O trabalho com a linguagem na escola <strong>de</strong>ve privilegiar a leitura e a discussão sobre as várias possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> falar e <strong>de</strong> escrever um texto, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do contexto, do objetivo do texto e <strong>de</strong> quem o vai recebê-lo. Da mesma forma como escolhemos a roupa que vamos usar em função do local para on<strong>de</strong> vamos, com que objetivo, do clima, também selecionamos os modos <strong>de</strong> falar e <strong>de</strong> escrever. O trabalho pedagógico é um trabalho. E trabalho, no melhor sentido da palavra, envolve criação do mesmo modo que a linguagem, porque se produz como linguagem, que também é um trabalho humano que se refaz a cada dia. Neste sentido, po<strong>de</strong>mos pensar trabalho/linguagem como alienação ou libertação. Se virmos a linguagem como algo que se repete, como fórmulas e regras, temos pouco espaço <strong>de</strong> criação. Por outro lado, se a virmos como algo que se renova no movimento da nossa vida, estamos continuamente criando e recriando novas formas <strong>de</strong> dizer o mundo. Ensinar é <strong>de</strong>ixar aparecer as contradições, as semelhanças, as diferenças. É trabalhar com uma pedagogia que cria condições para que isso aconteça, para as <strong>de</strong>scobertas, os conflitos, o <strong>de</strong>bate... Isso não se garante com uma classe organizada circularmente ou em grupos, não é essa a questão. Isso acontece na relação que se estabelece entre as pessoas. Como diz Marilena Chauí, ao professor não cabe dizer “Faça como eu”, mas “Faça comigo” (Chauí, 1980, p. 39). É importante levar em consi<strong>de</strong>ração e valorizar as pessoas que os alunos são, os conhecimentos que têm, principalmente, por meio <strong>de</strong> seus modos <strong>de</strong> falar, pelas suas histórias. É necessário fazê-los sentir que po<strong>de</strong>m (isto é, que têm po<strong>de</strong>r) e que <strong>de</strong>vem ousar, que <strong>de</strong>vem correr riscos para que se confirmem como pessoas capazes e se disponham a trocar <strong>de</strong> lugar conosco, falando, expondo seus saberes, discutindo. Nesse movimento <strong>de</strong> falar, <strong>de</strong> conversar, <strong>de</strong> ouvir leituras <strong>de</strong> muitos textos, <strong>de</strong> discutir e <strong>de</strong> escrever pensando no contexto, vão apren<strong>de</strong>ndo novas “roupagens” para a língua e ingressando cada vez mais no mundo letrado. 2.7.1 Referências bibliográficas CASTANHEIRA, M. L. Da escrita no cotidiano à escrita escolar. Revista <strong>Leitura</strong>: Teoria e Prática, 20. Campinas: ABL, 1991, pp. 35-42. COOK-GUMPERZ e GUMPERZ. Cook-Gumperz and Gumperz, 1992: Changing views of language in Education: the implications for literacy research. In: Beach R. et al. (eds.). Multidisciplinary Perspectives on Literacy Research. Urbana, Illinois: NCRE/NCTE, 1992. COLLARES, C. A., MOYSÉS, M. A. A história não contada dos distúrbios <strong>de</strong> aprendizagem. Ca<strong>de</strong>rnos Ce<strong>de</strong>s, 28. São Paulo: Papirus, pp. 31-48. COSTA, Dóris Anita Freire. Fracasso <strong>Escola</strong>r: diferença ou <strong>de</strong>ficiência. Porto Alegre: ed. Quarup, 1993. CYPEL, Saul. O aprendizado escolar: reflexões sobre alguns aspectos neurológicos. Revista FDE, 19. São Paulo, 1993. FIJALKOW, J. Malos Lectores: por qué? Madri: Pirami<strong>de</strong>, 1989. GRIFO, Clenice. Dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizagem na alfabetização: perspectivas do aprendiz. Centro <strong>de</strong> Referência do Professor: Séries Ca<strong>de</strong>rnos do Professor e Programa da Pós-Graduação da FAE/UFMG, 1996. LAHIRE, B. Sucesso escolar nos meios populares - as razões do improvável. São Paulo: Ática. 1997. NUNES, T, BUARQUE, L.; BRYANT, P. Dificulda<strong>de</strong>s na aprendizagem da leitura. São Paulo: Cortez Editora/Autores Associados, 1992, pp. 13-31. OLIVEIRA, Marco Antônio e NASCIMENTO, Milton do. Da análise <strong>de</strong> “erros” aos mecanismos envolvidos na aprendizagem da escrita. Educação em Revista: 12 (33-43), Belo Horizonte, 1990. SANTIAGO, Ana Lydia B. A inibição intelectual na Psicanálise. Tese <strong>de</strong> Doutorado. São Paulo, Instituto <strong>de</strong> Psicologia Clínica da USP, 2000. SENA, Maria das Graças <strong>de</strong> Castro. Dispositivo, 1. Belo Horizonte: Clínica d’Iss, 1999, pp. 73-78. SOARES, Magda B. Linguagem e <strong>Escola</strong> - uma perspectiva social. São Paulo: Ática, 1987. VIDAL, G. Falso mal: Médico <strong>de</strong>nuncia a farsa da disritmia. Isto é / Senhor, n. 1.070, 21 <strong>de</strong> março, 1990. Praticas <strong>de</strong> <strong>Leitura</strong> e <strong>Escrita</strong> 75
2.8. Oralida<strong>de</strong> e escrita: dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino-aprendizagem na alfabetização Antônio Gomes Batista Professor da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Educação da UFMG. Diretor do Centro <strong>de</strong> Alfabetização, <strong>Leitura</strong> e <strong>Escrita</strong> (Ceale). Maria Lúcia Castanheira Professora da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Educação da UFMG. Pesquisadora do Centro <strong>de</strong> Alfabetização, <strong>Leitura</strong> e <strong>Escrita</strong> (Ceale) e do CNPq. Ana Lydia Santiago Psicanalista, professora da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Educação da UFMG. Pesquisadora do Centro <strong>de</strong> Alfabetização, <strong>Leitura</strong> e <strong>Escrita</strong> (Ceale).
- Page 1 and 2:
Práticas de Leitura e Escrita L ng
- Page 4 and 5:
Escrever, eu já andava rabiscando
- Page 6 and 7:
3.1.3. Fábulas ...................
- Page 8 and 9:
servindo como um eixo norteador par
- Page 10 and 11:
apropriação do sistema alfabétic
- Page 12 and 13:
No Brasil, quase um terço da popul
- Page 14 and 15:
A conclusão é uma só e assustado
- Page 16 and 17:
A necessidade desse conhecimento so
- Page 18 and 19:
1.2.1. Conceituação A apropriaç
- Page 20 and 21:
a um “som”, cada “som” a um
- Page 22 and 23:
Finalmente, é importante adquirir
- Page 24 and 25: “Ler é melhor que estudar”, es
- Page 26 and 27: Neste sentido, diferentemente de po
- Page 28 and 29: Em práticas de alfabetização e l
- Page 30 and 31: 1.4.1. A metodologia da alfabetiza
- Page 32 and 33: social de textos. A exposição de
- Page 34 and 35: Alfabetização e Ensino da Língua
- Page 36 and 37: Praticas de Leitura e Escrita Carta
- Page 38 and 39: Como realizar um planejamento de tr
- Page 40 and 41: Vejamos as possíveis situações:
- Page 42 and 43: Nas situações cotidianas, é impo
- Page 44 and 45: pressa nas mais variadas formas: po
- Page 46 and 47: “Quem conta um conto aumenta um p
- Page 48 and 49: 2.1.1. Referências bibliográficas
- Page 50 and 51: A fábula é um gênero literário
- Page 52 and 53: Praticas de Leitura e Escrita 53
- Page 54 and 55: Narrar é um ato inventivo, seja pa
- Page 56 and 57: Alguns malabarismos verbais provoca
- Page 58 and 59: A palavra Um renomado professor jap
- Page 60 and 61: com heróis que esqueceram a palavr
- Page 62 and 63: As palavras, em tais condições, a
- Page 64 and 65: Praticas de Leitura e Escrita “Du
- Page 66 and 67: A atividade pensada segue o seguint
- Page 68 and 69: Gonzaguinha, em conhecida letra de
- Page 70 and 71: 2.6.1. Referências bibliográficas
- Page 72 and 73: A linguagem está onde o homem est
- Page 76 and 77: 2.8.1. Fracasso escolar: buscando e
- Page 78 and 79: clínico, propõe-se, primeiro, inv
- Page 80 and 81: Praticas de Leitura e Escrita 81
- Page 82 and 83: se pode desenvolver um trabalho de
- Page 84 and 85: 3.1.1. Retomando a experiência de
- Page 86 and 87: e do início da atividade sexual (M
- Page 88 and 89: 3.1.7. Referências bibliográficas
- Page 90 and 91: 3.2.1. Cenas de leitura Falar sobre
- Page 92 and 93: Considero a leitura por fruição a
- Page 94 and 95: 3.2.2. Referências bibliográficas
- Page 96 and 97: Este texto historia brevemente a es
- Page 98 and 99: São muitos os manuais didáticos,
- Page 100 and 101: 3.3.4. Referências bibliográficas
- Page 102 and 103: 3.4.1. Uma provocação O título d
- Page 104 and 105: Apesar desse quadro de evidente esc
- Page 106 and 107: 3.4.5. Referências bibliográficas
- Page 108 and 109: Praticas de Leitura e Escrita “A
- Page 110 and 111: e cooperação, sobressaindo assim,
- Page 112 and 113: Atualmente, os livros editados com
- Page 114 and 115: 3.6.1. Referências bibliográficas
- Page 116 and 117: 3.7.1. Introdução Pretendendo dia
- Page 118 and 119: que possamos nos debruçar sobre a
- Page 120 and 121: 3.8.1. Televisão afasta as crianç
- Page 122 and 123: fica na República Eslovaca e que a
- Page 124 and 125:
“Leitura da literatura: a constru
- Page 126 and 127:
4.1.1. A leitura literária no proc
- Page 128 and 129:
4.1.5. Repertórios de leituras Nã
- Page 130 and 131:
Praticas de Leitura e Escrita 131
- Page 132 and 133:
Geralmente, o trabalho com a poesia
- Page 134 and 135:
Praticas de Leitura e Escrita 135
- Page 136 and 137:
4.3.1. Poesia, música e jogo: nas
- Page 138 and 139:
Percebemos, nesse ‘vídeo-poema
- Page 140 and 141:
versos dizem o que ele está fazend
- Page 142 and 143:
Praticas de Leitura e Escrita 2 Hor
- Page 144 and 145:
Na verdade, ao “dizer” a palavr
- Page 146 and 147:
O poeta Manoel de Barros, em seu li
- Page 148 and 149:
A poesia pode se oferecer a um trab
- Page 150 and 151:
Praticas de Leitura e Escrita “Po
- Page 152 and 153:
O poeta se investe do papel de subv
- Page 154 and 155:
Praticas de Leitura e Escrita 155
- Page 156 and 157:
As diversas opções de materiais d
- Page 158 and 159:
Se lembrarmos que os livros que os
- Page 160 and 161:
textos, e vai, finalmente, aprofund
- Page 162 and 163:
5.2.1. Leitura e escrita competênc
- Page 164 and 165:
nado por sua saúde, presença na e
- Page 166 and 167:
A presença de textos científicos
- Page 168 and 169:
Esta construção talvez esteja pro
- Page 170 and 171:
Há uns cem anos, eram bem poucas a
- Page 172 and 173:
Nessa ficha, podem constar, entre o
- Page 174 and 175:
Esse texto pretende fornecer elemen
- Page 176 and 177:
em sala de aula, que permitirão qu
- Page 178 and 179:
do marketing, ou como instrumento d