projetos de rearranjos sociais: escravos, índios e negociantes nos ...
projetos de rearranjos sociais: escravos, índios e negociantes nos ...
projetos de rearranjos sociais: escravos, índios e negociantes nos ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
solicitação, por exemplo, ou informação sobre a administração militar ou legislativa. No texto<br />
<strong>de</strong> Vieira dos Santos os conflitos locais entre autorida<strong>de</strong>s paulistas e os <strong>negociantes</strong> investidos<br />
<strong>de</strong> mandatos na Câmara ou patentes militares incita-o a aproximar as diferentes or<strong>de</strong>ns da<br />
burocracia provincial, querendo-se, <strong>de</strong>ssa forma, fundamentar a historicida<strong>de</strong> contestadora e<br />
industriosa dos <strong>negociantes</strong>. Ainda, os <strong>negociantes</strong> aparecem naquelas narrativas históricas na<br />
posição filantropa. Em 1831, informa Vieira dos Santos, instalou-se a Socieda<strong>de</strong> Patriótica<br />
dos Defensores da In<strong>de</strong>pendência e Liberda<strong>de</strong> Constitucional. Dentre os quarenta e oito<br />
fundadores, constam os principais proprietários arrolados pelo autor, a exemplo <strong>de</strong> Joaquim<br />
Américo Guimarães e Leandro José da Costa, bem como <strong>de</strong>tentores das principais patentes<br />
militares naquela vila, citando-se o tenente-coronel Manoel Francisco Correa, cujo filho,<br />
Manoel Francisco Correa Júnior, teve aprovada a proposta <strong>de</strong> transformação <strong>de</strong> instituição em<br />
Irmanda<strong>de</strong> da Santa Casa <strong>de</strong> Misericórdia. Vieira dos Santos vaticina a duração secular <strong>de</strong>sta<br />
e reproduz o discurso <strong>de</strong> Correa Júnior:<br />
Senhores. O <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> ser útil à minha pátria, moveu-me a que promovesse com toda a energia e patriotismo a<br />
criação <strong>de</strong>sta socieda<strong>de</strong> o que felizmente consegui em tempos calamitosos, e que uma restauração aborrecida ou<br />
uma perfeita oligarquia ameaçava o <strong>nos</strong>so solo, <strong>de</strong>pois do glorioso 7 <strong>de</strong> abril; porém hoje, graças à Providência<br />
não há que temer estes resultados mesmo por estar convencido <strong>de</strong> que, quando a pátria exija <strong>de</strong> novo <strong>nos</strong><br />
associaremos para <strong>de</strong>belar o espírito da intriga e da tirania, ou <strong>de</strong> anarquia que porventura haja <strong>de</strong> aparecer em<br />
<strong>nos</strong>so abençoado Brasil e que o mesmo juramento que prestamos na ocasião <strong>de</strong> <strong>nos</strong>sa entrada, será sempre aquilo<br />
que <strong>nos</strong> guiará em toda a ocasião que a pátria reclame 87 .<br />
Correa Júnior é conceituado pelo autor como atento às <strong>de</strong>mandas <strong>sociais</strong> <strong>de</strong> Paranaguá<br />
e do Estado Brasileiro. Inventaria as representações do tenente-coronel junto ao Governo da<br />
Província, sobretudo em favor da causa da emancipação da Comarca e proposição em integrar<br />
<strong>de</strong>stacamento militar para a <strong>de</strong>fesa das fronteiras do Estado nacional. Correa Júnior, em Vieira<br />
dos Santos, afigura-se como a representação das ações <strong>sociais</strong> <strong>de</strong> uma elite. A partir das cartas<br />
envidas pela Câmara <strong>de</strong> Paranaguá ao Governo da Província expostas por Vieira dos Santos,<br />
tem-se a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> observar-se como esta elite apresenta a socieda<strong>de</strong> litorânea da<br />
Comarca e em quais termos avalia sua atuação administrativa. Em representação ao governo<br />
paulista, em 1834, os vereadores <strong>de</strong> Paranaguá justificam a pretensão da emancipação da<br />
Comarca e <strong>de</strong> tornar Paranaguá capital da futura Província, sob a exposição porque àquela<br />
vila afluiria as vultosas transações comerciais, o crescimento urbano e a circulação <strong>de</strong><br />
capitalistas estrangeiros. Quanto aos <strong>de</strong>mais grupos <strong>sociais</strong>, menciona-se apenas os selvagens,<br />
que, na suposição das autorida<strong>de</strong>s, alcançando-se quarenta mil nessa categoria. Em ofício ao<br />
imperador D. Pedro II, em 1843, os vereadores reiteram a solicitação da emancipação e<br />
87 I<strong>de</strong>m, p. 265.<br />
83