19.04.2013 Views

projetos de rearranjos sociais: escravos, índios e negociantes nos ...

projetos de rearranjos sociais: escravos, índios e negociantes nos ...

projetos de rearranjos sociais: escravos, índios e negociantes nos ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

encontrou-se a citação “[Escravidão é] compêndio dos males e o emblema e prova da<br />

<strong>de</strong>pravação do homem que, ou não quer trabalhar, ou se apraz do espetáculo da violência e<br />

miséria” 22 . Ainda neste texto, censurou James Stuart, economista britânico contemporâneo <strong>de</strong><br />

Adam Smith, por <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a escravidão e expôs sua vinculação ao pensamento do segundo.<br />

No segundo livro, Rocha notou que o Viscon<strong>de</strong> nota a impossibilida<strong>de</strong> da instalação <strong>de</strong><br />

fábricas no Brasil em virtu<strong>de</strong> da vigência do trabalho escravo, porque, conceituou, o<br />

escravismo não é mão-<strong>de</strong>-obra industriosa, <strong>de</strong>ve-se restringir apenas à agricultura.<br />

As leituras do pensamento econômico clássico <strong>de</strong> Adam Smith e discordância com a<br />

obra <strong>de</strong> John Say, na qual evi<strong>de</strong>nciou ser o trabalho escravo mais barato que o livre 23 , não<br />

impeliram Silva Lisboa a prescrever a abolição da escravidão, antes, pon<strong>de</strong>rou, apenas,<br />

implicar a manutenção <strong>de</strong>sta na continuida<strong>de</strong> da economia agrícola, das permanências das<br />

vultosas <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> produção. Rocha assevera estar a questão do escravismo revestido pelas<br />

generalida<strong>de</strong>s, em não se inclinando em censuras à escravidão, vigem, pois, posições pouco<br />

claras e, como evi<strong>de</strong>nciou Rocha, proposições econômicas que não se davam em outros<br />

cenários senão <strong>de</strong> um economia escravista.<br />

5.4 A africanização do Brasil<br />

A exemplo dos economistas europeus, Silva Lisboa i<strong>de</strong>ntificou <strong>nos</strong> <strong>escravos</strong> um grupo<br />

social cujos interesses conflitavam com os dos seus senhores e, por isso, apenas criavam-se<br />

expectativas <strong>de</strong> conflitos duais. Referiu-se, avançando em relação aos europeus, que a<br />

escravidão impedia a formação <strong>de</strong> um corpo social compacto em termos raciais.<br />

Nesse pensamento, o escravismo obstrui a supremacia dos brancos, os quais segundo<br />

notou Rocha, para Lisboa tinham mais propensões para relacionarem-se com harmonia. Para<br />

o Viscon<strong>de</strong>, na interpretação <strong>de</strong> Rocha, a nação brasileira era formada pela ascendência<br />

europeia, mas ameaçada pela presença dos <strong>escravos</strong>. Assim, percebendo o escravo como<br />

inapto para o aprendizado <strong>de</strong> técnicas industriais, anunciou, para Rocha, a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong><br />

manter-se o caráter agrário-exportador econômico do Brasil 24 . Os empecilhos econômicos da<br />

22<br />

LISBOA, José da Silva. Princípios <strong>de</strong> Economia Política e Tributação. Rio <strong>de</strong> Janeiro: 1956, p. 79. In:<br />

ROCHA, Antonio Penalves, I<strong>de</strong>m, p. 120.<br />

23<br />

Segundo Rocha, Silva Lisboa leu <strong>de</strong> forma equivocada os Princípios <strong>de</strong> Economia Política <strong>de</strong> Say, <strong>de</strong> 1803,<br />

porque afirmara que o aquele <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ra ser o trabalho escravo mais produtivo que o livre. Contudo, Rocha<br />

<strong>de</strong>monstra que as asserções <strong>de</strong> Say recaíram sobre a produtivida<strong>de</strong>, ao passo que também notou como injusto tal<br />

trabalho Cf. LISBOA, José da Silva. Memória dos Benefícios Políticos do Governo <strong>de</strong> El-rei, <strong>nos</strong>so senhor<br />

D. João VI. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Imprensa Régia, 1940, p. 79.<br />

24<br />

A questão da economia <strong>de</strong> exportação foi mencionada em apresentação à Observações sobre a franqueza da<br />

indústria e estabelecimento <strong>de</strong> fábricas no Brasil, (edição do Senado Fe<strong>de</strong>ral, 1999), escrita por Fernando<br />

Novais e José Jobson <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Arruda, este último orientador <strong>de</strong> tese <strong>de</strong> Rocha. Contudo, Novais e Arruda<br />

mencionam o livro <strong>de</strong> João Fragoso, Homens <strong>de</strong> Grossa Aventura (1998) <strong>de</strong> modo a indicarem uma<br />

35

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!