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Igreja Luterana - no 1 - 2004<br />

Quando se aplica a autonomia? Tomo como base o escrito de Lutero:<br />

Fundamento e Motivação da Escritura para o Direito e a Autoridade<br />

de uma Assembléia ou Comunidade Cristã Julgar sobre Toda<br />

Doutrina, Chamar, Nomear e Demitir Professores (Pelo Evangelho<br />

de Cristo, p. 193 - 202). Creio que há princípios claros que podem ser<br />

extraídos do referido escrito, a fim de nos auxiliar a responder a pergunta<br />

formulada. Destaco o seguinte sobre o título do escrito: " ... o direito e a<br />

autoridade de uma assembléia ou comunidade cristã julgar sobre toda<br />

doutrina ...". Em meados de 1522, os cristãos de Leisnig, na Saxônica,<br />

chamaram dois pastores evangélicos, rejeitando um padre católico que tinha<br />

sido indicado pela autoridade eclesiástica local. Tendo havido conflito<br />

daqueles cristãos com a autoridade religiosa, procuraram o apoio de Lutero.<br />

Provavelmente, o escrito acima mencionado é a resposta de Lutero a consulta<br />

feita pela comunidade de Leisnig.<br />

A comunidade cristã tem autonomia para julgar doutrina. Não cabe a<br />

ninguém de fora da congregação, seja lá quem for, pretender impor como<br />

doutrina algo que contraria a Escritura Sagrada ou seja estranho a ela. " ...<br />

nessa questão de julgar doutrina, admitir e demitir professores ou pastores,<br />

não se deve ligar em nada para lei humana, direito, tradição antiga, costume,<br />

hábito, tanto faz se fixados pelo papa ou imperador, príncipe ou bispo"<br />

(Fundamento e Motivação ... , Pelo Evangelho de Cristo, p. 192).<br />

Segundo Lutero, os cristãos de um modo geral têm o direito e o poder de<br />

julgar a doutrina. Baseia-se em Jo 10.27, 10.5 e 10.8. Com isso, o Reformador<br />

derruba a tese de que o julgamento da doutrina devesse ser entregue<br />

exclusivamente aos bispos e concílios, obrigando todo o mundo a considerar<br />

certo e como artigo de fé o que fosse resolvido por aqueles. " ... a alma da<br />

pessoa humana é algo eterno, acima de tudo que é temporal; por isso ela<br />

deve ser regida e determinada apenas pela palavra eterna" (Ibid, ibidem,<br />

p. 194). Ouvintes da palavra, portanto, têm não apenas o poder e o direito<br />

de julgar o que é pregado e ensinado, como também o dever, a fim de não<br />

correrem o risco de cair sob o juizo de Deus.<br />

A tese defendida por Lutero no escrito em questão leva-nos também<br />

a reconhecer os limites da autonomia da congregação. A imposição de<br />

algo contrário ou estranho a Escritura Sagrada não pode ser aceita quando<br />

vem de fora para dentro ... mas, da mesma forma, se a tentativa surgir de<br />

dentro da própria congregação. Os falsos profetas mencionados em Mt<br />

7.15 podem estar presentes no interior da comunidade cristã. Caso os<br />

cristãos em tal situação ignorarem o equívoco de um determinado ensino<br />

e, cegos, se apegarem ao que ouvem, embora contrário a doutrina pura<br />

conforme a Escritura, estarão empregando muito mal o direito a autonomia,<br />

recorrendo a ele em prejuízo as suas almas. Adotarão, em tal caso, um

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