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Igreja Luterana - no 1 - 2004<br />
valer com vistas ao fim desejado. Para chegar a ele, é preciso seguir a<br />
recomendação do apóstolo Paulo em 1 Co 14.40, que tudo seja feito com<br />
ordem e decência. Cristãos, portanto, têm o direito e o dever de se<br />
organizarem, a fim de que possam coordenar os esforços para a proclamação<br />
das boas novas do evangelho. As igrejas do Novo Testamento eram<br />
organizadas. Os cristãos daquela época não eram obrigados a adotar um<br />
padrão organizacional específico. Podiam ajustar os modelos organizacionais<br />
as necessidades de cada situação. O fator determinante para os ajustes<br />
não era simplesmente conveniência ou preferência pessoal, contudo o que<br />
melhor serviria à causa do evangelho.<br />
Na segunda convenção sinodal do Sínodo de Missouri, em 1848,<br />
C.F.W. Walther definiu os objetivos da organização sinodal e os limites<br />
de sua autoridade, valendo-se de uma alocução que se tornou famosa.<br />
Esta se encontra na revista Vox Concordiana, Suplemento Teológico,<br />
Ano 10, Número 2, ano de 1995, sob o título: Poder e Autoridade na<br />
Igreja. Segundo ele, o poder do Sínodo é o poder da Palavra, "porque<br />
Cristo deu a seus servos apenas esse poder e nenhum outro, e porque<br />
até mesmo os santos apóstolos não se apropriaram de nenhum outro<br />
poder e por isso advertiram seriamente os servos da igreja para que não<br />
reivindicassem qualquer outro poder" (p. 5). A palavra é a palavra de<br />
Cristo, a cabeça do corpo. Portanto, o poder vigente é o poder de Cristo,<br />
ao qual se dobram tanto o Sínodo quanto as congregações, ou seja, a<br />
igreja como um todo. Nesse sentido, qual é, pois, a autonomia tanto de<br />
um quanto de outro? A autonomia conferida pela Palavra, o que evitará<br />
que haja imposição de um sobre o outro. Não caberá ao Sínodo exigir<br />
das congregações um procedimento contrário a Palavra. Igualmente,<br />
não caberá a uma ou mais congregações arrogar(em) para si qualquer<br />
adesão a uma "verdade" não confessada pelos demais membros do<br />
Sínodo (corpo), em acordo com a Palavra. A tensão poderá surgir em<br />
determinados momentos, mas a solução sempre brotará do respeito aos<br />
limites demarcados pela autonomia conferida pela Palavra. O que vem<br />
a ser tal respeito, senão fé na Palavra?<br />
Quando uma das partes (Sínodo ou congregação) reivindica um poder<br />
na igreja além do poder da Palavra, estará, segundo Walther, ambicionando<br />
a coroa real de Cristo, o único rei verdadeiro. "Eles estão procurando separar<br />
Cristo, a única cabeça verdadeira, de sua igreja e estão presunçosamente<br />
tentando ser cabeças de seu corpo espiritual" (p. 8). Se lembrarmos<br />
novamente que a raiz da igreja se encontra no seu relacionamento vertical,<br />
a conclusão sobre o que acontecerá em tal caso, é óbvia.<br />
Ainda na mencionada alocução, Walther afirma que "as congregações