19.04.2013 Views

projetos de rearranjos sociais: escravos, índios e negociantes nos ...

projetos de rearranjos sociais: escravos, índios e negociantes nos ...

projetos de rearranjos sociais: escravos, índios e negociantes nos ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

afirmam que população <strong>de</strong> Paranaguá pauta-se pela reverência ao Altar e o Trono 88 . Vieira<br />

dos Santos não se manifesta solidário à pretensão <strong>de</strong> Paranaguá, reconhece, contudo, o valor<br />

das articulações políticas <strong>de</strong> Correa Júnior para implementá-la, ao passo que a exposição<br />

positiva sobre os <strong>negociantes</strong> <strong>de</strong> Paranaguá faz-se <strong>nos</strong> estatutos <strong>de</strong> um grupo, tendo as<br />

narrativas do autor voltado-se asseverar que aqueles conciliavam a atuação econômica à<br />

filantropia.<br />

As mutações dos posicionamentos políticos dos <strong>negociantes</strong> <strong>de</strong> Paranaguá constituem-<br />

se, nas narrações <strong>de</strong> Vieira dos Santos, hierarquizações <strong>de</strong> segmentos <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r. Aclamações<br />

às or<strong>de</strong>ns régias, procedidas também <strong>nos</strong> a<strong>nos</strong> finais da condição colonial, apresentam-se nas<br />

memórias históricas como beneplácito à monarquia por elite inferiorizada no âmbito das<br />

posições <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r provinciais. Mas, <strong>nos</strong> seus espaços <strong>de</strong> circulação, ao emanarem aceitação<br />

acerca <strong>de</strong> outras escalas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, arregimentavam segmentos <strong>sociais</strong> a eles inferiores para,<br />

sob movimentos rituais, forjarem a coesão social sobre a qual se querem os representantes. Os<br />

<strong>negociantes</strong>, conforme expõe e manifesta-se favorável Vieira dos Santos, ramificavam suas<br />

ativida<strong>de</strong>s em negócios urba<strong>nos</strong>, marítimos e rurais. Entretanto, era <strong>nos</strong> limites que Paranaguá<br />

que reivindicavam a reprodução <strong>de</strong> suas orientações administrativas e os inimigos do po<strong>de</strong>r,<br />

em Paranaguá, eram os burocratas provinciais, dos períodos colonial ao imperial.<br />

Conforme as informações – e engajamento – <strong>de</strong> Vieira dos Santos <strong>nos</strong> conflitos entre<br />

Antonina, Morretes e Paranaguá – quando das querelas sob abertura <strong>de</strong> caminho para<br />

comunicações com Curitiba – verifica-se que os <strong>negociantes</strong>, em Morretes e Paranaguá,<br />

buscam na articulação com o governo da Província terem atendidos seus interesses. Dessa<br />

forma, as ações dos <strong>negociantes</strong>, na produção textual <strong>de</strong> Vieira dos Santos, em uma<br />

historicida<strong>de</strong> que, para o autor, alcança os meados do século XVII, proce<strong>de</strong>m a hierarquização<br />

dos grupos e contatos com os quais se po<strong>de</strong>ria firmar alianças, suplantá-las ou coexistir. Não<br />

se contestou, <strong>de</strong> acordo com a seleção documental do autor, o regime colonial, bem como<br />

imagem imperial <strong>de</strong>mandaria aclamação. O heróico e a rotina – da alfân<strong>de</strong>ga, das legislaturas<br />

– aproximam-se em Vieira dos Santos, porém, este autor, quando conclui as Memórias<br />

Históricas <strong>de</strong> Paranaguá, há quarenta a<strong>nos</strong> não habita aquele espaço, mas sim Morretes.<br />

Engajado ao grupo mercantil <strong>de</strong>sta vila, quando atinge-se o presente, o autor vislumbra a<br />

<strong>de</strong>cadência, opondo-se ao passado <strong>de</strong> glórias: “Esta gran<strong>de</strong> é a ventura <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> cento e<br />

noventa a<strong>nos</strong> que os parananguenses viveram abundantes e alegres, mas chegando à época<br />

viril <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>cadência pelas invejas <strong>de</strong> uns, ambições <strong>de</strong> outros; e que já tinham chegado ao<br />

88 I<strong>de</strong>m, pp. 315-321.<br />

84

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!