projetos de rearranjos sociais: escravos, índios e negociantes nos ...
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Criador do Universo, em <strong>de</strong>fesas da existência <strong>de</strong> equanimida<strong>de</strong> entre os climas concernentes<br />
às potencialida<strong>de</strong>s econômicas, por exemplo. Nesse sentido, o bispo escusa-se em voltar-se às<br />
concepções <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminismos geográficos, sendo sua argumentação orientada pela relação<br />
entre <strong>projetos</strong> <strong>de</strong> incorporação e, pela incorporação, a possibilida<strong>de</strong> das transformações <strong>de</strong><br />
rotinas e conformações <strong>de</strong> relações <strong>sociais</strong>, no caso indígena, cuja reiteração, causadora das<br />
alterida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>preciativas, causa, por conseguinte, entraves aos interesses econômicos da<br />
socieda<strong>de</strong> civilizada. Atinge, a condição <strong>de</strong> vivência em estado <strong>de</strong> natureza, ainda, as querelas<br />
<strong>de</strong> <strong>rearranjos</strong> <strong>de</strong> interesses entre os <strong>de</strong>siguais da civilização. Mas no pensamento <strong>de</strong> Coutinho,<br />
<strong>de</strong>ve-se ressaltar, as sociabilida<strong>de</strong>s selvagens são dissolvidas pela capacida<strong>de</strong> persuasiva do<br />
novo, notadamente as tecnologias que permitem comodida<strong>de</strong>s, mas não a ociosida<strong>de</strong>, ao<br />
contrário, a <strong>de</strong>svinculação para com os dispêndios <strong>de</strong> tempo e esforços com as tarefas físicas<br />
empregar-se-ão no ensino, pelo índio integrado, <strong>nos</strong> ritos e estratégias <strong>de</strong> pertencimentos à<br />
outros conjuntos <strong>de</strong> valores. O exercício da guerra, assim, não se afigurará mais como<br />
rivalida<strong>de</strong>s tribais, pressuporá, contudo, a <strong>de</strong>fesa ou conquista <strong>de</strong> territórios, bem como na<br />
consolidação das instituições <strong>de</strong> um Estado.<br />
4.7 Os exemplos da História<br />
Coutinho menciona, sem discorrer sobre o processo apenas acerca dos resultados, que<br />
a capitania <strong>de</strong> São Vicente <strong>de</strong>veu-se ao índio Tibiriçá; da formação da capitania da Bahia<br />
contribuiu o índio Tabirá; na história da capitania <strong>de</strong> Pernambuco contam os indígenas Itajibá<br />
e Pirajibá; referente ao Maranhão e no Paraná o autor exalta a memória <strong>de</strong> Tomajica e, acerca<br />
do contexto da invasão holan<strong>de</strong>sa no Maranhão, menciona-se Felipe Camarão. Fernão Cortez,<br />
para Coutinho, “não seria tão celebrado na história, ou teria sido pasto daquelas feras, se<br />
não tivesse em seu favor os valorosos <strong>índios</strong> tlascaltecas, inimigos dos jurados dos<br />
mexica<strong>nos</strong>” 14 . Coutinho compilou tais exemplos em a História da América Portuguesa<br />
(1730), <strong>de</strong> Sebastião da Rocha Pitta, no Castrioto Lusitano (1679), do frei Rafael <strong>de</strong> Jesus, e<br />
nas Notícias curiosas e cousas do Brasil (1688), do jesuíta Simão <strong>de</strong> Vasconcelos. A<br />
construção do argumento <strong>de</strong> estima pelos <strong>índios</strong> integrados proce<strong>de</strong>-se pela reabilitação da<br />
concepção holística humanida<strong>de</strong>. “O homem é sempre o mesmo, em toda e qualquer parte do<br />
mundo” 15 . Mas os significados sobre honra ou formas <strong>de</strong> afirmação <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> perante<br />
uma socieda<strong>de</strong> é dispare entre selvagens e civilizados. Na guerra, em conseqüência, entre os<br />
indígenas predomina a tirania e brutalida<strong>de</strong> e a idolatria. Entre os civilizados a poli<strong>de</strong>z e a<br />
14 I<strong>de</strong>m, p. 104.<br />
15 I<strong>de</strong>m, p. 105.<br />
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