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Práticas de Leitura e Escrita - TV Escola

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3.8.1. Televisão afasta as crianças da leitura e da literatura<br />

Esta é uma afirmação que a maioria dos adultos tem o hábito <strong>de</strong> repetir sem refletir sobre o que ela<br />

representa.<br />

A televisão, mais uma vez, aparece como causa/<strong>de</strong>sculpa para os problemas <strong>de</strong> nossos alunos. Assim,<br />

nós, adultos, comodamente, nos eximimos da nossa responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> educadores, como se a máquina fosse<br />

capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar escolhas humanas.<br />

Como professores, sabemos que ler e escrever são ações culturais que <strong>de</strong>vem ser ensinadas, dia-a-dia,<br />

no espaço da escola e com o apoio dos familiares. Nesse sentido sabemos que: ninguém se torna leitor fora<br />

<strong>de</strong> um contexto cultural no qual o livro e a leitura tenham uma importante presença; que não basta ensinar<br />

a reconhecer as letras para formar um leitor, mas que é necessário oferecer textos diferentes, para que o<br />

aprendiz caminhe na direção da interpretação pessoal que é muito mais do que <strong>de</strong>codificar; que, para ler um<br />

texto, com um mínimo <strong>de</strong> fluência, são necessárias práticas permanentes <strong>de</strong> leitura <strong>de</strong> textos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>;<br />

que é um <strong>de</strong>srespeito oferecer textos sem qualida<strong>de</strong> àquele que está apren<strong>de</strong>ndo a ler; que esse conceito <strong>de</strong><br />

textos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> compreen<strong>de</strong> os aspectos visuais, as ilustrações e o projeto gráfico, como partes importantes<br />

da unida<strong>de</strong> livro/objeto; que ler – palavras e imagens – constitui-se um processo único, inesgotável e<br />

interminável, como ato da recriação humana.<br />

Como educadores, sabemos também que atenção e afeto são <strong>de</strong>terminantes para a qualida<strong>de</strong> da relação<br />

entre o adulto e a criança refletindo, diretamente, na aprendizagem das crianças. E que educação é<br />

interferência consciente <strong>de</strong> alguém sobre alguém.<br />

Felizmente, já vai longe o tempo em que confundíamos autoritarismo com autorida<strong>de</strong>. Hoje, temos<br />

clareza <strong>de</strong> que a função educativa tem uma autorida<strong>de</strong> e que, para exercê-la e po<strong>de</strong>r fazer o uso competente<br />

<strong>de</strong>ssa autorida<strong>de</strong>, é necessário ser estudioso, ser um leitor ávido sobre vários assuntos.<br />

Como estudiosos e pesquisadores, nós, professores e educadores, <strong>de</strong>vemos rejeitar a afirmação com<br />

que iniciamos este texto, que só tem contribuído para camuflar e encobrir a análise da falta <strong>de</strong> interesse dos<br />

alunos pela leitura e, em particular, pela leitura literária. Antes <strong>de</strong> emitir conclusões apressadas, sobre porque<br />

as nossas crianças não se interessam por literatura, vamos nos perguntar se nós mesmos somos leitores<br />

<strong>de</strong> literatura.<br />

A criança, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que nasce, busca imitar o adulto. Assim, ela emite sons e apren<strong>de</strong> a falar. Assim,<br />

ela começa a andar e a brincar. Da mesma forma, se os adultos à sua volta só vêem televisão e não lêem<br />

habitualmente, a tendência da criança é a <strong>de</strong> imitá-los, só vendo televisão e não se interessando pela leitura.<br />

Se os adultos responsáveis pelas crianças não as orientam a selecionar os programas, e se não conversam<br />

com elas sobre a programação da <strong>TV</strong>, preferindo <strong>de</strong>ixá-las sozinhas à frente da telinha, não é a televisão<br />

que merece a culpa pelo uso exagerado ou indiscriminado que as crianças fazem <strong>de</strong>la, mas os adultos responsáveis<br />

por elas.<br />

Quanto a gostar ou não <strong>de</strong> ler, dá-se o mesmo. Como esperar que crianças e jovens sejam leitores<br />

quando, além dos pais, nós, os professores, também não lemos com a freqüência que <strong>de</strong>veríamos, exigindo<br />

<strong>de</strong>les algo que não praticamos?<br />

A atenção e o afeto que o adulto tem a obrigação <strong>de</strong> <strong>de</strong>dicar às crianças também <strong>de</strong>ve se expressar nos<br />

momentos <strong>de</strong> lazer inteligente partilhado com elas. Lobato nos ensinou esse diálogo. Basta ler os seus livros<br />

para <strong>de</strong>scobrir os caminhos originais e o gosto das crianças e, para apren<strong>de</strong>rmos, assim, como conversar<br />

com elas.<br />

A criança valoriza o convite <strong>de</strong> um adulto para escutar uma história lida porque a linguagem do carinho<br />

e do amor não tem ida<strong>de</strong>. Ler junto é dar atenção e afeto também. Ler junto é um carinho que fica<br />

para toda a vida. A voz humana narrando fantasias e emoções, entra no coração e fica na imaginação <strong>de</strong> cada<br />

filho/aluno acarinhado e amado, <strong>de</strong> maneira única, transformando-a na herança mais preciosa que po<strong>de</strong>mos<br />

<strong>de</strong>ixar para as gerações novas.<br />

Quando o adulto escolhe ver junto um programa <strong>de</strong> <strong>TV</strong> e conversa sobre o que ambos estão assistindo,<br />

a criança terá muito mais chances <strong>de</strong> ser uma telespectadora crítica e não passiva da televisão e <strong>de</strong> outros<br />

espetáculos, pois, a atenção <strong>de</strong>dicada a ela tem um significado importante e ela é capaz <strong>de</strong> perceber e<br />

sentir isto.<br />

Não há como ignorar a importância da televisão na vida cultural brasileira e das nossas crianças. Como<br />

educadores <strong>de</strong>vemos, cada vez mais, procurar conhecê-la e integrá-la, <strong>de</strong> maneira inteligente e produtiva,<br />

na vida coletiva da escola, contribuindo para que crianças e jovens se tornem telespectadores críticos como<br />

também para a orientação <strong>de</strong> seus familiares.<br />

Praticas <strong>de</strong> <strong>Leitura</strong> e <strong>Escrita</strong><br />

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