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Igreja Luterana - no 1 - 2004<br />
no testemunho das Escrituras a respeito dos pontos em destaque. Assim<br />
Lutero chama a atenção não de si mesmo, mas de uma autoridade acima<br />
dele. Através de uma sinédoque8, "passagens neste sentido há muitas<br />
espalhadas pela Escritura", e de uma veprehensio9 ''e não quero<br />
sobrecarregá-los com muitas passagens bíblicas", Lutero quer deixar claro<br />
na mente de seus ouvintes o seu ponto: que todos são "fillios da ira", tendo<br />
uma argumentação verdadeira e clara, sem exceção.<br />
Segunda Parte (p. 1, 29-p. 2,19) - Fé em Cristo liberta o pecador<br />
Ao ponto negativo anterior, Lutero agora coloca uma assertiva positiva:<br />
estamos livres da ira de Deus através de Cristo. E isto é verdade porque o<br />
Novo Testamento dá testemunho desta verdade. Ao lado da morte, Lutero<br />
apresenta mais um inimigo do cristão, o diabolo, e a vitória sobre ele requer<br />
o testemunho das Escrituras.<br />
Terceira Parte (p. 2,20-p. 3,lO) - Amor é fruto e prova de fé<br />
Agora estamos diante dc uma confrontação e de uma exortação. Ao<br />
relacionar Wittenberg a Cafarnaum", onde a teoria e prática da fé não se<br />
concretizaram, Lutero chama a atenção de seus "caros amigos"<br />
contrastando-os com um burro. Lutero aqui confronta seus amigos não<br />
somente pela falha na ação dos mesmos, mas também sua própria identidade<br />
como cristãos. Para resolver este problema, Lutero constrói uma definitio:<br />
"Caros amigos, o reino de Deus não consiste de fala ou de palavras, mas de<br />
força e de ação. Pois Deus não quer ter apenas ouvintes e repetidores, mas<br />
seguidores e praticantes, que cumprem a palavra, se exercitam na fé que<br />
tem sua força no amor". Aqui está a exortação; se por um lado seus ouvintes<br />
são colocados contra a parede, por outro, Lutero tem o cuidado de exortar e<br />
ensinar a partir do que a Escritura tem a dizer conforme 1 Co.<br />
Quarta Parte (p. 3,llss.) - É necessária a paciência com nosso pró-<br />
ximo<br />
Essa quarta parte começa com um "nós", o que nos ajuda a perceber<br />
a intenção de Lutero de manter um ponto de contato com seu auditório.<br />
Do grego ovv~~6oqç 'sincdoquc, figura dc palavras que consiste cm cmprcgar um tcnno cm um<br />
scntido mais abrangcntc', do v. ovv~6~qop~wf 'comprccndcr, abarcar ao mesmo tcmpo<br />
Figura quc procura corrclacionar ccrta cmoção, consolo, restrição. Aqui ela C usada no scntido<br />
dc não sobrccarrcgar os ouvintcs com um númcro dcsncccssário dc passagens biblicas.<br />
"' Em uma corrcspondencia a Espalatino, dc 13 dc março, Lutcro relaciona Karlstadt como sendo<br />
o Satanás quc sc cstabclcccu cm Wittcnberg contra o cvangclho.<br />
" Lutcro tem cm mente o texto dc Mt 11.23: "Tu, Cafarnaum, clcvar-te-ás, porvcntura, atc ao<br />
ccu? Dcsccrás atC ao infcmo; porquc, sc cm Sodoma sc tivcsscm opcrado os milagres quc cm ti<br />
sc fizeram, tcria ela pcrmanccido até ao dia de hojc".