Práticas de Leitura e Escrita - TV Escola
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vivências, outras realida<strong>de</strong>s). Resumir, explicar, discutir e avaliar o texto requer tê-lo compreendido globalmente,<br />
ter interligado informações e produzido inferências. Fazer extrapolações pertinentes – sem per<strong>de</strong>r o texto <strong>de</strong> vista<br />
– contribui para o aprendizado afetivo e atitudinal <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrir que as coisas que se lêem nos textos, po<strong>de</strong>m fazer<br />
parte da nossa vida, po<strong>de</strong>m ter utilida<strong>de</strong> e relevância para nós.<br />
4. Produção escrita.<br />
O domínio da escrita, assim como o da leitura, abrange capacida<strong>de</strong>s que são adquiridas no processo <strong>de</strong><br />
alfabetização e outras que são constitutivas do processo <strong>de</strong> letramento, incluindo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as primeiras formas <strong>de</strong><br />
registro alfabético e ortográfico até a produção autônoma <strong>de</strong> textos. A escrita na escola, assim como nas práticas<br />
sociais fora da escola, realiza-se situada num contexto, orienta-se por algum objetivo, tem alguma função e se<br />
dirige a algum leitor. O objetivo geral do ensino <strong>de</strong> redação é proporcionar aos alunos o <strong>de</strong>senvolvimento da<br />
capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produzir textos escritos <strong>de</strong> gêneros diversos, a<strong>de</strong>quados aos objetivos, ao <strong>de</strong>stinatário e ao contexto<br />
<strong>de</strong> circulação. O trabalho nesse sentido po<strong>de</strong> ser feito na sala <strong>de</strong> aula mesmo antes que as crianças tenham<br />
aprendido a escrever, porque o professor estará orientando seus alunos para a compreensão e a valorização<br />
dos diferentes usos e funções da escrita, em diferentes gêneros e suportes, quando: a) ler em voz alta para eles<br />
histórias, notícias, propaganda, avisos, cartas circulares para os pais etc.; b) trouxer para a sala <strong>de</strong> aula textos<br />
escritos <strong>de</strong> diferentes gêneros, em diversos suportes ou portadores e os explorar com os alunos (para que servem,<br />
a que leitores se <strong>de</strong>stinam, on<strong>de</strong> se apresentam, como se organizam, <strong>de</strong> que tratam, que tipo <strong>de</strong> linguagem<br />
utilizam); c) fizer uso da escrita na sala <strong>de</strong> aula, com diferentes finalida<strong>de</strong>s, envolvendo os alunos (registro da<br />
rotina do dia no quadro <strong>de</strong> giz, anotação <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões coletivas, planejamento e organização <strong>de</strong> trabalhos, jogos,<br />
festas); d) orientar a produção coletiva <strong>de</strong> textos, em que os alunos sugerem e discutem o que vai ser escrito e<br />
o professor registra a forma escolhida no quadro <strong>de</strong> giz.<br />
Para realizar esse trabalho é importante compreen<strong>de</strong>r que uma palavra qualquer, como por exemplo, um<br />
nome próprio, po<strong>de</strong> ser um texto, se for usada numa <strong>de</strong>terminada situação para produzir um sentido. Com essa<br />
compreensão, po<strong>de</strong>-se propor às crianças produzir textos escritos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primeiros dias <strong>de</strong> aula. Por exemplo:<br />
copiar o próprio nome ganha razão <strong>de</strong> ser quando se conjuga à confecção <strong>de</strong> um crachá que será efetivamente<br />
usado e permitirá aos colegas memorizarem a escrita dos nomes uns dos outros. Distinguir e apren<strong>de</strong>r a traçar<br />
as letras e a memorizar a or<strong>de</strong>m alfabética, constituem um aprendizado cuja utilida<strong>de</strong> se manifesta na organização<br />
<strong>de</strong> agenda <strong>de</strong> telefones dos alunos da turma, ou <strong>de</strong> um ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> empréstimo e <strong>de</strong>volução<br />
<strong>de</strong> livros <strong>de</strong> história, ou <strong>de</strong> listas <strong>de</strong> alunos escalados para realizar <strong>de</strong>terminadas tarefas.<br />
Ativida<strong>de</strong>s como essas envolvem, simultaneamente, aprendizagens na direção da alfabetização e do letramento,<br />
porque requerem habilida<strong>de</strong> motora, perceptiva e cognitiva no traçado das letras e na disposição do<br />
escrito no papel, convidam à reflexão sobre o sistema <strong>de</strong> escrita e suscitam questões sobre a grafia das palavras,<br />
ao mesmo tempo em que dão oportunida<strong>de</strong> às crianças <strong>de</strong> vivenciarem importantes funções da escrita.<br />
A necessária capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dominar o sistema ortográfico po<strong>de</strong> ser associada à produção <strong>de</strong> textos escritos<br />
com função social bem <strong>de</strong>finida. Por exemplo, cartazes, avisos e murais são gêneros textuais que, em razão<br />
<strong>de</strong> seus objetivos e <strong>de</strong> sua circulação pública, <strong>de</strong>vem apresentar a ortografia padrão. Assim, se as crianças se<br />
envolverem na produção, individual ou coletiva, <strong>de</strong> textos como esses, tendo em mente as circunstâncias em que<br />
serão lidos, compreen<strong>de</strong>rão que, nesses casos, é justificável <strong>de</strong>dicar atenção especial à grafia das palavras.<br />
Saber planejar a escrita do texto consi<strong>de</strong>rando o tema central e seus <strong>de</strong>sdobramentos, <strong>de</strong> modo que<br />
ele pareça, para seus leitores, sensato, “lógico”, bem enca<strong>de</strong>ado e sem contradições, é outra capacida<strong>de</strong><br />
importante a ser <strong>de</strong>senvolvida na escola, porque a organização e o enca<strong>de</strong>amento dos textos da conversa<br />
cotidiana, que as crianças conhecem, são diferentes do que se espera no caso <strong>de</strong> textos escritos, principalmente,<br />
se tiverem circulação pública. Essa capacida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> começar a ser <strong>de</strong>senvolvida na produção<br />
coletiva <strong>de</strong> diversos gêneros, em textos mais longos ou mais curtos que o professor escreve no quadro <strong>de</strong><br />
giz a partir das sugestões dos alunos. As crianças precisam apren<strong>de</strong>r que, no planejamento da coerência<br />
do texto escrito, é sempre necessário levar em conta para que e para quem se está escrevendo e em que<br />
situação o texto será lido. Normalmente, esses elementos é que orientam o processo <strong>de</strong> escrita, e é bom<br />
que os alunos aprendam a lidar com eles <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo.<br />
Saber escrever inclui, também, a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> usar a varieda<strong>de</strong> lingüística a<strong>de</strong>quada ao gênero <strong>de</strong><br />
texto que se está produzindo, aos objetivos que se quer cumprir com o texto, aos conhecimentos e interesses<br />
dos leitores previstos, ao suporte em que o texto vai ser difundido, fazendo escolhas a<strong>de</strong>quadas quanto ao<br />
vocabulário e à gramática. Isso envolve <strong>de</strong>dicar atenção à escolha <strong>de</strong> palavras e <strong>de</strong> construções morfossintáticas,<br />
com sensibilida<strong>de</strong> para as condições <strong>de</strong> escrita e <strong>de</strong> leitura do texto. É preciso, ainda, saber se valer<br />
<strong>de</strong> recursos expressivos apropriados ao gênero e aos objetivos do texto (produzir encantamento, comover,<br />
fazer rir, ou convencer racionalmente). Essas capacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uso da escrita também po<strong>de</strong>m ser ensinadas<br />
e aprendidas na escola <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo, num trabalho que alie alfabetização e letramento.<br />
22 Salto para o Futuro