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Igreja Luterana - no 1 - 2004<br />
Assim é também com todas as demais pessoas. E não só as pessoas,<br />
mas também a própria natureza aguarda a sua libertação deste estado de coisas<br />
a qual está sujeita em virtude da corrupção humana. Fazemos parte desta ex-<br />
pectativa da outra vida unicamente porque nos foi dado confiar que Deus é<br />
verdadeiro na sua afirmação de que somos seus filhos por causa de Jesus.<br />
Isto tudo nos coloca diante do próximo e diante das demais criaturas<br />
não mais corno os juízes que por natureza queremos ser. O fato de termos<br />
esta vida de presente nos coloca como devedores e servos diante de todos<br />
nesta outra vida que nos foi doada em Cristo.<br />
O que entendemos por vida define também a nossa atitude diante<br />
dos outros. Se vida é vida que temos como graça absoluta de Deus, então<br />
essa vida também pertence aos demais por graça absoluta de Deus.<br />
É deveras enganoso o título que a versão Almeida dá ao capítulo 14.<br />
Passa a impressão de que aí se inicia um novo assunto. Na verdade toda a<br />
exposição teológica da carta é o pano de fundo no qual as recomendações<br />
práticas são autenticadas. Tolerância, caridade e liberdade são aspectos da<br />
vida cristã cuja natureza se define em Cristo e por causa dele. Por causa de<br />
Cristo a humanidade está diante de uma realidade dupla: uma é a experiên-<br />
cia marcada pelo pecado e pela lei; outra é a experiência marcada pela<br />
promessa e vivida em fé. Isso leva o apóstolo a conversar com os crentes<br />
em Cristo para dizer que nenhum de nós vive para si mesmo.<br />
"Foi para esse fim que Cristo morreu e ressurgiu: para ser Senhor"<br />
(v.9). "Jesus é Senhor" é afirmação poderosa e desafiadora no contexto<br />
apostólico. Nós confessamos diante do mundo que ele está acima e além de<br />
todos, mortos e vivos. E, para que fim? Com o fim de calar todos os julga-<br />
mentos humanos e estabelecer o seu julgamento. E este é o julgamento que<br />
somente ele se pode permitir: isentar de culpa o pecador, o faltoso, o conde-<br />
nado pela lei.<br />
Então Paulo aponta para a realidade em que esta visão de vida é<br />
essencial: "Tu, porém, porque julgas o teu irmão? E tu, por que desprezas o<br />
teu?" (v. 10).<br />
A Reforma luterana expressa essa compreensão quando estabelece<br />
que o objetivo da pregação do evangelho e da palavra de Deus tem por<br />
pressuposto a absoluta corrupção do gênero humano. O objetivo da prega-<br />
ção está oculto no evangellio. Tão oculto que somente a ação do Espírito<br />
Santo atuando por meio do evangelho pode revelar esta nova realidade ao<br />
ser humano e levá-lo a fé.<br />
Não estanios no mundo para julgar as pessoas nas suas fraquezas e<br />
fragilidades porque este não é objetivo pelo qual Deus se aproxima do ser<br />
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