projetos de rearranjos sociais: escravos, índios e negociantes nos ...
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Revolução <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência ali ocorrida em 1798, Coutinho uma oportunida<strong>de</strong>, ainda que<br />
volúvel, <strong>de</strong> recru<strong>de</strong>scimento <strong>de</strong> perspectivas aos lavradores, contudo, a Coroa não po<strong>de</strong>ria<br />
onerá-los com excessivas taxações, bem como possibilitar-lhe indicar os preços livremente.<br />
Holanda indica similarida<strong>de</strong> argumentativa com José da Silva Lisboa, notadamente na inter-<br />
relação presente em Coutinho na qual a preservação dos interesses dos lavradores <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ia<br />
benefícios aos consumidores e, por fim para toda a nação. A cada homem cabia tirar o<br />
máximo proveito do seu trabalho, sendo que esta liberda<strong>de</strong> teria <strong>de</strong> servir ao bem comum da<br />
nação. Coutinho notou, por exemplo, a trabalho nas minas como <strong>de</strong>sperdício <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra,<br />
ter-se-ia que haver mais trabalhadores nas lavouras. O Brasil sendo provido <strong>de</strong> abundantes<br />
terras e <strong>escravos</strong>, não te seu comércio internacional <strong>de</strong> açúcar arrefecido. A exploração<br />
ambiciosa das minas <strong>de</strong> ouro ocasionou, pois, além da diminuição da significância do Brasil<br />
no comércio mundial <strong>de</strong> açúcar, a diminuição da marinha.<br />
Holanda nota que as i<strong>de</strong>ais econômicas <strong>de</strong> Coutinho, ainda que próximas das vigentes<br />
da Europa, foram rearranjadas para o contexto do Brasil colonial, conceituado pelo primeiro<br />
autor como formado pelo privilégio <strong>de</strong> uma aristocracia tradicional e feudal da qual Coutinho<br />
integrava. O objetivo do bispo é <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r que o conjunto aristocrático auferisse benefícios cm<br />
a produção agrícola, portanto se opôs às práticas <strong>de</strong> monopólio. Nesse sentido, estão<br />
vinculados os interesses <strong>de</strong> produção, circulação e distribuição da riqueza, estabelecendo-se,<br />
no entendimento <strong>de</strong> Holanda, o livre jogo <strong>de</strong> forças econômicas. Contudo, mencionou o<br />
historiador, não se po<strong>de</strong> atribuir tais argumentos a inspiração em Adam Smith porque o<br />
prelado conheceu a obra A Riqueza das Nações na tradução francesa do final do século XVIII,<br />
<strong>de</strong>vendo-se enten<strong>de</strong>r tais consi<strong>de</strong>rações como a liberda<strong>de</strong> sendo enquadrada <strong>nos</strong> interesses<br />
reiterados dos grupos agrários coloniais. Quando se apoiou em pressupostos smithia<strong>nos</strong>,<br />
assinalou Holanda, proce<strong>de</strong> uma leitura confusa, por exemplo em Discurso sobre o estado das<br />
minas do Brasil, <strong>de</strong> 1804, afirma serem precários os valores estipulados para os metais<br />
preciosos, mas para Holanda tal consi<strong>de</strong>ração po<strong>de</strong>ria ser exposta sem as a recorrência às<br />
premissas do economista escocês. Porém, Coutinho foi consi<strong>de</strong>rado autor conversador pelo<br />
seu tradutor alemão Karl Murhard, para quem existem na obra do bispo distância entre a<br />
vinculação à aristocracia brasileira e as i<strong>de</strong>ias do liberalismo clássico.<br />
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