínio <strong>de</strong> diferentes linguagens e mídias. Ao invés <strong>de</strong> uma perspectiva<br />

<strong>de</strong> substituição entre mídias, como previam alguns discursos mais fatalistas, quando afirmavam que o<br />

surgimento da <strong>TV</strong> <strong>de</strong>terminaria o fim do rádio, ou quando chegaram a sugerir, mais mo<strong>de</strong>rnamente, que a<br />

Internet po<strong>de</strong>ria levar ao fim do livro ou dos jornais impressos, o que vemos hoje é uma crescente convivência<br />

e até complementarida<strong>de</strong> entre essas linguagens e mídias 1 . Muitos textos contemporâneos acabam sendo constituídos<br />

por diferentes linguagens e são suportados por diferentes mídias que se interpenetram.<br />

Se, no século XIX, o <strong>de</strong>senvolvimento da litografia e da fotografia proporcionou a veiculação <strong>de</strong><br />

imagens/fotos no jornal impresso, “obrigando” seus leitores a apren<strong>de</strong>rem a ler essa outra linguagem e a<br />

estabelecerem relações <strong>de</strong> intertextualida<strong>de</strong>, o mundo digital coloca em relação isto, em uma produção<br />

textual, diferentes linguagens e mídias, cuja compreensão <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> novas capacida<strong>de</strong>s que precisam<br />

ser <strong>de</strong>senvolvidas, tendo a escola, nesse processo, um papel fundamental a <strong>de</strong>sempenhar. Além disso, o<br />

mundo digital possibilita uma verda<strong>de</strong>ira revolução em termos <strong>de</strong> comunicabilida<strong>de</strong>, o que também não<br />

po<strong>de</strong> ser ignorado pela escola. De uma comunicação <strong>de</strong> massa, cujo fluxo <strong>de</strong> comunicação era unidirecional<br />

<strong>de</strong> um para muitos – como na <strong>TV</strong>, rádio, cinema, impressos etc. – passa-se a uma comunicação interativa,<br />

bidimensional, virtualmente, <strong>de</strong> muitos para muitos.<br />

Essas seriam algumas das razões pelas quais a escola <strong>de</strong>ve se ocupar <strong>de</strong>ssas diferentes mídias e linguagens.<br />

Mas para que se possa vislumbrar mais concretamente esse trabalho, é necessário pensarmos também em<br />

outras justificativas, no que e no como trabalhar com essas mídias e linguagens na escola, que são as perguntas<br />

orientadoras do presente artigo.<br />

5.5.1. Por que trabalhar com diferentes mídias e linguagens na escola hoje?<br />

O trabalho com outras mídias e linguagens na escola, hoje, <strong>de</strong>ve ser encarado não só como (a) potencialida<strong>de</strong>s<br />

a serem exploradas em termos <strong>de</strong> diversificação <strong>de</strong> recursos metodológicos para o ensino <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados conteúdos<br />

ou a consecução <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados objetivos postos em um currículo, mas também, e com igual importância, <strong>de</strong>ve ser<br />

visto como (b) uma finalida<strong>de</strong> e como um conteúdo em si, <strong>de</strong> forma articulada e transversal a diferentes conteúdos<br />

e objetivos postos no currículo.<br />

a) Potencializando recursos didáticos<br />

É inegável a potencialida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uso das diferentes mídias e linguagens que po<strong>de</strong>m ser postas a serviço dos<br />

professores das diversas disciplinas curriculares (Carvalho 2005). Alguns <strong>de</strong>sses usos: ví<strong>de</strong>os e filmes po<strong>de</strong>m ser<br />

utilizados como ilustração ou aprofundamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados temas tratados nas disciplinas; aplicativos po<strong>de</strong>m<br />

ser usados para <strong>de</strong>senvolver ativida<strong>de</strong>s, como planilhas em Matemática e editores <strong>de</strong> texto nas várias disciplinas; a<br />

Internet po<strong>de</strong> ser usada como fonte <strong>de</strong> pesquisa para os mais variados assuntos etc.<br />

Nessa mesma direção, po<strong>de</strong>mos também afirmar que algumas mídias po<strong>de</strong>m ser mais a<strong>de</strong>quadas para a<br />

explicação <strong>de</strong> alguns fenômenos do que outras. Não é difícil perceber como a ilustração <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado fenômeno<br />

físico ou químico, que envolve movimento e ou transformação, po<strong>de</strong> ser mais bem visualizada numa mídia<br />

que permite veicular imagem em movimento, eventualmente acoplada à <strong>TV</strong> ou ao computador, do que numa folha<br />

impressa, associando texto verbal e imagem estática. O mesmo se po<strong>de</strong> dizer em relação à construção <strong>de</strong> imagens<br />

digitalizadas que favorecem a construção <strong>de</strong> representações espaciais, tão úteis à área <strong>de</strong> Ciências Humanas. Neste<br />

caso, a Internet é fonte rica <strong>de</strong> recursos, já que permite a articulação simultânea <strong>de</strong> várias mídias, disponibiliza uma<br />

varieda<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> exemplares, além <strong>de</strong> possibilitar acesso remoto.<br />

Esses recursos <strong>de</strong>vem estar acessíveis ao professor. Assim, <strong>de</strong>ve haver, por parte dos órgãos públicos, cada vez<br />

mais, preocupações com a oferta <strong>de</strong> informações sempre atualizadas sobre o que se tem disponível, e <strong>de</strong> como po<strong>de</strong>m<br />

ser usadas, bem como a avaliação <strong>de</strong>sses produtos e <strong>de</strong> suas potenciais utilizações. Em tempos <strong>de</strong> Internet, por vezes,<br />

1 Alguns autores como Silva (2000) sugerem que o surgimento <strong>de</strong>ssas novas mídias alterem <strong>de</strong> alguma forma as anteriormente existentes. Assim, hoje<br />

em dia é muito mais freqüente a existência <strong>de</strong> textos impressos que usam o recurso do hipertexto do que antes da Internet. Hoje também se coloca<br />

como realida<strong>de</strong> a <strong>TV</strong> interativa, muito em função da própria experiência <strong>de</strong> interativida<strong>de</strong> proporcionada pela Web. Assim, para além da perspectiva<br />

<strong>de</strong> complementarida<strong>de</strong> entre as mídias, <strong>de</strong>ve-se pensar em uma relação <strong>de</strong> influência mútua.<br />

*Esse texto se integra ao boletim da série “Materiais didáticos: escolha e uso”, agosto/2005.<br />

Praticas <strong>de</strong> <strong>Leitura</strong> e <strong>Escrita</strong><br />

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