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projetos de rearranjos sociais: escravos, índios e negociantes nos ...

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salienta o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> precisar-se a expressão em cultura das classes populares, afastando a<br />

possível criação da i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> homogeneida<strong>de</strong> cultural. Mikhail Bakhtin buscou analisar as<br />

circularida<strong>de</strong>s culturais, Carlo Ginzburg estudou as culturas populares da Europa mo<strong>de</strong>rna<br />

pelo conceito <strong>de</strong> filtros culturais.<br />

Paz <strong>de</strong>lineia, portanto, possibilida<strong>de</strong>s analíticas, passíveis aplicação ao século XIX, e<br />

que neste período sofreu, o argumento da soli<strong>de</strong>z do nacional, o intermédio <strong>de</strong> um projeto,<br />

seja contra as convulsões dos tempos da Revolução Francesa, seja <strong>nos</strong> <strong>de</strong>vires, pela<br />

Revolução, do alcance <strong>de</strong> uma liberda<strong>de</strong> ou libertação do homem. São peculiarida<strong>de</strong>s do caso<br />

europeu, com Estados nacionais formados e cujos repensares do Estado eram acerca <strong>de</strong>ste<br />

nacional já enquanto estado não ainda por consolidar, como no caso do Brasil. Um religião,<br />

uma forma <strong>de</strong> governo, uma forma <strong>de</strong> escrita, enfim, foram observados como capazes <strong>de</strong><br />

imiscuírem a valor nacional, fortalecendo-se as alterida<strong>de</strong>s.<br />

As obras <strong>de</strong> aqui recolhidas Silva Lisboa e Vieira dos Santos permitem analisem<br />

acerca do valor do nacional, da Pátria consolidada em Estado. Em Constituição Moral e<br />

Deveres do Cidadão e na Memória Histórica <strong>de</strong> Paranaguá aparecem as prescrições tanto da<br />

exposição do que é a or<strong>de</strong>m social, como das maneiras pelas quais se <strong>de</strong>ve atuar na socieda<strong>de</strong><br />

ou como sucumbe-se pelo inaplicação dos ensinamentos. Justifica-se o <strong>de</strong>ver os lugares e<br />

<strong>de</strong>veres <strong>sociais</strong> porque é na coesão social que a Pátria aten<strong>de</strong>, maternalmente, aos anseios dos<br />

seus filhos. Respeitá-la é servir aos governantes, à instituição, é i<strong>de</strong>ntificar-se com os valores,<br />

ainda que tais valores sejam, pelas elites, apropriados dos grupos pobres para, moldados aos<br />

interesses <strong>de</strong> um sentido e sentimento nacional, retornem a estes grupos pobres modificados<br />

pelos <strong>projetos</strong> e interesses exóge<strong>nos</strong>.<br />

Na prosa <strong>de</strong> Vieira dos Santos a Pátria pressupõe acolhimento, tanto para os nascidos<br />

no território, como para os estrangeiros. No capítulo primeiro da Memória Histórica o local e<br />

o nacional são aproximados e a povoação <strong>de</strong> Paranaguá é concebida como resultante dos<br />

longínquos <strong>de</strong>sbravamentos dos ban<strong>de</strong>irantes paulistas, em um recorte entre os a<strong>nos</strong> 1500 e<br />

1648, quando a povoação <strong>de</strong> Paranaguá foi elevada à categoria <strong>de</strong> Vila. A História do Brasil,<br />

ao confundir-se com a escala do local, é um recolhimento da domesticação dos <strong>índios</strong>,<br />

reputados como selvagens e antropófagos pelo autor, da exploração das minas, pela superação<br />

dos entraves geográficos, enfim, o índio e a terra são dominados e a narrativa perfaz-se das<br />

ininterruptas porfias vencidas pelos conquistadores portugueses e paulistas durante os séculos.<br />

O advento do Estado brasileiro, em 1822, é precedido, notadamente, pela confluência das<br />

apresentou o piloto-mor Manoel Araújo França, em que requeria que se lhe arbitrasse um salário para <strong>de</strong>itar<br />

fora da barra as embarcações que saíssem.” In: SANTOS, Antonio Vieira dos. I<strong>de</strong>m, p 233.<br />

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