projetos de rearranjos sociais: escravos, índios e negociantes nos ...
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discernir o bom; bonda<strong>de</strong> para amá-lo; - força para o estabelecer, e fazer respeitar. A este po<strong>de</strong>r dá-se o nome <strong>de</strong><br />
Soberania. O Soberano é quem protege, quem salva 20 .<br />
Estas asserções sugerem, para o autor, que em Silva Lisboa o progresso econômico ou<br />
as transformações <strong>sociais</strong> são possíveis apenas através da or<strong>de</strong>m estabelecida pelo monarca,<br />
<strong>de</strong> modo que os progressos são passam pela supervisão, não afluem como espontaneida<strong>de</strong>s<br />
marginais a um po<strong>de</strong>r central. Tecido social – suas recaracterizações – não escapam ao tecido<br />
moral forjados pela honra e gran<strong>de</strong>za do soberano. O moralismo <strong>de</strong> Silva Lisboa é percebido<br />
por Montenegro como análogo ao conservadorismo, ao elitismo e ao autoritarismo que<br />
permeiam a obra do autor baiano. Estes aspectos não notados porque o soberano sendo bom e<br />
sábio para proteger os homens bons, protegerá os privilégios dos grupos <strong>sociais</strong> dominantes,<br />
aqueles que assumem a condição <strong>de</strong> proprietários. A bonda<strong>de</strong> é lida por Montenegro como a<br />
permissivida<strong>de</strong> do soberano em consentir a dominação, pelos homens ricos, das estruturas<br />
socioeconômicas do Estado, manipulando-as em proveito do seu grupo. A proscrição, em<br />
Silva Lisboa, concebe-se também porque para este autor a ignorância é um avilte, condição <strong>de</strong><br />
exclusão social, on<strong>de</strong> os que se reúnem sob esta assertiva são os não proprietários, afastados<br />
das estruturas do po<strong>de</strong>r.<br />
5.2 Po<strong>de</strong>res temporal e espiritual: uma conciliação em Silva Lisboa<br />
As tentativas <strong>de</strong> conciliar o Estado Nacional à Igreja Católica são indícios, para<br />
Montenegro, <strong>de</strong> uma fórmula reacionária, observada em Portugal, pautada pela sacralização<br />
dos interesses da Monarquia. Tentava-se, por conseguinte, manter a or<strong>de</strong>m social, o controle<br />
sobre as transformações socioeconômicas, tendo-se o moralismo e o legalismo como<br />
argumentos. Sem a Monarquia e a Igreja vislumbra-se o caos, a iniqüida<strong>de</strong> ateia, bem como<br />
representaria a ascensão das socieda<strong>de</strong>s secretas, vistas por Silva Lisboa como planejadoras<br />
da <strong>de</strong>rrocada do Altar e do Trono. O catolicismo institucionalizado, pois, era, no<br />
entendimento <strong>de</strong> Montenegro, uma pretensão <strong>de</strong> Silva Lisboa. Os vocábulos que predominam<br />
nessas relações entre Estado e Igreja, em Silva Lisboa, são ignorância e instrução.<br />
A instrução, como mencionado acima, é a exclusão, uma forma <strong>de</strong> proscrição social,<br />
enquanto a instrução é uma razão que perpassa da orientação política, embasando <strong>de</strong>s<strong>de</strong> uma<br />
razão monárquica às autorida<strong>de</strong>s e obediências feudais, tais como a fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong>. Instruir-se<br />
através <strong>de</strong> princípios cristãos e pela subserviência ao Estado. Quando se conhece as estruturas<br />
20 LISBOA, José da Silva. Honra do Brasil <strong>de</strong>safrontada <strong>de</strong> insultos da astreia espadaxina. n. 3., p. 12. In:<br />
MONTENEGRO, João Alfredo <strong>de</strong> Souza. Op. Cit., p. 290.<br />
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