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projetos de rearranjos sociais: escravos, índios e negociantes nos ...

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diversificados manejos e <strong>de</strong>spesas, ou seja, os problemas no processo <strong>de</strong> produção, como os<br />

evi<strong>de</strong>nciados por Silva Lisboa a exemplo do intuito do cativo em dissimular o cumprimento<br />

das ativida<strong>de</strong>s, encarece toda a ca<strong>de</strong>ia produtiva. Nas nações on<strong>de</strong> o homem é livre, <strong>nos</strong><br />

contextos vislumbrados por Silva Lisboa e Smith, existem me<strong>nos</strong> graus <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas, o<br />

produto circula no mercado mais barato em relação àquele produzido pelo escravo. Silva<br />

Lisboa menciona o exemplo da América inglesa, on<strong>de</strong>, com número reduzido <strong>de</strong> <strong>escravos</strong>, os<br />

salários eram mais altos e a produção mais dinâmica em relação às nações escravistas. Nas<br />

nações escravistas os homens ricos são avarentos e mesquinhos, enquanto on<strong>de</strong> prepon<strong>de</strong>ra o<br />

trabalho livre o homem mesmo não sendo abastado logra aliar a acumular fundos<br />

progressivamente, sem os entraves e querelas esteadas no escravismo.<br />

Na observação <strong>de</strong> Smith captada por Silva Lisboa, os <strong>escravos</strong> raramente são<br />

inventivos e as artes e os melhoramentos <strong>nos</strong> maquinários que facilitam a produção resultam<br />

das ações dos homens livres. A inventivida<strong>de</strong> do escravo seria, a seu turno, vista pelo senhor<br />

como uma maneira daquele lançar-se à preguiça e seria, portanto, merecedor <strong>de</strong> castigo.<br />

Nesses argumentos <strong>de</strong> Silva Lisboa encontra-se uma caricatura dos senhores como providos<br />

<strong>de</strong> estrita visão capitalista, empenhados mais nas repressões ao escravo e na manutenção <strong>de</strong><br />

toda uma conformação <strong>de</strong> produção do que buscarem em inventos que aperfeiçoassem a<br />

produção e forjassem outras possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> acumulação <strong>de</strong> ganhos.<br />

Mobilizando-se comparativos, Silva Lisboa aponta, segundo apontou Montesquieu,<br />

nas minas na Hungria, ainda que não tão ricas, o emprego do trabalho livre fazia as <strong>de</strong>spesas<br />

reduzidas e aumentava os lucros, ao passo que nas minas da Turquia o trabalho escravo<br />

tornava a produção onerosa e <strong>de</strong>sprovida <strong>de</strong> maquinários, em oposição à minas da Hungria,<br />

on<strong>de</strong> se prezava, <strong>de</strong> acordo com o autor, pelos maquinários. A facilitação e a brevida<strong>de</strong> do<br />

trabalho como condicionantes para maiores ganhos são características do trabalho livre, e no<br />

escravismo nota-se a vigência do atavismo produtivo <strong>de</strong>vido a criativida<strong>de</strong> alijada dos cativos.<br />

Dentre os exemplos históricos, o Viscon<strong>de</strong> menciona que os gregos e roma<strong>nos</strong> tinham<br />

superstições e preconceitos sobre ativida<strong>de</strong>s agrícolas e comerciais e entregaram-nas aos<br />

<strong>escravos</strong>, porque consi<strong>de</strong>ravam como dignida<strong>de</strong> maior a profissão militar. Resultou a união da<br />

crendice com as falsas i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> glórias em batalhas na carestia e no alto custo dos produtos.<br />

Silva Lisboa enten<strong>de</strong> que a permanência da lucrativida<strong>de</strong> baixa <strong>de</strong>genera as ativida<strong>de</strong>s, a<br />

exemplo da agricultura, porque propicia também a permanência das carestias e da fome. Na<br />

República <strong>de</strong> Platão supôs-se necessário a extensão <strong>de</strong> planícies da Babilônia e o aumento do<br />

contingente <strong>de</strong> <strong>escravos</strong> para a plena alimentação <strong>de</strong> cinco mil homens livres e suas mulheres<br />

e filhos. Assim, a insistência na escravidão apenas enseja i<strong>de</strong>ias que geram mais <strong>de</strong>spesas,<br />

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