16.04.2013 Views

Práticas de Leitura e Escrita - TV Escola

Práticas de Leitura e Escrita - TV Escola

Práticas de Leitura e Escrita - TV Escola

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

e cooperação, sobressaindo assim, o espírito coletivo em <strong>de</strong>trimento do individualismo. Sua recente obra intitulada “Mas que<br />

festa!”, mostra-nos um pouco <strong>de</strong> nossa diversida<strong>de</strong> cultural, assim como o já “clássico” “Menina bonita do laço <strong>de</strong> fita”.<br />

No conto “A moça tecelã”, <strong>de</strong> Marina Colasanti, do livro “Doze reis e a moça do labirinto do vento”, há o<br />

questionamento do mito <strong>de</strong> que o casamento resolve o problema da solidão da mulher e a submissão aos padrões<br />

comportamentais estabelecidos pela socieda<strong>de</strong>. Ao tecer o tapete, a moça constrói e reconstrói a sua vida.<br />

Ruth Rocha, em “Procurando firme”, apresenta situações que também po<strong>de</strong>m ser discutidas sobre a questão<br />

da educação diferenciada homem/mulher.<br />

Alguns autores tratam com muita sensibilida<strong>de</strong> e visão crítica os excluídos pela socieda<strong>de</strong>. Paula Saldanha,<br />

em “O praça quinze”, mostra a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> meninos que vivem nas ruas, mesclando realida<strong>de</strong> e fantasia. Roseana<br />

Murray apresenta os direitos da criança e do adolescente num texto bastante poético.<br />

“Entrevidas”, também <strong>de</strong> Paula Saldanha, “Coisas <strong>de</strong> Menino”, <strong>de</strong> Eliane Ganen, “Rosarito”, “Rosa-choque”, “Zé Beleza” e<br />

“Nus, como no Pontal”, <strong>de</strong> Terezinha Éboli, nos mostram um Brasil geralmente ocultado pela escrita literária mais tradicional.<br />

Trazendo nossa pesquisa para um período mais recente (década <strong>de</strong> 90) encontramos diversos títulos por meio<br />

dos quais os professores po<strong>de</strong>m abordar a questão da pluralida<strong>de</strong> cultural. São exemplos:<br />

“Uma história só para mim”, <strong>de</strong> Moacyr Scliar; “Mulher que bicho é esse”, <strong>de</strong> Lia Zatz; “Meus vários quinze<br />

anos”, <strong>de</strong> Sylvia Orthof; “Felicida<strong>de</strong> não tem cor”, <strong>de</strong> Júlio Emílio Brás; “Preto e branco”, <strong>de</strong> Milton Camargo; “Nó na<br />

garganta”, <strong>de</strong> Mirna Pisky; “Uma vitória diferente”, <strong>de</strong> Marcos Bagno; “O povo Pataxó e suas histórias”, <strong>de</strong> Angthichay<br />

Pataxó e outros; “Meu livro <strong>de</strong> folclore”, <strong>de</strong> Ricardo Azevedo.<br />

Estes e muitos outros títulos <strong>de</strong> literatura para crianças e jovens abordam questões <strong>de</strong> gênero, falam sobre as diferentes<br />

etnias, discutem questões sociais, falam <strong>de</strong> preconceitos, enfim, apresentam múltiplas expressões culturais do povo brasileiro.<br />

3.5.4. Algumas consi<strong>de</strong>rações<br />

A pluralida<strong>de</strong> cultural presente em nossa mo<strong>de</strong>rna literatura infanto-juvenil po<strong>de</strong>rá chegar ao nosso aluno através<br />

do texto literário <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, do texto que o leve a formulações <strong>de</strong> perguntas e a indagações, que não apresente estereótipos<br />

como ponto <strong>de</strong> partida, que não fira a ética e a estética. Esta literatura não será ponto <strong>de</strong> chegada e sim ponto <strong>de</strong><br />

partida para outras leituras, outras indagações, e também, a <strong>de</strong>scobertas <strong>de</strong> outras situações cada vez mais inesperadas.<br />

Essa literatura <strong>de</strong>verá fazer pensar, questionar, <strong>de</strong>cifrar e interrogar e, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> nos exigir algum esforço, nos fará sair<br />

<strong>de</strong>la diferentes, transformados <strong>de</strong> alguma forma. E para nos transformar, <strong>de</strong>verá nos atrair, viver <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> nós.<br />

Gianni Rodari, no belíssimo “A Gramática da Fantasia”, assinala: “Todos os usos da palavra a todos, parece<br />

um bom lema, sonoramente <strong>de</strong>mocrático. Não exatamente porque todos sejam artistas, mas porque ninguém é<br />

escravo”. O que vem corroborar nossa tese da necessida<strong>de</strong> da leitura <strong>de</strong> bons livros, pois esta é a leitura que nos dá<br />

argumentos para que não nos intimi<strong>de</strong>mos, uma vez que a palavra é um instrumento <strong>de</strong> libertação.<br />

Assim, acreditamos que através da leitura dos livros <strong>de</strong> literatura <strong>de</strong> autores brasileiros, como esses citados,<br />

atingiremos um <strong>de</strong>senvolvimento mais pleno e plural dos indivíduos, com mais consciência da importância <strong>de</strong> sua<br />

participação nas <strong>de</strong>cisões coletivas, contemplando assim os diferentes grupos sociais, étnicos e culturais.<br />

3.5.5. Referências bibliográficas<br />

BELOTI, Elena Gianini. Educar para a submissão. Petrópolis: Vozes, 1995.<br />

BOBIO, Norbert. A era dos direitos. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Campus, 1992.<br />

BRANDÃO, C. R. A. A questão política da educação popular. 2ª edição. São Paulo: Brasiliense, 1981.<br />

BRASIL. Constituição República Fe<strong>de</strong>rativa do Brasil, 1988.<br />

BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei n. 8.069, <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1990.<br />

CASTORIADIS, Cornelius. A intuição imaginária da socieda<strong>de</strong>. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Paz e Terra, 1982.<br />

CHAUÍ, M. Cultura e <strong>de</strong>mocracia. São Paulo: Brasiliense, 1985.<br />

COSTA, Marisa Vorraber. Estudos culturais em educação: mídia, arquitetura, brinquedo, biologia, literatura, cinema.<br />

Porto Alegre: Ed. Universida<strong>de</strong>/ UFRGS, 2000.<br />

LOWENFELD, W. L. Desenvolvimento da capacida<strong>de</strong> criadora. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Mestre Jou, 1977.<br />

MACHADO, Ana Maria. Conversas sobre leitura e política. São Paulo: Editora Ática, 1999.<br />

MELLO, Guiomar Namo <strong>de</strong>. Magistério <strong>de</strong> 1° grau: da competência técnica ao compromisso político. 5ª ed. São Paulo:<br />

Cortez / Autores Associados, 1985.<br />

PENNAC, Daniel. Como um romance. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Rocco, 1993.<br />

RODARI, Gianni. A Gramática da Fantasia. São Paulo: Summus Editorial, 1982.<br />

VYGOSTKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1991.<br />

Praticas <strong>de</strong> <strong>Leitura</strong> e <strong>Escrita</strong><br />

111

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!