19.04.2013 Views

projetos de rearranjos sociais: escravos, índios e negociantes nos ...

projetos de rearranjos sociais: escravos, índios e negociantes nos ...

projetos de rearranjos sociais: escravos, índios e negociantes nos ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

4.1 Reformulações das relações entre colônia-metrópole<br />

Nos capítulos quinto e sexto do Ensaio econômico do comércio <strong>de</strong> Portugal e suas<br />

Colônias Coutinho expõe as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Portugal estimular a incorporação dos<br />

indígenas do Brasil, inserindo-se esta iniciativa na dinâmica do rearranjo das relações da<br />

metrópole e suas colônias. Nesse sentido, Coutinho não se opunha ao pacto colonial; contudo<br />

percebeu a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> conformarem-se interesses entre as elites coloniais e as orientações<br />

políticas e administrativas da monarquia lusa em relação aos domínios ultramari<strong>nos</strong>.<br />

Assim, as alterida<strong>de</strong>s. Dentre as asserções do prelado, expõe-se que se <strong>de</strong>mandava, a<br />

na metrópole, terem como credores integrantes das colônias. Argumenta, pois, que a relação<br />

entre Portugal e as colônias tem <strong>de</strong> orientar-se pelas reciprocida<strong>de</strong>s, tendo aquela assumido o<br />

papel maternal <strong>de</strong> conce<strong>de</strong>r as segurida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>mandadas para estas conversarem suas vidas e<br />

seus bens. Os interesses prescin<strong>de</strong>m ser conciliados e, segundo Coutinho, quanto mais a<br />

metrópole <strong>de</strong>ver às suas colônias mais ela estará mais segura quanto domínio que exerce em<br />

virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> que “o credor sempre olha para o seu <strong>de</strong>vedor como para a sua fazenda; ele<br />

concorre para o seu aumento e não quer jamais arruinar, nem per<strong>de</strong>r <strong>de</strong> vista” 10 . Os<br />

<strong>de</strong>vedores coloniais, em contraposição, procuram o afastamento e, por conseqüência, a<br />

dissolução dos vínculos. O índio, no contexto da reafirmação e alterações <strong>de</strong>stas<br />

reciprocida<strong>de</strong>s, tornar-se-ia a forma <strong>de</strong> elevar-se a produção econômica e <strong>de</strong>flagrar-se, pelos<br />

colo<strong>nos</strong> do Brasil, um processo <strong>de</strong> civilizar selvagens, mas com capacida<strong>de</strong>s produtivas a<br />

serem apuradas. Possibilita-se atentar para como, a partir da alterida<strong>de</strong>, Azeredo Coutinho<br />

estabelece as escalas <strong>de</strong> relacionamentos <strong>de</strong>siguais. No pensamento dos contatos hierárquicos,<br />

ao Reino <strong>de</strong> Portugal subsidiar a incorporação dos <strong>índios</strong>, afastando-se pretensas ameaças que<br />

estes representariam para os grupos <strong>sociais</strong> das colônias e fomentado ativida<strong>de</strong>s econômicas,<br />

as elites coloniais, sobretudo, também reiterariam sua posição <strong>de</strong> submissão para com a<br />

autorida<strong>de</strong> monárquica.<br />

4.3 A construção da alterida<strong>de</strong><br />

Azeredo Coutinho consi<strong>de</strong>rou que os <strong>índios</strong> da América possuem paixões, assim,<br />

possuem também ambições, virtu<strong>de</strong>s e vícios. Há que se observar-se, menciona o autor, as<br />

díspares escalas <strong>de</strong> pretensões em relação aos bens ou às maneiras <strong>de</strong> auferirem a honrarias<br />

perante o seu grupo. Caberia, pois, prosseguir, os civilizados, na especialização dos contatos<br />

porque os <strong>índios</strong> satisfazem suas paixões com bens ou honras <strong>de</strong> menores vultos em relação<br />

10 I<strong>de</strong>m, p. 155.<br />

23

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!