projetos de rearranjos sociais: escravos, índios e negociantes nos ...
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possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> transformações, como a argumentação em favor da abertura dos portos do<br />
Brasil para as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> livre-comércio. Ocorre a estima dos grupos <strong>de</strong> <strong>negociantes</strong>,<br />
recorre-se às citações <strong>de</strong> Adam Smith, contudo, o texto, <strong>de</strong>stinado à Alteza Renal portuguesa,<br />
busca servir como orientação para a opulência do reino português; assim, <strong>de</strong>sta obra foi aqui<br />
observado o projeto econômico que se refere ao Brasil, mas não contraria a sujeição colonial,<br />
ao contrário, é um projeto que, através da positiva imagem das ativida<strong>de</strong>s mercantis e do<br />
papel do negociante nelas <strong>de</strong>sempenhado, argumenta-se para a reiteração do domínio, na<br />
perspectiva dos <strong>rearranjos</strong> econômicos.<br />
Percebeu-se, pois, a oposição ao estabelecimento <strong>de</strong> fábricas no Brasil, ao mesmo<br />
tempo em que se mapeiam as características multifacetadas dos grupos que <strong>de</strong>senvolviam<br />
ativida<strong>de</strong>s econômicas e nota-se a propensão <strong>de</strong>sses grupos para continuamente aumentarem<br />
suas ativida<strong>de</strong>s. Nesse sentido, ocorre outro projeto, ainda que o autor não busque quaisquer<br />
formas <strong>de</strong> rompimentos com a metrópole porque, conforme se preten<strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r, <strong>nos</strong> textos<br />
<strong>de</strong> Silva Lisboa escravidão, pacto colonial e liberalismo econômico po<strong>de</strong>riam coexistir através<br />
das re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> reciprocida<strong>de</strong>s entre a colônia e a metrópole. No opúsculo, publicado<br />
postumamente em 1851 na Gazeta do Rio <strong>de</strong> Janeiro, observam-se asserções contra a<br />
escravidão, porque, a partir da vinculação explicitada ao pensamento liberal <strong>de</strong> Adam Smith,<br />
para Lisboa o trabalho escravo é, notadamente, mais oneroso para o contratante, em relação<br />
ao trabalho livre, e causa conflitos entre senhores e <strong>escravos</strong>. Contudo, há ressalvas e o autor<br />
nota socieda<strong>de</strong>s, por fatores como o clima, que necessitam <strong>de</strong> <strong>escravos</strong>. Esta dubieda<strong>de</strong>, ao<br />
lado da concepção <strong>de</strong> escravo e <strong>de</strong> escravidão, mereceu maiores atenções do presente<br />
trabalho.<br />
De Antonio Vieira dos Santos selecionou-se a Memória Histórica <strong>de</strong> Paranaguá,<br />
datada <strong>de</strong> 1850. Do padrão textual que se arranja como uma narrativa <strong>de</strong> comentários aos<br />
or<strong>de</strong>namentos factuais da política e da formação social, permeada pelos pareceres sobre a<br />
economia local, às referências elogiosas na <strong>de</strong>dicatória, à Câmara Municipal, por exemplo,<br />
enten<strong>de</strong>-se esta obra tanto pelo contexto das produções historiográficas no século XIX como<br />
pela aglutinação <strong>de</strong> discursos sobre <strong>índios</strong>, <strong>escravos</strong> e <strong>negociantes</strong>, <strong>de</strong> maneira que se proce<strong>de</strong><br />
a aproximação entre Azeredo Coutinho, Silva Lisboa e Viera dos Santos pelas maneiras <strong>de</strong><br />
construírem alterida<strong>de</strong>s sobre o outro <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>rem <strong>projetos</strong> em diferentes âmbitos <strong>de</strong> escalas.<br />
Intentar-se-á relacionar esta fonte à Memória Histórica <strong>de</strong> Morretes, <strong>de</strong> 1851, objetivando-se<br />
analisar as concepções sobre composição das elites nestes espaços através da historicida<strong>de</strong><br />
dos seus contatos.<br />
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