19.04.2013 Views

projetos de rearranjos sociais: escravos, índios e negociantes nos ...

projetos de rearranjos sociais: escravos, índios e negociantes nos ...

projetos de rearranjos sociais: escravos, índios e negociantes nos ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

escravidão são utilizados na argumentação <strong>de</strong> Silva Lisboa também como prenúncios <strong>de</strong> que<br />

aquele agravaria os conflitos <strong>sociais</strong>, para além <strong>de</strong> senhores e <strong>escravos</strong>, ou seja, dar-se-ia nas<br />

relações <strong>de</strong> brancos e negros. Rocha <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>, assim, que em Silva Lisboa encontra-se a crença<br />

<strong>de</strong> serem os brancos superiores aos negros, porque são civilizados, notadamente. O trabalho<br />

livre, sendo consi<strong>de</strong>rado por futuro Viscon<strong>de</strong> como mais econômico, também se apresenta<br />

como o <strong>de</strong>vir do futuro melhor. Segundo Rocha, Silva Lisboa precisava crer no trabalho<br />

escravo como mais oneroso.<br />

O negro é relegado ao conceito <strong>de</strong> bárbaro, <strong>de</strong> modo que o Viscon<strong>de</strong> pensa, por fim,<br />

<strong>nos</strong> problemas da formação da nacionalida<strong>de</strong> brasileira. Rocha salienta que Silva Lisboa não<br />

consi<strong>de</strong>rava apenas a escravidão como um mal, mas também o componente <strong>de</strong>la, o negro. Há<br />

uma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> leitura da obra <strong>de</strong> Silva Lisboa pela preocupação e juízos negativos por<br />

uma “africanização do Brasil”, na sugestão <strong>de</strong> Rocha. Na imaginação <strong>de</strong> reor<strong>de</strong>nações <strong>de</strong><br />

contatos com o continente africano, transcen<strong>de</strong>ndo-se o interesse do tráfico escravo, Silva<br />

Lisboa <strong>de</strong>limita a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> efetivarem-se aquelas apenas quando na África fixarem-se<br />

populações <strong>de</strong> extração européia e homogeneizando-se a socieda<strong>de</strong> e cessando-se o tráfico.<br />

5.5 Silva Lisboa e Maciel Costa<br />

Rocha compara a obra <strong>de</strong> Silva Lisboa com o livro <strong>de</strong> João Severiano Maciel Costa<br />

Memória sobre a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Abolir a Introdução dos Escravos Africa<strong>nos</strong> no Brasil<br />

(1821). Para Rocha, o livro <strong>de</strong> Maciel é programático, no qual o fim da escravidão, para<br />

Rocha, obe<strong>de</strong>ce a um “sonho burguês” da instauração do trabalho assalariado, on<strong>de</strong> se expõe<br />

a incompatibilida<strong>de</strong> entre escravidão e segurança do Estado, porque Maciel notava a<br />

oportunida<strong>de</strong> ser empreendida pelos <strong>escravos</strong> uma revolução. Na leitura <strong>de</strong> Rocha, para<br />

Maciel <strong>de</strong>ver-se-ia, para coibir tal ameaçar, findar com o tráfico <strong>de</strong> <strong>escravos</strong> e, <strong>de</strong>pois com a<br />

escravidão para estabelecer-se no Brasil uma socieda<strong>de</strong> cooperativa. A exemplo <strong>de</strong> Silva<br />

Lisboa, Maciel foi leitor dos economistas clássicos, cujas obras davam-lhe argumento<br />

“científico”, mas era opositor do comércio livre, contrariamente a Silva Lisboa. Rocha julgou<br />

que a obra <strong>de</strong> Maciel é superior a <strong>de</strong> Silva Lisboa, porque se o primeiro tinham um “sonho<br />

burguês”, o segundo <strong>de</strong>fendia os interesses imediatos dos do<strong>nos</strong> da terra e dos <strong>escravos</strong>, sendo<br />

que nestes a i<strong>de</strong>ia do livre comércio significava a propensão <strong>de</strong> comerciar seus produtos em<br />

âmbito internacional com melhores preços.<br />

confrontação possível este pesquisador que privilegia as observações sobre o crescimento do mercado interno e<br />

as práticas <strong>de</strong> acumulação das elites coloniais em <strong>de</strong>trimento dos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> relações <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência das elites<br />

coloniais para com a metrópole.<br />

36

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!