Um Novo Modelo para o Setor Elétrico Brasileiro
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Anexo 3<br />
Planejamento energético – questões e alternativas*<br />
A.3.1. A ESTRUTURAÇÃO NECESSÁRIA DO SISTEMA DE PLANEJAMENTO<br />
As profundas reformas experimentadas pelo sistema energético<br />
evidenciavam a necessidade de reestruturação das atividades de planejamento,<br />
enquanto função acessória das atividades de regulação e de elaboração de políticas<br />
governamentais. Todavia, o posicionamento (ou a ausência de posicionamento)<br />
governamental quanto a essa necessidade, durante a execução das reformas<br />
setoriais, resultou em uma inicial desestruturação desta atividade.<br />
Diversamente das novas instâncias originadas a partir da reforma setorial,<br />
criadas por lei (a exemplo da ANEEL e do ONS), a organização do planejamento<br />
setorial resultou de uma Portaria do Ministério das Minas e Energia (n o 150, de<br />
10.05.99) que criou o CCPE – Comitê Coordenador de Planejamento da Expansão<br />
dos Sistemas <strong>Elétrico</strong>s, estabelecendo as diretrizes e princípios básicos de sua<br />
estruturação.<br />
O primeiro aspecto a ser anotado refere-se à demora na formalização do<br />
órgão de planejamento, tendo em vista que a privatização no setor elétrico iniciouse<br />
em julho de 1995. À falta de interesse em se implantar efetivamente o CNPE –<br />
Conselho Nacional de Política Energética, seguiu-se um período de quase três anos,<br />
após sua criação, no qual esse Conselho não se reuniu.<br />
A própria forma de estruturação do órgão responsável pela coordenação do<br />
planejamento pode ser considerada pouco sólida, pois enquanto comitê constituiuse<br />
na forma de um grupo de assessoria, com reuniões que podem ser muito ou<br />
pouco episódicas condição que, normalmente, não apresenta a estabilidade de uma<br />
autarquia ou órgão governamental. Destarte, a estrutura conferida ao CCPE não<br />
atende a um requisito fundamental das atividades de planejamento, qual seja a da<br />
continuidade - do processo seqüencial e ininterrupto. Ao contrário, a forma de<br />
estruturação em comitês, com participação não obrigatória das concessionárias,<br />
tende a situar a atuação do CCPE muito mais próxima à de produção ‘por lotes’.<br />
Os fatos verificados permitem questionar que, subjacente à aparente<br />
condição de “falta de prioridade” ou “desinteresse governamental” o que houve foi,<br />
ao contrário, o forte interesse em se manter uma condição, — cômoda, pouco<br />
transparente e nada neutra —, da possibilidade de pequenos grupos de pessoas<br />
tomarem decisões envolvendo vultosos investimentos (Programa Prioritário da<br />
Termelétricas, Programa de 3 mil km de Linhas de Transmissão, Recomposição<br />
Tarifária, Seguro Apagão, entre outros).<br />
Mesmo a parte da estrutura que deveria dar essa condição de continuidade e<br />
constituir assim seu ‘braço técnico’, que é sua secretaria executiva, dependerá da<br />
ELETROBRÁS e de seu corpo técnico. Neste aspecto há que se destacar o<br />
desmantelamento da área de planejamento da ELETROBRÁS além do fato de que,<br />
no novo modelo setorial seus trabalhos de coordenação estão sendo questionados<br />
pelos novos agentes do setor, sob o argumento de que, na nova dinâmica<br />
concorrencial do setor elétrico, ela representa também um competidor com<br />
interesses no mercado.<br />
Ainda não se dispõe de informações sobre como será o processo de escolha<br />
do representante do Conselho de Consumidores. Outro aspecto que dificulta a<br />
análise deste novo elemento é o fato de que será escolhido como representante<br />
único de todos os segmentos sociais e econômicos que irão consumir a energia<br />
gerada pelo sistema.<br />
A.3.1