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projetos de rearranjos sociais: escravos, índios e negociantes nos ...

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monarquista, reivindicou o estatuto nobiliárquico <strong>de</strong> um grupo social – a elite açucareira – em<br />

<strong>de</strong>trimento dos subsídios reais para a exploração aurífera. Sua obra aglutina a reabilitação da<br />

legitimida<strong>de</strong> histórica da constituição nobiliárquica <strong>de</strong> uma dinâmica social à construção da<br />

alterida<strong>de</strong> em relação aos <strong>índios</strong>, perpassada pelo projeto <strong>de</strong> incorporação utilitária dos<br />

<strong>de</strong>siguais.<br />

O projeto <strong>de</strong> <strong>rearranjos</strong> <strong>de</strong> Azeredo Coutinho, cujos discursos dirigem-se ao Reino <strong>de</strong><br />

Portugal, objetivava a conciliação <strong>de</strong> interesses coloniais, mas através da mutação do grupo<br />

hierárquico orientador da economia e da autorida<strong>de</strong> locais, ou seja, os produtores <strong>de</strong> açúcar,<br />

dos quais <strong>de</strong>scendia. Nas consi<strong>de</strong>rações concernentes à natural aproximação entre os homens,<br />

nota-se em que, sendo o coletivo sobreposto ao individual, Coutinho inclina-se para<br />

concepção holista do mundo qual os contatos entre as socieda<strong>de</strong>s são contributivos para as<br />

discrepâncias entre o que vislumbrou como civilização e barbárie serem atenuadas, em uma<br />

perspectiva <strong>de</strong> ininterruptas trocas entre <strong>de</strong>siguais. Compor-se-ia, assim, uma totalida<strong>de</strong> on<strong>de</strong><br />

os bárbaros, não po<strong>de</strong>m prescindir do contato com os civilizados, os traficantes <strong>de</strong> <strong>escravos</strong>,<br />

notadamente privilegiados na Análise da justiça do resgate <strong>de</strong> <strong>escravos</strong>. De maneira<br />

evolutiva, os civilizados europeus passaram por estados <strong>de</strong> barbárie, <strong>de</strong> idolatria, sob cujas<br />

crenças cometiam-se atos consi<strong>de</strong>rados pelo bispo como atrocida<strong>de</strong>s, tais como os sacrifícios<br />

huma<strong>nos</strong> aos <strong>de</strong>uses, estabelecendo, assim, comparativo com a escravidão e utilizando-se<br />

<strong>de</strong>ssas construções <strong>de</strong> evoluções possíveis das socieda<strong>de</strong>s para eximir os traficantes <strong>de</strong><br />

<strong>escravos</strong> <strong>de</strong> penalida<strong>de</strong>s.<br />

O tráfico e a escravidão vicejam as relações entre socieda<strong>de</strong>s, e, conforme a postura<br />

pragmática percebida pelo historiador Holanda, o tráfico afigura-se como estímulo para a<br />

economia, acirra a produção agrícola e as ativida<strong>de</strong>s comerciais e forja na relação<br />

senhor/escravo uma troca on<strong>de</strong> o primeiro fornece proteção e subsistência ao segundo, que<br />

retribui com o trabalho. Em Silva Lisboa um esboço <strong>de</strong> visão naturalizada <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong> é o<br />

conceito da liberda<strong>de</strong> como estímulo para os indivíduos fazer-se industriosos, porque não se<br />

observam sujeitados, obrigados a concentrarem esforços sagazes para dirimir o mando <strong>de</strong> um<br />

senhor. O trabalho livre seria, ao contrário do que explanou Coutinho, mais barato a todo<br />

processo produtivo, porque o escravo tem o intuito <strong>de</strong> trabalhar me<strong>nos</strong> e lograr, ainda que<br />

miúdos, benefícios no cativeiro. A escravidão é permanente tensão e no intercurso das<br />

negociações para atenuações <strong>de</strong> ameaças mútuas, <strong>de</strong>ixa-se <strong>de</strong> alcançara riqueza em quaisquer<br />

segmentos, havendo-se a formação <strong>de</strong> condutas típicas, a do proprietário com ganhos<br />

mesquinhos e a do escravo alimentado rancores na rotina do cativeiro.<br />

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