projetos de rearranjos sociais: escravos, índios e negociantes nos ...
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Na vereança <strong>de</strong> 12 <strong>de</strong> outubro, a Câmara fez ato solene para aclamar o “Príncipe Real<br />
e Sereníssimo Senhor D. Pedro <strong>de</strong> Alcântara 1º Imperador do Brasil” 69 , segundo Vieira dos<br />
Santos. Compuseram o evento, o Ouvidor da Comarca e o Juiz <strong>de</strong> Fora, <strong>de</strong>mais autorida<strong>de</strong>s<br />
civis e eclesiásticas, e o povo. Após a solenida<strong>de</strong> na Câmara, celebrou-se na Igreja Matriz o<br />
Te Deum laudamus, e, povo e tropa, com entusiasmo, na avaliação do autor, prosseguiram nas<br />
<strong>de</strong>monstrações <strong>de</strong> júbilo pela In<strong>de</strong>pendência. Dos presentes na sessão da Câmara, assinaram a<br />
ata as autorida<strong>de</strong>s civis, eclesiásticas, militares, or<strong>de</strong>nanças e nobreza, em número <strong>de</strong> setenta e<br />
seis pessoas. Na vereança do dia seguinte, 13 <strong>de</strong> outubro, finalizaram-se as homenagens ao<br />
monarca, à In<strong>de</strong>pendência e à Santa Religião. O novo governante, da <strong>de</strong>scendência dos<br />
Bragança, e o catolicismo como permeável entre dois contextos – a colônia e o Império –<br />
<strong>de</strong>monstram os tratos, pela elite <strong>de</strong> Paranaguá, das continuida<strong>de</strong>s e rupturas, atuando para a<br />
permanência <strong>de</strong> uma lógica <strong>de</strong> inter<strong>de</strong>pendências hierárquicas.<br />
9.1 Narração sobre a população no século XIX<br />
Entre os séculos XVIII e XIX a Coroa portuguesa <strong>de</strong>terminou a feitura <strong>de</strong> censos no<br />
Brasil colonial e, segundo Maria Luiza Marcílio, po<strong>de</strong>-se dividir em três momentos a<br />
produção <strong>de</strong> mapeamentos populacionais no Brasil. De 1765 a 1797 observou-se a primeiro<br />
momento, conceituado pela autora como “pré-estatístico”, o segundo momento, entre os a<strong>nos</strong><br />
1797 e 1830 seria a o “proto-estatístico” e, por fim, no terceiro momento, entre 1830 e 1872,<br />
produzir-se-iam os censos estatísticos. No primeiro momento os cálculos dos censos eram,<br />
apenas, estimativas grosseiras, no entendimento da autora. A Coroa recorreu, nesta fase<br />
incipiente, aos documentos das igrejas e companhias <strong>de</strong> or<strong>de</strong>nanças, bem como os integrantes<br />
<strong>de</strong>stas duas instituições, conhecedores da geografia e mantenedores <strong>de</strong> contatos com os<br />
moradores, tornaram-se agentes favoráveis no objetivo metropolitano em apurar o<br />
conhecimento <strong>de</strong> seus domínios, notadamente no contexto da política mercantilista.<br />
Ao lado dos objetivos econômicos, portanto, propiciou-se o recrutamento dos homens<br />
nas companhias milicianas, <strong>de</strong> modo a auferir-se outro projeto português: a <strong>de</strong>fesa e<br />
povoamento do território. São, da mesma maneira, escassos os registros <strong>de</strong> batismo,<br />
casamento e óbitos 70 . No segundo momento, percebe-se o aperfeiçoamento dos censos porque<br />
69 SANTOS, Antonio Vieira dos. Op. Cit., p. 242.<br />
70 Sobre as estratégias da Coroa Portuguesa para consolidar a orientação política colonial a partir da utilização<br />
da conformação militar das or<strong>de</strong>nanças, bem como das estratégias das elites locais em pertencerem a estas<br />
companhias e auferirem a posição, por exemplo, <strong>de</strong> mediadores <strong>de</strong> conflitos nas jurisdições coloniais, criandose,<br />
assim, uma concepção administrativa corporativa, ver: FIGUEIREDO, C.F.P. Os corpos <strong>de</strong> Or<strong>de</strong>nanças <strong>de</strong><br />
Auxiliares. Sobre As relações militares e políticas na América Portuguesa. In: HISTÓRIA: QUESTÕES E<br />
DEBATES, Curitiba, n. 45, p. 29-46, 2006. Editora UFPR.<br />
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