projetos de rearranjos sociais: escravos, índios e negociantes nos ...
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conceito <strong>de</strong> população, <strong>de</strong> maneira que o po<strong>de</strong>r não é emanado mais apenas pelo núcleo<br />
possuidor <strong>de</strong> legitimida<strong>de</strong> oficial para fazê-lo. Ao contrário, as relações socais estão<br />
introjetadas, agora, em todo o conjunto da socieda<strong>de</strong> e em todos os contatos entre indivíduos.<br />
Tais relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, na leitura <strong>de</strong> Paz, sustentam todo o tecido social, que seria, segundo<br />
esta análise, em edifício político. Com a expansão <strong>de</strong>mográfica do século XVII, as formas <strong>de</strong><br />
governar vincularam-se ao aumento da produção agrícola e da circulação <strong>de</strong> moedas. A<br />
família e economia familiar extinguem-se enquanto parâmetros governativos e contam-se,<br />
pois, como instrumento do governo e são observadas como integrantes da conformação da<br />
economia política empreendida pelo governo.<br />
Nesta socieda<strong>de</strong> disciplinar a população não é gerenciada como uma massa, mas pelo<br />
gerenciamento do <strong>de</strong>talhe e é submetida às re<strong>de</strong>s discursivas legislativas, institucionais,<br />
organizativas e mesmo arquitetônicas. As novas formas <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong>, entre os séculos<br />
XVII e XIX, ao acionarem outros princípios <strong>de</strong> governo e discursos <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, foram<br />
receptoras dos discursos das valorações positivas do trabalho, não mais o trabalho manual, do<br />
corpo, restrito às corporações <strong>de</strong> ofício. Emerge a publicida<strong>de</strong> do trabalho e a diferenciação<br />
entre trabalho produtivo e trabalho improdutivo. O trabalhador produtivo é apenas o que<br />
exerce um labor privado, mas seu trabalho engendra, no espaço público, um mercado <strong>de</strong><br />
trocas, característico das movimentações comerciais burguesas, liberto das mitologias<br />
punitivas da Igreja, oposta á usura.<br />
A imagem do burguês é formada gradualmente e no século XIX, a Igreja revê seus<br />
posicionamentos ante a aquele que exerce um trabalho e ativida<strong>de</strong>s <strong>sociais</strong> com regularida<strong>de</strong>s,<br />
precisões para trabalhar e <strong>de</strong>scansar, sua vida encaminha-se para a sublimação dos esforços<br />
<strong>de</strong>snecessários e das perturbações <strong>de</strong>sestabilizadoras <strong>de</strong> princípios e hábitos. A anterior<br />
configuração caótica das transformações <strong>sociais</strong> do século XVII, instauram-se no século XIX<br />
os microcosmos dos grupos burgueses que aten<strong>de</strong>m às leis, mas também criam-nas. O<br />
burguês participa da esfera pública, é visto e reputado suas ações, mo<strong>de</strong>lares; busca-se<br />
reformar o comportamento dos <strong>de</strong>mais indivíduos. O planejamento e a racionalida<strong>de</strong> do<br />
trabalho marcam o espírito da burguesia e constitui-se como o discurso da nova or<strong>de</strong>m. Ao<br />
passo que se consolida esta or<strong>de</strong>m, outras formas disciplinares são forjadas, agora em respeito<br />
à coesão do trabalho em outros lugares disciplinares, como se proce<strong>de</strong> a leitura <strong>de</strong> Moraes<br />
Paz, a exemplo das fábricas no caso europeu, a partir da Revolução Industrial.<br />
72 PAZ, Francisco Moraes. Na poética da História: A realização da utopia nacional oitocentista. Curitiba : Ed.<br />
UFPR, p. 122.<br />
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