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Igreja Luterana - no 1 - 2004<br />
será sempre regida pela "lei" do amor, fruto da ação do evangelho gracioso<br />
e libertador na vida do crente. Dentro do corpo de Cristo, a "lei" do amor<br />
constrange-nos ao cumprimento dos dois grandes mandamentos: buscar a<br />
glória de Deus e o bem do próximo. Com tal objetivo em vista, reagimos<br />
diante dos adiaforos "de acordo com a maneira que for a mais útil e a mais<br />
edificante para a congregação de Deus. Mas que se evite nisso toda<br />
leviandade e ofensa, e poupem-se especialmente, com todo o zelo, os fracos<br />
na fé" (Fórmula de <strong>Concórdia</strong>, Artigo X, Epítome 43, Livro de <strong>Concórdia</strong>,<br />
p. 530). Movida pela graça de Deus, a congregação agirá pela "lei" do<br />
amor no exercício de sua autonomia, buscando aquilo que for mais útil e<br />
mais edificante para a congregação de Deus, evitando leviandade e<br />
ofensa, cuidando para poupar especialmente os fracos na fé. Aplicando<br />
isso a figura do corpo, seus membros terão especial atenção em promover<br />
aquilo que é útil para o corpo e o edifica. A idéia do coletivo, portanto, está<br />
muito presente nos critérios estabelecidos pela Formula de <strong>Concórdia</strong>. Eles<br />
deixam fora qualquer inclinação individualista ou egoísta no trato com os<br />
adiáforos. Só aceita isso, todavia, o coração que age em amor, movido pelo<br />
evangelho da graça. Nunca esqueçamos que o fato de pertencermos ao<br />
corpo é evangelho puro!<br />
3. A AUTONOMIA DA CONGREGAÇÃO NA RELAÇÃO COM O SÍNODO<br />
A Igreja Evangélica Luterana do Brasil apresenta-se como igreja<br />
sinodal. Como tal ela se administra. Dentro do Sínodo, todavia, as<br />
congregações consideram-se autônomas, independentes. Não é preciso<br />
pensar muito para se concluir que a presença de congregações autônomas<br />
e independentes dentro de uma igreja que se vê como sinodal, significa, vez<br />
que outra, o surgimento de tensão. Nela, uma questão aparece: o que<br />
prevalecerá, o espírito sinodal ou o da autonomia? Creio que, a rigor, não há<br />
necessidade de um prevalecer sobre o outro, pois eles podem conviver lado<br />
a lado, embora as vezes em meio à tensão. A razão para ter tal convicção<br />
seguira exposta nas próximas linhas.<br />
Diferentemente da congregação, o Sínodo, embora organização<br />
eclesiástica, é de feitura humana, não divinamente ordenado como o é a<br />
congregação. Será isso um fator de descrédito ao Sínodo? Razão para ser<br />
ignorado em determinadas ocasiões? Certamente que não. Vejamos:<br />
organizar-se em sínodo ou não, é adiáforo. No entanto, concordam os<br />
membros de uma igreja que tal organização é "útil e promove a edificação"<br />
do corpo de Cristo. Movidos pela graça divina, procurarão agir em amor<br />
para que o corpo seja edificado, a fim de promover a glória de Deus e o<br />
bem do próximo. Vêem na forma sinodal a maneira adequada para dela se