projetos de rearranjos sociais: escravos, índios e negociantes nos ...
projetos de rearranjos sociais: escravos, índios e negociantes nos ...
projetos de rearranjos sociais: escravos, índios e negociantes nos ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
concepção processual das relações entre os <strong>de</strong>siguais, as iniciativas da incorporação, a partir<br />
da qual os costumes consi<strong>de</strong>rados viciosos foram suprimidos ao goitacazes, dissemina-se a<br />
percepção institucional e das dádivas civilizadoras emanadas das elites como formadoras<br />
<strong>de</strong>sse processo. Sendo pelos ocupantes <strong>de</strong> cargos como capitão-mor e governador,<br />
notadamente o governador Domingos Álvares Peçanha, avó do autor, ao mesmo tempo um<br />
governantes e membro da elite local, forja-se a <strong>de</strong>fesa do contínuo exercício benemérito da<br />
incorporação porque dotado <strong>de</strong> liberalida<strong>de</strong> e escrúpulos. Houve, portanto, o emprego correto<br />
pela elite local das estratégias, em <strong>de</strong>trimento, segundo mencionou Coutinho, das tentativas <strong>de</strong><br />
relacionamentos com grupos indígenas viventes na Província <strong>de</strong> Minas Gerais. A História da<br />
elite <strong>de</strong> Campos, por conseguinte, esteia-se na civilização do selvagem e este se afigura<br />
merecedor <strong>de</strong> ingressar nas <strong>de</strong>scrições dos anais apenas quando da sua incorporação social,<br />
seja no caso genealógico <strong>de</strong> Coutinho, seja <strong>nos</strong> textos históricos citados pelo autor, datados<br />
dos séculos XVII e XVIII.<br />
5. Historiografia acerca da obra <strong>de</strong> José da Silva Lisboa<br />
Proce<strong>de</strong>-se, nesta parte, análises sobre dois autores que se <strong>de</strong>tiveram se <strong>de</strong>tiveram<br />
sobre a obra <strong>de</strong> José da Silva Lisboa. O estudo <strong>de</strong> João Montenegro intenta compreen<strong>de</strong>r a<br />
obra <strong>de</strong> Silva Lisboa como vinculada às estruturas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r da Colônia, cujas reor<strong>de</strong>nações no<br />
Império, pois, mantiveram-se coesas no argumento <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa da or<strong>de</strong>m estabelecida 17 . Lisboa,<br />
nessa perspectiva, inserido na elite pensante <strong>de</strong> seu tempo, a qual, para consolidar uma<br />
dominação política através dos recursos discursivos, teve <strong>de</strong> manejar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os discursos<br />
parlamentares à publicação <strong>de</strong> panfletos. O objetivo maior da dominação, do autoritarismo e<br />
dos discursos seria a fundação do Estado Nacional brasileiro, forjado pelas i<strong>de</strong>ias do<br />
iluminismo português. Para tanto, João Montenegro alonga-se em discussões sobre as<br />
relações entre História e Lingüística e apresenta um rol <strong>de</strong> leituras <strong>de</strong>s<strong>de</strong> John Pocock a<br />
Mikhail Bakhtin. Silva Lisboa é estudado pelos meandros das construções <strong>de</strong> discursos.<br />
O estudo <strong>de</strong> Montenegro observa nas passagens biográficas <strong>de</strong> Silva Lisboa<br />
possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> relação entre a produção bibliográfica e as estratégias <strong>de</strong> Silva Lisboa em<br />
pertencer aos circuitos da nobiliarquia portuguesa instalada no Brasil entre 1808 e 1821, mas<br />
também <strong>nos</strong> a<strong>nos</strong> iniciais do Império. Desenvolveu, ainda, argumentos em <strong>de</strong>fesa da or<strong>de</strong>m<br />
monárquica seja como manutenção dos arranjos coloniais do período joanino, seja como<br />
discurso fundador a partir da In<strong>de</strong>pendência. Montenegro menciona que José da Silva Lisboa<br />
17 MONTENEGRO, João Alfredo <strong>de</strong> Souza. O discurso autoritário <strong>de</strong> Cairu. Brasília: Senado Fe<strong>de</strong>ral, 2000.<br />
30