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projetos de rearranjos sociais: escravos, índios e negociantes nos ...

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pelos <strong>negociantes</strong>, ou seja, autorida<strong>de</strong>s políticas, autorida<strong>de</strong> militares e <strong>negociantes</strong><br />

possuidores <strong>de</strong> <strong>escravos</strong>.<br />

Em 1826, contudo, Manoel Antonio Pereira enviou ofício ao imperador. Conforme a<br />

transcrição abaixo, à dádiva <strong>de</strong>terminada aos <strong>escravos</strong> por D. Pedro I sobrepôs-se dádiva<br />

consoante os interesses do proprietário dos cativos. Ainda, como se buscará analisar, a<br />

narrativa <strong>de</strong> Vieira dos Santos não aponta um conflito <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>, porque, ainda no ano <strong>de</strong><br />

1826, Manoel Antonio Pereira, autorida<strong>de</strong> da Vila <strong>de</strong> Paranaguá, reiteraria suas comunicações<br />

com os gover<strong>nos</strong> imperial e provincial.<br />

Il.mo e Ex.mo Senhor. Recebi o ofício <strong>de</strong> V. Excelência <strong>de</strong> 5 do corrente em o qual me faz certo <strong>de</strong> que sete<br />

<strong>escravos</strong> meus e <strong>de</strong> Leandro José da Costa, pela ação <strong>de</strong> retomarem a sumaca Aurora e salvaram os interesses <strong>de</strong><br />

seus do<strong>nos</strong> e carregadores, das mãos dos piratas, <strong>de</strong>ve-se-lhes conferir liberda<strong>de</strong>, acrescendo que cada um dos<br />

carregadores <strong>de</strong>ve prestar provata para o referido fim, e no mais do conteúdo do citado ofício fico certo e<br />

pedindo a V. Excelência respeitosa vênia, respondo que seria bastante extenso assinalar por miúdo o<br />

acontecimento <strong>de</strong>ste fato, basta dizer a V. Excelência que, possuído <strong>de</strong> satisfação por tal motivo, tencionei logo<br />

libertar os que me pertenciam, e por motivo e outros projetaram um barulho que felizmente se atalhou e dos<br />

muitos roubos que fizeram em mercadorias minhas, e <strong>de</strong> diferentes marcas não o fiz, e os conservo presos para<br />

os remeter para o serviço do arsenal ou da esquadra, ficando-me o direito senhorio; quanto os <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong><br />

alheia nada posso fazer, e só gratificá-los com o que me for possível, e pela relação junta verá V. Excelência os<br />

nomes a quem pertencem os <strong>escravos</strong>. De outra relação também junta, conhecerá V. Excelência os nomes dos<br />

carregadores <strong>de</strong> diferentes distritos on<strong>de</strong> resi<strong>de</strong>m, sendo os primeiros que tenham fazendas, carregados na<br />

sumaca para a referida Aurora e os outros com a <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> transbordadas da sumaca Menália, para a referida<br />

Aurora, única embarcação que no mesmo dia apresaram, e por conseguinte transpassaram as fazendas as quais os<br />

carregadores por suas marcas receberam as que aprecia, havendo um tudo bastaste prejuízo. Eu, Ex.mo Senhor,<br />

<strong>de</strong> meu voto próprio, abri um pequena subscrição voluntária entre os carregadores para gratificarmos aos<br />

<strong>escravos</strong>, a qual uns prontamente <strong>de</strong>ram, e outros se negaram a ela; e alguns, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> prometerem ridículas<br />

quantias, ainda mesmo não contribuíram com elas, como V. Excelência verá da carta junta, sendo aquele que<br />

recebeu maior interesse. À vista do que, me é dificultoso fazer agora nova reunião para todos nós em rateio para<br />

o fim que V. Excelência or<strong>de</strong>na, e por isso encarecidamente rogo a V. Excelência que com a sua costumada<br />

justiça e prudência digne-se a cometer esta comissão a qualquer outra autorida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta Vila ou Comarca, que<br />

livre <strong>de</strong> não Ter interesses embarcados na dita sumaca, melhor do que eu possa <strong>de</strong>sempenhar imparcialmente e<br />

obre certificando somente a V. Excelência que a serviço algum me nego, e prontamente me sujeito como súdito<br />

obediente às acertadas or<strong>de</strong>ns que V. Excelência, Il.mo Senhor, estes <strong>escravos</strong> já receberam pela subscrição o<br />

primeiro 40$ réis; o segundo 30$ mil réis, e os mais a 20$ mil réis, além <strong>de</strong> outros agrados que lhe tenham feito e<br />

pretendo fazer, porém o barulho que eles projetaram com os da terra e contra a minha e outras pessoas que<br />

felizmente se atalhou, me <strong>de</strong>sgostaram que os não quero ver nessa. Deus guar<strong>de</strong> a V. Excelência por muitos<br />

a<strong>nos</strong>. Paranaguá, 30 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1826. Il.mo e Ex.mo Senhor Presi<strong>de</strong>nte da Província, Barão <strong>de</strong> Congonhas do<br />

Campo 83 .<br />

O ofício <strong>de</strong> Manoel Antonio Pereira dirigia-se ao Presi<strong>de</strong>nte da Província <strong>de</strong> São Paulo<br />

e consistia no segundo enviado a esta autorida<strong>de</strong> acerca do conflito nas embarcações. Vieira<br />

dos Santos, na construção narrativa, situa em diferentes partes a recepção da notícia pelo<br />

imperador e as versões do capitão-mor <strong>de</strong> Paranaguá. No conjunto <strong>de</strong> cartas remetidas à São<br />

Paulo por Manoel Antonio Pereira, Vieira dos Santos selecionou informação das relações, a<br />

partir do ano <strong>de</strong> 1832, do capitão e o governo provincial. Os <strong>escravos</strong>, ao mesmo tempo em<br />

que teriam atuado contra os invasores, seriam receptores <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconfianças para com possíveis<br />

83 I<strong>de</strong>m, vol. 2, p. 331-332.<br />

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