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projetos de rearranjos sociais: escravos, índios e negociantes nos ...

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elação aos comércios miúdos, <strong>de</strong> vara e côvado. Segundo Silva Lisboa, os homens <strong>de</strong> grosso<br />

trato seriam, em todos os países, os que fazem o gran<strong>de</strong> movimento mercantil; dão-lhe<br />

impulso porque, notadamente, ao comprarem aos estrangeiros as maiores partidas <strong>de</strong><br />

mercadorias, que distribuiriam aos <strong>negociantes</strong> inferiores e estes ao povo.<br />

O projeto mercantil <strong>de</strong> Silva Lisboa tem <strong>nos</strong> negócios <strong>de</strong> longo curso o instrumento<br />

que, ao relacionar à colônia ao mercado externo, colaboraria nas mutações do comércio<br />

interno, seja a partir do aumento do fluxo <strong>de</strong> trocas, seja pela aproximação entre os múltiplos<br />

grupos comerciais. O projeto do futuro Viscon<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cairu correspon<strong>de</strong> à percepção<br />

hierárquica e, por conseguinte, dos <strong>de</strong>veres aos quais <strong>de</strong>veriam recair sobre os grupos <strong>sociais</strong>.<br />

Assim, os <strong>negociantes</strong> <strong>de</strong> grosso trato afiguraram-se nas consi<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> Silva Lisboa na<br />

condição <strong>de</strong> <strong>de</strong>flagradores do equilíbrio social na colônia, impelido pelo rearranjo no<br />

comércio interno no que concerne à dinâmica <strong>de</strong> negócios, não aos possíveis <strong>rearranjos</strong> na<br />

diversificação <strong>de</strong> estabelecimentos produtivos. Constata-se, assim, outra percepção holística<br />

<strong>de</strong> Silva Lisboa acerca do Brasil, porque, para este autor, não se <strong>de</strong>mandaria instalar<br />

manufaturas nesta colônia, mas sim privilegiar as inter-relações do mercado interno, na<br />

perspectiva do rural e urbano.<br />

Os <strong>negociantes</strong> <strong>de</strong> grosso trato formariam, assim, a hierarquia em cuja socieda<strong>de</strong> o<br />

contingente insuficiente <strong>de</strong> capitais, homens livres e classes superiores, condicionariam ao<br />

estabelecimento, para além das trocas entre peque<strong>nos</strong> comerciantes, o estabelecimento <strong>de</strong><br />

manufaturas incipientes. Articulariam, <strong>de</strong>ssa forma, os <strong>negociantes</strong>, sensíveis mutações na<br />

economia e na socieda<strong>de</strong>, mas na colônia ainda vigeria a “população principal sendo <strong>de</strong><br />

<strong>escravos</strong>, e a <strong>de</strong> brancos e gente livre é pequena e avança mui lentamente. O número <strong>de</strong><br />

indivíduos <strong>de</strong> classes superiores mal chega para dirigir aquele geral trabalho do país, e<br />

ocupar-se <strong>nos</strong> empregos e profissões militares, civis, eclesiásticas, e literárias” 45 .<br />

No projeto <strong>de</strong> Silva Lisboa, os <strong>negociantes</strong> <strong>de</strong> grosso trato seriam os capitalistas<br />

salutares noa instalação das manufaturas. As fábricas estabelecidas como expedientes<br />

econômicos e políticos, os quais assegurariam a moralida<strong>de</strong> da nação, seriam administradas<br />

pelos <strong>negociantes</strong>, <strong>de</strong> reconhecido caráter e espírito público. Os <strong>negociantes</strong>, sob a orientação<br />

estatal, teriam, conforme planejamento <strong>de</strong> Silva Lisboa, garantir, além do consumo, o<br />

agasalho e conforto. As manufaturas e o papel social dos Homens do Livro Gran<strong>de</strong> – segundo<br />

a reputação lhes imputada pelo senso comum, diz o futuro Viscon<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cairu – não atuaram<br />

45 I<strong>de</strong>m, p. 221.<br />

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