Práticas de Leitura e Escrita - TV Escola
Práticas de Leitura e Escrita - TV Escola
Práticas de Leitura e Escrita - TV Escola
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
versos dizem o que ele está fazendo e o quinto verso é reservado ao aparecimento <strong>de</strong> um epíteto final, geralmente<br />
extravagante. Vejamos um “limerique” <strong>de</strong> Lear: Uma vez um médico <strong>de</strong> Mococa/ queria tirar amígdalas da muriçoca/ o inseto<br />
se revoltou/ e o nariz pinicou/ daquele amigdalítico doutor <strong>de</strong> Mococa.<br />
Além <strong>de</strong> propor uma pequena história, os “limeriques” se caracterizam pelo humor, pelo “nonsense”, pelas<br />
situações maliciosas, engraçadas e absurdas. Tudo é motivo para a criação <strong>de</strong> um “limerique”: um nariz muito gran<strong>de</strong>,<br />
um gordo elefante, uma criança mimada, uma vaca malhada, um fe<strong>de</strong>lho pedante, como dizem seus versos. Com um grupo<br />
<strong>de</strong> pessoas, po<strong>de</strong>mos propor algumas brinca<strong>de</strong>iras.<br />
Começamos pela leitura dos “limeriques”. Lê-los é sempre uma situação <strong>de</strong> novida<strong>de</strong>, um <strong>de</strong>safio, uma nova<br />
<strong>de</strong>scoberta, pelo que eles revelam <strong>de</strong> humor, <strong>de</strong> inusitado, <strong>de</strong> brejeirice. Ler primeiro, quantas vezes forem necessárias,<br />
até chegar a <strong>de</strong>corá-los, se for o caso. Vejamos alguns <strong>de</strong>les, escritos por Tatiana Belinky: 1) Um cara chamado Mariz/<br />
estava com dor no nariz/ vou jogá-lo fora/ falou - e na hora/ fez isso e vive feliz. 2) Ao ver uma velha coroca/ fritando um filé <strong>de</strong><br />
minhoca/ o Zé minhocão/ falou pro irmão/ “não achas melhor ir pra toca?” 3) De volta da festa <strong>de</strong> arromba/ soltando fumaça da<br />
tromba/ um gordo elefante/ marchava importante/ pensando que era uma bomba. 4) Um moço chamado Hipólito/ achou seu nome<br />
insólito/ pensou, repensou/ e o nome mudou/ pra Tripo<strong>de</strong>glutifrutólito.<br />
Sem seguir à risca a estrutura inglesa dos “limeriques” e buscando formas alternativas na estrutura, propus o<br />
seguinte, para um grupo <strong>de</strong> alunos. Elaborei cinco perguntas: Quem? Fez o quê? On<strong>de</strong>? Quando? Por quê? Sanfonei<br />
um papel sulfite e em cada face, no alto, escrevi estas perguntas. Foram formados grupos <strong>de</strong> cinco alunos, cada aluno<br />
escreveria um verso ao respon<strong>de</strong>r uma das perguntas e, assim, comporíamos a estrofe. Um aluno respondia à primeira<br />
pergunta: Quem? Dobrava a face do papel que continha esta pergunta, passava para o outro, sem que o outro<br />
visse a resposta <strong>de</strong>le, outro respondia à segunda: Fez o quê? E assim sucessivamente, até chegar à quinta pergunta,<br />
po<strong>de</strong>ndo fazer isso várias vezes até esgotar o espaço do papel. Quando todas as respostas estavam respondidas, era<br />
a hora <strong>de</strong> lê-las para o grupo.<br />
Fazendo estas leituras, a situação que se via era, muitas vezes, <strong>de</strong> uma seqüência <strong>de</strong>sconexa das idéias contidas<br />
nos versos, mesmo porque mantemos as estruturas métricas com muita liberda<strong>de</strong>, sem ainda nos preocupar com<br />
a correspondência entre as rimas. Isto viria <strong>de</strong>pois. E, sem querer limitar as possibilida<strong>de</strong>s do absurdo, seguimos<br />
lendo. Vejamos alguns exemplos:<br />
Praticas <strong>de</strong> <strong>Leitura</strong> e <strong>Escrita</strong><br />
1<br />
Sansão<br />
Andou até Marte<br />
On<strong>de</strong> a baleia per<strong>de</strong>u a cauda<br />
Quando o Sol per<strong>de</strong>u seu brilho<br />
Porque anoiteceu e a Lua adormeceu<br />
2<br />
Joselito<br />
Jogou a casca da banana<br />
Na barraca da praia<br />
Quando amanheceu<br />
Porque queria com o tio andar <strong>de</strong> navio<br />
3<br />
João<br />
Pulou do prédio<br />
No Japão<br />
Quando a terra secou<br />
Porque passou o dia triste<br />
1<br />
Sansão<br />
Voou até Marte<br />
On<strong>de</strong> a baleia fez uma arte<br />
E o sol per<strong>de</strong> seu brilho<br />
Porque anoiteceu e a lua teve um enfarte<br />
2<br />
Joselito<br />
Comeu rápido sua banana<br />
Na praia <strong>de</strong> Copacabana<br />
Quando amanheceu<br />
Porque queria andar <strong>de</strong> navio com o Dirceu<br />
3<br />
João<br />
Pulou do prédio<br />
No Japão<br />
Quando a terra tremeu<br />
Porque João estava com tédio<br />
141