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Igreja Luterana - no 1 - 2004<br />
Nós, seres humanos, imaginamos o perfeito e o belo. Produzimos<br />
obras de arte, conhecimento, projetamos coisas brilhantes para o futuro so-<br />
mente baseados naquilo que é da nossa experiência.<br />
A NTLH traduz o v. 20 como "Pois o Universo se tomou inútil",<br />
enquanto que ARA traduz "Pois a criação está sujeita à vaidade". Já o NT<br />
interlinear prefere: "Pois à futilidade a criação foi sujeita".<br />
O programa Polêmica da Rádio Gaúcha AM discute se a mídia passa<br />
a idéia de que o salvamento de uma baleia encalhada na praia merece uma<br />
atenção maior do que um pobre morrendo na calçada de uma rua qualquer.<br />
"Toda a criação geme e suporta angústias até agora" é a constatação de<br />
Paulo no seu tempo. Paulo observa o comportamento humano e diz que "o<br />
tempo presente" não merece o crédito que se lhe tenta atribuir. Tudo que se<br />
promete ou toda expectativa que se projeta sobre o ser humano e sobre<br />
"este Universo" é inútil, é vaidade, é futilidade.<br />
Esta constatação é a lei que deve ser anunciada. Mesmo quando<br />
cristãos se aproximam de Deus em oração na impressão de que a sua pes-<br />
soa, o seu grupo ou na sua vida Deus possa preservá-lo da experiência<br />
dessa realidade que sempre de novo se mostra inútil e fútil. Pois ao desejar<br />
ser preservado o ser humano revela a falta de solidariedade que é a carac-<br />
terística mais marcante que ficou do pecado dos nossos pais. A natureza<br />
humana quer inclusive que Deus esteja a seu serviço para idolatrar-se a si<br />
própria. Há até quem pregue que o sacrifício e a ressurreição de Cristo<br />
justificam que o crente pode esperar de Deus uma vida neste mundo livre<br />
de dor, doença, sofrimento e pobreza.<br />
Os que assim pensam ou crêem não reconhecem suficientemente a<br />
profundidade da queda em pecado. O apóstolo faz eco à palavra de Cristo:<br />
"Ajuntai tesouros onde a traça e a ferrugem não corroem."<br />
A redenção que aguarda os filhos de Deus não se compara a nada do<br />
que nós pensamos ou sonhamos. É uma glória capaz de apagar da memória<br />
qualquer reminiscência de dor ou sofrimento. O universo anseia por ver os<br />
filhos de Deus tomarem posse dessa glória porque essa glória implica na<br />
nova criação, no novo céu e na nova terra, de que testemunha João no<br />
Apocalipse.<br />
Em Cristo somos cidadãos dessa eternidade. O corpo que constante-<br />
mente nos lembra da mortalidade e da fraqueza, esse corpo foi redimido na<br />
cruz e aguarda a sua redenção definitiva. Mas até lá, a vida nada mais é do<br />
que vaidade. É um esforço inútil iludir-nos com os sonhos de juventude, de<br />
sucesso, de riquezas com que o mundo e até alguns movimentos religiosos<br />
nos bombardeiam na mídia.