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projetos de rearranjos sociais: escravos, índios e negociantes nos ...

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O escravo, em Silva Lisboa, é mesmo figurando <strong>nos</strong> objetivos dos proprietários <strong>de</strong><br />

constar como uma máquina, um sujeito que gera convulsões <strong>sociais</strong> e reproduz uma economia<br />

dos ganhos restritos. Silva Lisboa e Coutinho são, mesmo na observação <strong>de</strong> discordâncias,<br />

próximos pelo pela maneira cuidadosa como entrelaçam interesses <strong>de</strong> grupos aristocráticos,<br />

legitima-se ou resigna-se ante o escravismo brasileiro e admite-se como po<strong>de</strong>r maior o<br />

Estado. As apropriações conceituais, seja <strong>de</strong> Smith ou <strong>de</strong> iluministas franceses, adquiriram<br />

significados singulares na prosa <strong>de</strong> Coutinho e Silva Lisboa. Sobre as discussões da obra <strong>de</strong><br />

Silva Lisboa, João Montenegro e Antonio Rocha imbuíram seus trabalhos a asserção <strong>de</strong> ter<br />

sido o Viscon<strong>de</strong> não um liberal disciplinado <strong>nos</strong> ensinamentos <strong>de</strong> Adam Smith, ao contrário,<br />

em suas estritas ligações com o po<strong>de</strong>r monárquico <strong>de</strong> D. João VI (1808-1821) e <strong>de</strong> D. Pedro I<br />

(1822-1831), quer como burocrata, no período colonial, quer como político no Império,<br />

manejou suas leituras <strong>de</strong> teóricos liberais para o caso brasileiro sem opor-se às elites<br />

interessadas na manutenção do escravismo.<br />

Lisboa, como indicou Penalves Rocha, conciliou liberda<strong>de</strong> e obediência, <strong>de</strong> maneira<br />

evi<strong>de</strong>nciar-se um <strong>de</strong>fensor da liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> atuação para as elites políticas e econômicas<br />

brasileiras, mas sob o respeito à or<strong>de</strong>m estabelecida pela monarquia. O progresso po<strong>de</strong> ser<br />

alcançado através da or<strong>de</strong>m, afirmou o futuro Viscon<strong>de</strong>, leitor dos Extratos <strong>de</strong> Burke. Para<br />

Montenegro e Rocha, cabe <strong>de</strong>stacar o lugar das i<strong>de</strong>ias liberais no contexto brasileiro da vinda<br />

da Família Real e do advento do Império, momentos históricos <strong>nos</strong> quais Silva Lisboa<br />

participou, juntamente com a elite citada por Montenegro como aristocrática-feudal.<br />

No tocante à bibliografia sobre o pensamento <strong>de</strong> Azeredo Coutinho, as divergências<br />

entre Alves e Holanda são flagrantes. Para Alves, Coutinho foi um burguês que advogou a<br />

existência da escravidão porque nela notou, ao mesmo tempo, conciliação com o capitalismo,<br />

em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser o trabalho livre mais oneroso aos capitalistas, e uma força <strong>de</strong> impedir a<br />

dispersão <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra negra pelo Brasil e a formação <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong>s conformadas pela<br />

cultura africana. Como sustentáculo <strong>de</strong> tais <strong>de</strong>fesas, Coutinho serviu-se <strong>de</strong> teóricos iluministas<br />

europeus e estava atento ao <strong>de</strong>scompasso histórico social, econômico e cultural do Brasil Para<br />

Holanda, Coutinho foi um conservador, um interlocutor dos interesses <strong>de</strong> sua linhagem<br />

fundiária e as apropriações conceituais caracterizam-se excessivo pragmatismo e pouca<br />

originalida<strong>de</strong>. Nesse sentido, no escopo <strong>de</strong> obras Coutinho e Lisboa encontram-se, mesmo no<br />

seio <strong>de</strong> divergências historiográficas, como tentativas <strong>de</strong> se conciliarem interesses <strong>de</strong> grupos<br />

elitistas cuja ascendência da reprodução social encontra-se no período colonial, com propostas<br />

<strong>de</strong> transformações socioeconômicas sob a vigilância do Estado.<br />

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