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projetos de rearranjos sociais: escravos, índios e negociantes nos ...

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urocracia; ao contrário, segundo mencionado acima, lançou-se na dinâmica do<br />

beneficiamento da erva-mate, representativa na economia paranaense no século XIX, e<br />

auferiu o cargo <strong>de</strong> tesoureiro <strong>de</strong> uma obra financiada por um fundo <strong>de</strong> <strong>negociantes</strong>.<br />

O período sobre o qual Francisco Negrão constrói a narrativa da <strong>de</strong>cadência física e<br />

econômica <strong>de</strong> Viera dos Santos, este ainda se relacionaria com as “senhoras respeitáveis” das<br />

vilas litorâneas, em virtu<strong>de</strong> da mutação <strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s comerciais, transformadas em um<br />

processo artesanal, tem como compradoras estas mulheres e o epíteto <strong>de</strong> “respeitáveis” Vieira<br />

dos Santos mobilizou para relatar as <strong>de</strong>scendências e matrimônios das matronas em sua<br />

Memória Histórica <strong>de</strong> Paranaguá. Esta obra, publicada em 1850, indica a permanência<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> circulação do autor junto a Câmara Municipal, sendo-lhe, por exemplo,<br />

permitido consultar os documentos <strong>de</strong>sta esfera legislativa. O lusobrasileiro manteve-se, pois,<br />

não como um exilado na Vila <strong>de</strong> Morretes, mas este afastamento da residência é passível<br />

análise enquanto a reprodução <strong>de</strong> <strong>de</strong>flagrações <strong>de</strong> estratégias a outras elites a partir da<br />

inserção em ativida<strong>de</strong>s econômicas e da escrita da memória da socieda<strong>de</strong> 64 .<br />

Viera dos Santos executou reabilitações da história <strong>de</strong> Paranaguá oportunamente<br />

escritas em favor da perpetuação das imagens das elites locais e da construção da socieda<strong>de</strong><br />

on<strong>de</strong> os fatos propensos a serem registrados concernem à aristocracia mercantil, a qual possui,<br />

a partir <strong>de</strong> Viera dos Santos, uma memória. As exemplarida<strong>de</strong>s dos feitos e das vidas dos<br />

membros das elites locais, incluindo-se referências à “matronas ilustres”, possibilitariam,<br />

segundo o autor, a indicação dos contatos <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong>s a serem reproduzidos, a exemplo<br />

da benemerência das elites para com os <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> auxílios ou das <strong>de</strong>monstrações <strong>de</strong><br />

vinculações à Igreja Católica. Reproduzir-se-ia, nesse projeto, a conformação legitimada das<br />

<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s <strong>sociais</strong>.<br />

9. Escravos, <strong>índios</strong> e <strong>negociantes</strong> na obra <strong>de</strong> Vieira dos Santos: relações com<br />

historiografia brasileira do século XIX<br />

Relacionando-se autores dos séculos XVIII e XIX, lendo as obras <strong>de</strong> Azeredo<br />

Coutinho e Silva Lisboa como vinculadas às formas <strong>de</strong> recepção das concepções ilustradas em<br />

Portugal e Vieira dos Santos inserido na experiência historiográfica oitocentista, percebe-se,<br />

com Manoel Guimarães, não uma ruptura entre as filosofias da história iluministas e as<br />

narrativas históricas do século XIX, mas uma relação <strong>de</strong> complementarida<strong>de</strong>. Ao século<br />

XVIII, portanto, não se prescin<strong>de</strong> imputar a valoração <strong>de</strong> não-histórico como oposição ao<br />

conhecimento histórico do século XIX, ao contrário, po<strong>de</strong>-se compreen<strong>de</strong>r dois momentos<br />

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