projetos de rearranjos sociais: escravos, índios e negociantes nos ...
projetos de rearranjos sociais: escravos, índios e negociantes nos ...
projetos de rearranjos sociais: escravos, índios e negociantes nos ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
entre o passado e o presente sobre as mudanças <strong>sociais</strong>, formas <strong>de</strong> Estado, regimes<br />
econômicos, <strong>de</strong>mais grupos <strong>sociais</strong> eram, ora integrados nestes <strong>projetos</strong>, ora relegados por<br />
neles não vislumbrarem funções <strong>sociais</strong>.<br />
É o caso dos indígenas e <strong>escravos</strong>. Se não incorporados à socieda<strong>de</strong>, como perpassam<br />
os textos <strong>de</strong> Coutinho e dos <strong>projetos</strong> <strong>de</strong> domesticação pelos <strong>negociantes</strong> em Vieira dos Santos,<br />
seriam bárbaros viventes das matas, apenas observados como as permanentes ameaças às<br />
perspectivas <strong>de</strong> expansão econômicas das elites locais. Dos <strong>escravos</strong>, Coutinho e Silva Lisboa<br />
discordam, por exemplo, do resgate, justificada pelo primeiro enquanto função moral, mas<br />
apontada pelo segundo como dispendiosa e em responsável pelas instabilida<strong>de</strong>s <strong>nos</strong> <strong>projetos</strong><br />
mercantis. Porém, no Brasil, pelas múltiplas condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminismo, o escravismo<br />
<strong>de</strong>veria continuar. Em Vieira dos Santos, a repressão aos <strong>escravos</strong> é forma <strong>de</strong> aliança<br />
contextuais entre elites das vilas litorâneas. O Estado que perpassa os textos <strong>de</strong>stes autores,<br />
portanto, é concebido como proveniente e corporativo. Do primeiro aspecto <strong>de</strong>corre das<br />
políticas para manter-se a or<strong>de</strong>m social, através das relações <strong>de</strong> reciprocida<strong>de</strong>. Conce<strong>de</strong>ndo-<br />
se, no caso dos escritos <strong>de</strong> Silva Lisboa, <strong>de</strong> benefícios econômicos aos grupos comerciais à<br />
subsídios para a salubrida<strong>de</strong> do tráfico <strong>de</strong> <strong>escravos</strong>, os contentamentos das pretensões<br />
hierárquicas iriam impedir sublevações. O corporativismo é a proposta <strong>de</strong> aprazer-se as<br />
<strong>de</strong>mandas <strong>de</strong> ricos e pobres; ao passo que não lhes segregam os interesses, segundo a lição <strong>de</strong><br />
Silva Lisboa, realizar-se-ia da ampliação <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendências econômicas internas e a<br />
burocracia, ampliando-se, recrutaria elementos coloniais <strong>de</strong> diferentes segmentos <strong>sociais</strong>, <strong>de</strong><br />
modo a, em diversas escalas, o Estado ditar a percepção da totalida<strong>de</strong> social.<br />
Nestes <strong>projetos</strong> <strong>de</strong> <strong>rearranjos</strong> <strong>sociais</strong>, a alterida<strong>de</strong> é o significado conferido aos grupos<br />
que, <strong>nos</strong> novos dilemas <strong>de</strong> relações entre indivíduo e socieda<strong>de</strong> e entre instâncias <strong>de</strong><br />
autorida<strong>de</strong>, são, ao mesmo tempo, o entrave para arregimentar a coesão social, mas a<br />
possibilida<strong>de</strong>, ainda que submetida a longo trabalho, <strong>de</strong> civilizar e, incorporando-os na<br />
socieda<strong>de</strong>, o sentido <strong>de</strong> corpo nas multifacetadas composições hierárquicas consolidaria a<br />
percepção <strong>de</strong> conjunto 101 . Não se trata, portanto, <strong>de</strong> afirmar que estes autores teriam<br />
mentalida<strong>de</strong> colonialista, natural à submissão do po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Estado. Antes, quer-se entendê-los<br />
como observadores <strong>de</strong> realida<strong>de</strong>s <strong>sociais</strong> <strong>de</strong>siguais, em cujas instabilida<strong>de</strong>s pretendiam atuar,<br />
mantendo-se a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>, aplainando-as, contudo, nas inter-relações <strong>sociais</strong> que<br />
sustentariam a reprodução <strong>de</strong> hierarquias. Em uma perspectiva relacional, do Estado às<br />
98