19.04.2013 Views

projetos de rearranjos sociais: escravos, índios e negociantes nos ...

projetos de rearranjos sociais: escravos, índios e negociantes nos ...

projetos de rearranjos sociais: escravos, índios e negociantes nos ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Cabe atentar para a i<strong>de</strong>ntificação das formas <strong>de</strong> razão social e <strong>de</strong> projeções <strong>de</strong> seus<br />

reor<strong>de</strong>namentos presentes nestes autores conforme as inserções <strong>de</strong>stes em paradigmas da<br />

escrita <strong>de</strong> valores morais as concepções <strong>de</strong> história. Não se preten<strong>de</strong>, porém, entendê-los<br />

como vinculados a quaisquer mo<strong>de</strong>los canônicos <strong>de</strong> escrita, mas como se posicionando em<br />

face <strong>de</strong>ssas possibilida<strong>de</strong>s argumentativas sob o aspecto da apropriação. Azeredo Coutinho e<br />

Silva Lisboa, ao passo que transitaram entre Brasil e Portugal, no século XVIII, permitem-se<br />

observá-los junto às práticas retóricas, entendo-as como sustentadas pela erudição. Nestes<br />

dois autores, a justificação <strong>de</strong> naturalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> dinâmicas ou hierarquias, preten<strong>de</strong>r-se-á aqui<br />

<strong>de</strong>monstrar, proce<strong>de</strong>-se pela <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> um conhecimento sobre o passado, bem como<br />

pela <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> valores que, ainda que cultivados no interior apenas <strong>de</strong> alguns segmentos da<br />

socieda<strong>de</strong>, tornam-se os móbeis para construir as etapas da ação. Entre os séculos XVIII e o<br />

XIX, a obra <strong>de</strong> Silva Lisboa a<strong>de</strong>quou-se à mudança <strong>de</strong> regime político no Brasil e o autor, que<br />

for historiador do período joanino, transmuda-se em <strong>de</strong>fensor da moralida<strong>de</strong> civil quando do<br />

Brasil in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte.<br />

Em Silva Lisboa e Vieira dos Santos, nesse sentido, permite-se reconhecer como os<br />

grupos mercantis, na circulação entre os regimes políticos, elaboraram retóricas <strong>de</strong><br />

nacionalida<strong>de</strong>s, nas quais se imiscuíram as retóricas sobre os <strong>escravos</strong> e os <strong>índios</strong>, como, na<br />

retórica eivada <strong>de</strong> universalismo, on<strong>de</strong> pobreza e riqueza coexistem <strong>de</strong> maneira harmônica. É,<br />

porém, Vieira dos Santos que se insere <strong>nos</strong> impasses entre a erudição e a ciência histórica. A<br />

exemplo <strong>de</strong> Azeredo Coutinho e Silva Lisboa, em Vieira dos Santos permite-se i<strong>de</strong>ntificar<br />

relação entre mo<strong>de</strong>lo e projeto, entre a imagem do autor referencial ao caso <strong>de</strong> aplicação. Em,<br />

Coutinho os clássicos aparecem mais fi<strong>de</strong>dig<strong>nos</strong> instrumentais do que os filósofos da razão.<br />

Em Silva Lisboa, fornece-se- compreensão para as mecânicas <strong>de</strong> Aristóteles.<br />

Em Vieira dos Santos, os mo<strong>de</strong>los retóricos são Cícero, Salústio e Antonio Vieira,<br />

sendo este último a legítima retórica científica, na asserção <strong>de</strong> Vieira dos Santos. Padrões<br />

textuais, portanto, que servem às racionalida<strong>de</strong>s – morais, econômicas, políticas – enfim,<br />

nelas fazem comportar suas concepções <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong>. Não são, por isso, formas canônicas,<br />

seja porque, notadamente, tem-se o alijamento da percepção das específicas reabilitações que<br />

lhes conce<strong>de</strong>ram. Quando à inscrição <strong>de</strong> Azeredo Coutinho nas práticas retóricas coloniais,<br />

po<strong>de</strong>-se avaliá-las como maneira <strong>de</strong> formarem-se grupos letrados coloniais, arregimentados<br />

nas segmentações hierárquicas superiores da socieda<strong>de</strong>. A retórica – e neste autor emprega<br />

9

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!