projetos de rearranjos sociais: escravos, índios e negociantes nos ...
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conjugam a <strong>de</strong>voção à divinda<strong>de</strong> e a concretu<strong>de</strong> <strong>de</strong>stas em leis, laicizadas em morais <strong>sociais</strong>,<br />
as quais se ramificam, inserindo-se da administração pública às regras <strong>de</strong> relações <strong>sociais</strong>.<br />
Azeredo Coutinho e Silva Lisboa protestam contra as inspirações que a Revolução Francesa<br />
ocasionaram, inclusive no Brasil, n mutação <strong>de</strong> concepções sobre autorida<strong>de</strong> estatal, relações<br />
entre <strong>de</strong>siguais e alternativas econômicas. Em Vieira dos Santos, recebem honrarias do autor<br />
os voluntários da pátria a participarem da Revolução Farroupilha junto às forças imperiais, as<br />
quais teriam, para Vieira dos Santos, a honraria <strong>de</strong> manter conservados os limites geográficos<br />
do Império.<br />
As justificações dos <strong>projetos</strong> <strong>sociais</strong> sob a reabilitação <strong>de</strong> discursos e mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong><br />
organização social e conduta individual apresentam-se <strong>nos</strong> três autores. São, sobretudo em<br />
Vieira dos Santos, reiterações <strong>de</strong> manifestações retóricas, nas quais a erudição instrumento <strong>de</strong><br />
ação. Porém, nessas imaginações sobre tempos passados, acentua Silva Lisboa, <strong>de</strong>manda-se a<br />
submissão, dos exemplos históricos, <strong>de</strong> critério <strong>de</strong> seleção: Adotemos da antiguida<strong>de</strong> o que é<br />
bom, e venerável, e não o que se mostra irracional, e caduco. Azeredo Coutinho, Silva<br />
Lisboa e Vieira dos Santos, em favor do equilíbrio social os discursos sobre o passado não se<br />
diferenciam em autores profa<strong>nos</strong> ou religiosos, antes, estes autores a eles recorrem para<br />
<strong>de</strong>limitar possíveis permanências da natureza humana, encontrando-se <strong>nos</strong> clássicos as<br />
manifestações <strong>de</strong> plenitu<strong>de</strong> ou <strong>de</strong>generação daquela. Em Vieira dos Santos, <strong>de</strong>ve-se ressaltar,<br />
elaboração <strong>de</strong> memórias históricas preten<strong>de</strong>-se justificada por conjunto <strong>de</strong> métodos e<br />
objetivos, mas, como elemento da produção historiográfica oitocentista, o envolvimento do<br />
autor em seu presente, ao ganhar do autor legitimida<strong>de</strong> da inserção, afasta da pretensão <strong>de</strong><br />
cientificida<strong>de</strong> a discussão sobre os limites da imparcialida<strong>de</strong>. É, pois, o discursos histórico,<br />
naquele contexto, uma estratégia <strong>de</strong> inserção do autor campos <strong>sociais</strong>. Em Azeredo Coutinho<br />
e Silva Lisboa os discursos dirigem-se à monarquia portuguesa, preten<strong>de</strong>m-se conselhos para<br />
a conversação <strong>de</strong>sta, medidas <strong>de</strong> ação forjadas na cautela par com as insurreições na França e<br />
Haiti. Em Vieira dos Santos, suas escritas <strong>de</strong> memórias históricas encaminham-se às câmaras<br />
<strong>de</strong> vereadores, querem-se não apenas iluminações aos políticos, mas, difundindo-as na<br />
socieda<strong>de</strong>, criariam a percepção dos lugares <strong>sociais</strong> e grupos nobilitados, cuja linhagem teria,<br />
na historicida<strong>de</strong> imaginada, a legitimida<strong>de</strong> pela benemerência para com os <strong>de</strong>siguais.<br />
Para Coutinho e Silva Lisboa, a moral serve <strong>de</strong> instrumental tanto para os <strong>projetos</strong> <strong>de</strong><br />
incorporação social – dos <strong>índios</strong> em Coutinho, ou dos <strong>escravos</strong> no vislumbrar no fim do<br />
tráfico, em Silva Lisboa – <strong>de</strong> maneira que a moral afigura-se na proposição <strong>de</strong> condutas aos<br />
<strong>escravos</strong> e <strong>índios</strong> incorporados. Alterida<strong>de</strong> e moral, portanto, imbricam-se nesses autores, mas<br />
com atenções e temerida<strong>de</strong>s sobre o outro distintas. Em Coutinho, no caso dos <strong>escravos</strong>, não<br />
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