projetos de rearranjos sociais: escravos, índios e negociantes nos ...
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apogeu da soberba. 89 ” O autor referencial na exposição <strong>de</strong>sta moral é Floro, par quem,<br />
segundo a seleção textual <strong>de</strong> Vieira dos Santos, o ocaso da riqueza e glória <strong>de</strong>correm do<br />
abandono dos bons costumes, por conseguinte, são emanados castigos divi<strong>nos</strong>. O moralismo<br />
<strong>de</strong> Vieira dos Santos contextualiza-se com a atuação do autor em porfias as quais envolveram<br />
as vilas <strong>de</strong> Antonina, Morretes e Paranaguá em meados do século 90 , bem como em querelas<br />
acerca das estratégias reprodutivas <strong>de</strong> sua família na dinâmica mercantil litorânea. A<br />
conciliação entre o diagnóstico e o projeto, em Vieira dos Santos, faz-se pela recuperação dos<br />
estatutos do grupo civilizador do território – os capitalistas mercantis – e pela afirmação do<br />
projeto <strong>de</strong> consolidar-se o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> todas os segmentos em terem suas inter<strong>de</strong>pendências<br />
consolidadas pelas percepções <strong>de</strong> conjunto que o Altar e o Trono fomentam . Os conflitos<br />
entre os <strong>negociantes</strong> constam, em Vieira dos Santos, relacionados à economia e política.<br />
Vieira dos Santos, privilegia, na historicida<strong>de</strong> da elite mercantil <strong>de</strong> Paranaguá, a <strong>de</strong>monstração<br />
<strong>de</strong> que a proliferação <strong>de</strong> interesses corporativos reforçavam a importância do projeto <strong>de</strong><br />
organização burocrática da socieda<strong>de</strong>, articulando-se o po<strong>de</strong>r da câmara e a busca da aliança<br />
com as autorida<strong>de</strong>s e instâncias superiores, do regime colonial ao imperial. Os conflitos no<br />
interior <strong>de</strong>sse grupo surgem tanto pela organização interna <strong>de</strong> uma autorida<strong>de</strong> burocrática<br />
local – a distribuição <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r em seu interior – e o controle exercido for <strong>de</strong>la pelo po<strong>de</strong>r do<br />
governo.<br />
Em Paranaguá, os conflitos <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> apresentavam-se, segundo Vieira dos<br />
Santos, no tocante ao período colonial, entre os vereadores <strong>negociantes</strong> e burocratas que<br />
circulavam entre as vilas. As diferentes formas <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r-se o exercício do arbítrio<br />
provocava a contextual aliança entre a elite e mesmo entre as elites das vilas próximas. Essas<br />
solidarieda<strong>de</strong> logo se dissolviam a partir das vicissitu<strong>de</strong>s dos tratos comerciais, dos pleitos<br />
para com a burocracia que no plano legislativo os vereadores <strong>negociantes</strong> pretendiam<br />
conquistar. Faccionavam-se para concorrerem nas concessões <strong>de</strong> monopólio. Vieira dos<br />
Santos envolveu-se nessas percalços dos relacionamentos entre elites, a exemplo da<br />
manifestação <strong>de</strong> reprodução hierárquica quando foi partidário <strong>de</strong> seu filho, Antonio Vieira dos<br />
Santos Júnior, em auferir monopólio fluvial, em Morretes. Sobre o controle exercido fora das<br />
instâncias burocráticas locais, se não procedidas pelos peque<strong>nos</strong> burocratas, os <strong>negociantes</strong><br />
reconheciam a inferiorida<strong>de</strong> e tencionavam em aproximar-se, notadamente no Império, dos<br />
89 I<strong>de</strong>m, vol. 2, p. 402.<br />
90 Segundo Samuel Guimarães Costa, Vieira dos Santos escreveu uma Memória Histórica <strong>de</strong> Antonina, <strong>nos</strong> a<strong>nos</strong><br />
1850, ofereceu-a à Câmara da Vila, cujo presi<strong>de</strong>nte teria or<strong>de</strong>nado a <strong>de</strong>volução do texto ao autor, tendo justificado<br />
o ato pela participação <strong>de</strong> Vieira dos Santos contra os interesses – e mesmo contra a memória da vila. In: COSTA,<br />
Samuel Guimarães. Op. Cit., p. 15.<br />
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