projetos de rearranjos sociais: escravos, índios e negociantes nos ...
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Introdução<br />
Este trabalho busca aten<strong>de</strong>r a dois objetivos a partir do tema dos discursos sobre a escravidão,<br />
das alterida<strong>de</strong>s em relação aos <strong>índios</strong> e dos <strong>projetos</strong> em favor das ativida<strong>de</strong>s dos <strong>negociantes</strong>,<br />
discursos presentes nas obras <strong>de</strong> José Joaquim da Cunha <strong>de</strong> Azeredo Coutinho (1742-1821),<br />
Bispo <strong>de</strong> Elvas, e José da Silva Lisboa (1756-1835), Viscon<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cairu, ambos nascidos no<br />
Brasil; e do negociante luso-brasileiro Antonio Vieira dos Santos (1784-1854). Inicia-se<br />
através das aproximações entre obras que analisaram os autores supracitados, <strong>de</strong> modo que,<br />
através <strong>de</strong>sta revisão bibliográfica, buscaram-se oferecer, junto às possibilida<strong>de</strong>s<br />
interpretativas, informações biográficas porque, é um argumento orientador <strong>de</strong>stas<br />
consi<strong>de</strong>rações, autor e obras <strong>de</strong>mandam ser analisados conjuntamente, inseridos em um<br />
contexto. Nesse sentido, as <strong>de</strong>scrições factuais complementam, seja <strong>nos</strong> argumentos presentes<br />
na bibliografia, seja nas propostas das análises aqui expostas, todo o arcabouço<br />
epistemológico. O segundo objetivo consiste em analisar dois textos <strong>de</strong> Silva Lisboa, dois<br />
textos do Bispo Coutinho <strong>nos</strong> quais discorreram, para além da questão da escravidão e do<br />
tráfico, sobre concepções <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> no trabalho, <strong>de</strong>veres <strong>sociais</strong> e relações colônia-<br />
metrópole, e um livro <strong>de</strong> Vieira dos Santos. Ainda, dos textos <strong>de</strong> Azeredo Coutinho<br />
privilegiou-se aqui as atenções acerca dos <strong>índios</strong>, as formas que estes <strong>de</strong>veriam ser<br />
incorporados na socieda<strong>de</strong> colonial brasileira tornarem-se contributivos às relações<br />
metrópole-colônia.<br />
Em Silva Lisboa houve verificações concernentes à imagem do negociante construída<br />
pelo escritor baiano, <strong>de</strong> modo que, a exemplo das assertivas <strong>de</strong> Coutinho sobre os <strong>índios</strong>,<br />
apresentam-se como alternativas para a metrópole exercer o domínio sobre a colônia em uma<br />
perspectiva <strong>de</strong> <strong>rearranjos</strong> <strong>de</strong> relações. Vieira dos Santos, cuja obra foi escrita em meados do<br />
século XIX, foi um negociante e analisamos este autor pela sua condição <strong>de</strong> exercer ativida<strong>de</strong><br />
profissional em uma cida<strong>de</strong> na qual a ativida<strong>de</strong> mercantil, mesmo restrita à elite, é o que<br />
também se intenta <strong>de</strong>monstrar, concentrava as maiores escravarias. Em Vieira dos Santos,<br />
pois, ocorre a confluência <strong>de</strong> alterida<strong>de</strong>s sobre <strong>índios</strong> e <strong>escravos</strong>, naturalização da escravidão,<br />
bem como se apresenta a sua narrativa como uma memória das ativida<strong>de</strong>s mercantis e<br />
políticas, ambas exercidas pelos <strong>negociantes</strong>.<br />
Enten<strong>de</strong>-se Azeredo Coutinho e Silva Lisboa como inseridos no contexto dos luso-<br />
brasileiros os quais assumiram a experiência do iluminismo português – com sensíveis<br />
diferenças em relação ao Iluminismo que vigeu <strong>nos</strong> <strong>de</strong>mais países da Europa – bem como se<br />
insere a relação entre Coutinho e Vieira dos Santos através da trajetória <strong>de</strong> Silva Lisboa,<br />
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