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projetos de rearranjos sociais: escravos, índios e negociantes nos ...

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<strong>de</strong>limitação dos lugares <strong>sociais</strong> permeia os argumentados <strong>de</strong> Azeredo Coutinho, preten<strong>de</strong>ndo-<br />

se estes apresentarem ao mesmo tempo como estratégia <strong>de</strong> ação e reiteração dos valores ou<br />

legitimida<strong>de</strong>s do exercício do po<strong>de</strong>r monárquico, da perpetuação das ativida<strong>de</strong>s mercantis<br />

coloniais, do enaltecimento das elites agrárias, enquanto providas <strong>de</strong> uma História <strong>de</strong><br />

colonização do território brasileiro, em <strong>de</strong>trimento, portanto, <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s a exemplo da<br />

mineração que pu<strong>de</strong>ssem afastar as atenções metropolitanas à antiguida<strong>de</strong> das ativida<strong>de</strong>s das<br />

elites e das legitimida<strong>de</strong>s que estas conferiram no curso nas negociações entre interesses<br />

locais e as orientações administrativas do governo português. Na Análise, nesse sentido, há a<br />

confluência <strong>de</strong> pressupostos filosóficos, históricos e aspectos <strong>de</strong> lógicas comerciais, todos<br />

entendimentos como consolidados e, naturalizando-os, o tráfico <strong>de</strong> <strong>escravos</strong> é possibilitado<br />

porque a escravidão é um processo evolutivo humano e respeita as causas das relações entre<br />

as nações, como a <strong>de</strong>rrota em uma guerra. O vencedor po<strong>de</strong> exercer domínio sobre o vencido,<br />

este <strong>de</strong>manda e tem <strong>de</strong> aceitar uma dominação – para civilizar-se, no caso africano – e ao<br />

dominador é facultado, por fim, <strong>de</strong>sempenhar a utilização do dominado nas travessias com<br />

intuitos comerciais.<br />

4. Azeredo Coutinho: <strong>projetos</strong> <strong>de</strong> incorporações <strong>de</strong> grupos <strong>sociais</strong><br />

A obra acima intitulada, cuja primeira edição publicou-se em 1794 e <strong>de</strong>dicada ao<br />

monarca D. José I obteve a legitimida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma instituição no que concerne sobre expensas<br />

<strong>de</strong> publicação. Trata-se da Aca<strong>de</strong>mia Real das Ciências <strong>de</strong> Lisboa que, conforme a ata da<br />

sessão <strong>de</strong> 1º <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1815 e assinada pelo secretário da Aca<strong>de</strong>mia, José Bonifácio <strong>de</strong><br />

Andrada e Silva, em cuja escrita que documentou a sessão asseverou que os membros do<br />

sodalício julgaram “muito digno <strong>de</strong> luz pública” a impressão da segunda impressão da obra.<br />

Coutinho fora membro da Aca<strong>de</strong>mia e, por conseguinte, nota-se a trajetória <strong>de</strong> circulações e<br />

pertencimentos entre Portugal e Brasil a exemplo <strong>de</strong> José Bonifácio. Para além da percepção<br />

do beneplácito conferido à publicação <strong>de</strong> Coutinho, pela inter-relação, notadamente, entre a<br />

integração acadêmica e a aceitação argumentativa, a Aca<strong>de</strong>mia legitimou uma proposta <strong>de</strong><br />

fala ao monarca português.<br />

A introdução do Ensaio escrita em 1811, dirigida ao Sereníssimo Senhor D. João VI,<br />

mobiliza o entendimento das socieda<strong>de</strong>s pela concepção holística, na qual a monarquia e a<br />

religião contribuiriam para a coesão da totalida<strong>de</strong>. Ao soberano cabe proteger as diversas<br />

or<strong>de</strong>ns, <strong>de</strong> modo a fomentar a agricultura, as artes e ciências, o comércio e a paz, afastando,<br />

em conseqüência, a ignorância, miséria e ociosida<strong>de</strong>. Forma-se, assim, em, nesta obra <strong>de</strong><br />

8 HOLANDA, Sergio Buarque <strong>de</strong>. Op. Cit., p. 278.<br />

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