19.04.2013 Views

projetos de rearranjos sociais: escravos, índios e negociantes nos ...

projetos de rearranjos sociais: escravos, índios e negociantes nos ...

projetos de rearranjos sociais: escravos, índios e negociantes nos ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Dos autores analisados nesta monografia, Silva Lisboa e Vieira dos Santos elaboram<br />

imagens dos <strong>negociantes</strong> como grupos produtivos. No primeiro autor, o <strong>negociantes</strong> não são<br />

um grupo homogêneo, mas multiplicida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> interesses e capacida<strong>de</strong>s reprimidas pelas<br />

contingências dos monopólios coloniais, por exemplo, e contra políticas monopolistas – não<br />

contra a dominação colonial – Silva Lisboa posiciona-se através <strong>de</strong> livros en<strong>de</strong>reçados à<br />

monarquia portuguesa. Os <strong>negociantes</strong> e os negócios, na dinâmica do pacto colonial,<br />

po<strong>de</strong>riam reiterar esta relação, necessitando-se, para tanto, conformação <strong>de</strong> interesses. Os<br />

discursos <strong>de</strong> Silva Lisboa são escritos entre os séculos XVIII e XIX e alcançam os inícios da<br />

constituição do Estado Brasileiro, nesse sentido, o burguês, segundo Silva Lisboa, é, em dois<br />

contextos da História do Brasil – enten<strong>de</strong>ndo-se estes como recortes forjados para a<br />

<strong>de</strong>limitação dos sujeitos e instituições com os quais o autor buscou dialogar ou pertencer –<br />

tratado pelas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> atingirem riquezas e estas seriam benéficas tanto à metrópole<br />

como ao Brasil in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte.<br />

O <strong>de</strong>sempenho e as potencialida<strong>de</strong>s encerradas nas artes e ofícios, portanto, emanam<br />

das iniciativas <strong>de</strong> um grupo que, mesmo na heterogeneida<strong>de</strong> formativa, separa-se das<br />

permanências da economia rural. Ainda, contudo, que se <strong>de</strong>va mencionar o aspecto das inter-<br />

relações possíveis, como as alianças <strong>de</strong> arranjos familiares, entre <strong>de</strong> grupos das incipientes<br />

urbanida<strong>de</strong>s e as elites rurais a partir do entendimento da diversificação <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s pelos<br />

primeiros. Contudo, ressalta-se que, para o caso brasileiro, impele-se a leitura do burguês não<br />

como um elemento novo na socieda<strong>de</strong>, mas, e é a proposta aqui <strong>de</strong>fendida, da percepção das<br />

inserções e relações nas elites locais, ainda que em Silva Lisboa propugnadas a partir da<br />

leitura <strong>de</strong> Adam Smith, no Brasil po<strong>de</strong>riam ser conformadas à reprodução social das elites.<br />

Em espaços públicos, como a Câmara, ou <strong>nos</strong> negócios, o burguês não surgia pelo<br />

<strong>de</strong>sempenho individual, a livre iniciativa, mas pela combinação estratégica em assimilar<br />

concepções e valores <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> hierarquizada, como as relações entre <strong>negociantes</strong><br />

pelo parentesco, e conquista <strong>de</strong> riqueza pela diversificação das ativida<strong>de</strong>s econômicas. Em<br />

Vieira dos Santos, as <strong>de</strong>scrições da economia <strong>de</strong> Paranaguá são apenas as trocas mercantis dos<br />

<strong>negociantes</strong>, os movimentos das embarcações e registra os maiores patrimônios locais.<br />

Desconsi<strong>de</strong>ram-se, assim, as culturas agrícolas, predominante nas seis das sete companhias <strong>de</strong><br />

or<strong>de</strong>nanças em que foi dividida a Vila <strong>de</strong> Paranaguá no século XIX. O discurso <strong>de</strong> Viera dos<br />

Santos concebe o burguês pelo valor das ativida<strong>de</strong>s econômicas bem como pela participação<br />

na Câmara e a esta instituição sua Memória Histórica é <strong>de</strong>dicada.<br />

Abaixo, cita-se o parágrafo inicial <strong>de</strong>sta obra <strong>de</strong> Viera dos Santos, on<strong>de</strong> jazem uma<br />

concepção <strong>de</strong> História transformada em projeto narrativo e uma proposta <strong>de</strong> atenção acerca <strong>de</strong><br />

71

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!