Um Novo Modelo para o Setor Elétrico Brasileiro
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1.3. ELEMENTOS DO DEBATE INTERNACIONAL SOBRE MODELOS E<br />
REESTRUTURAÇÃO<br />
1.3.1. INTRODUÇÃO<br />
Após quase duas décadas do início dos processos de liberalização<br />
econômica dos serviços de infra-estrutura em vários países, uma série de<br />
conseqüências não previstas, dificuldades e falhas levaram a comunidade<br />
científica, os formuladores de políticas e os seus implementadores,<br />
governantes de vários países, a voltar ao debate em torno dos limites,<br />
impostos pela prática, à vigência de uma economia de mercado total, ou<br />
mesmo parcialmente desregulamentada <strong>para</strong> a prestação de tais serviços e<br />
em que medida. A discussão em torno da indústria elétrica ganhou<br />
preponderância, não apenas por sua importância intrínseca, mas também a<br />
partir de fatos como a necessidade de promover um pacto federativo na<br />
Europa unificada, <strong>para</strong> o qual o rumo que tomará esta indústria, nos vários<br />
países, é crucial; a intensidade da crise no abastecimento de energia<br />
ocorrida na Califórnia, em 2001, formalmente imputada aos erros do<br />
modelo de liberalização ali implementado, e, também, a crise ocorrida no<br />
Brasil, no mesmo ano, e, da mesma forma que na Califórnia, atribuída, pela<br />
comunidade científica internacional e nacional, a falhas na avaliação do<br />
contexto e das características peculiares do sistema elétrico brasileiro, e no<br />
próprio processo de reestruturação do setor12.<br />
A reestruturação do setor elétrico, em âmbito internacional, foi<br />
calcada na destituição dos monopólios legais e/ou comerciais existentes, e<br />
na segmentação da indústria em atividades que constituiriam monopólios<br />
naturais, basicamente aquelas que dependem das redes: transmissão e<br />
distribuição; e em outras que poderiam ser expostas a um ambiente de<br />
competição, ou seja, geração e comercialização. A privatização dos ativos<br />
não se constituiu na questão essencial dessa formulação, exceto, em certa<br />
medida, <strong>para</strong> os países em desenvolvimento, premidos pelos acordos<br />
econômicos com agências multilaterais, e sim a promoção da competição.<br />
Todavia, este tornou-se o ponto mais frágil das reformas, sobretudo no<br />
segmento de geração, no qual a possibilidade de abuso de poder de<br />
mercado e de práticas anti-competitivas pode repercutir em danos a toda a<br />
cadeia da indústria elétrica e, certamente, à atividade econômica.<br />
1.3.2. A PROBLEMÁTICA<br />
A despeito da assunção do potencial competitivo existente, em tese,<br />
nos segmentos de geração e comercialização, sobretudo na geração,<br />
Drillisch & Riechmann (1998) 13 comentam:<br />
“Several autohors have, however, cautioned enthusiasm about the<br />
likely intensity of competition at the generation/whosale level<br />
(Joskow & Schmalensee [1983]; Green & Newbery [1992]; von der<br />
12 Entre outros: NEWBERY, D. Issues and options for restructuring electricity supply industries. DAE Working Paper<br />
WP 0210/CMI Working Paper 01. Cambridge: Massachusetts Institute of Technology Center for Energy and<br />
Environmental Policy Research, 2002. SAUER, I.L. Energia elétrica no Brasil contemporâneo: reestruturação, questões<br />
e alternativas. In: BRANCO, A.M. Crise de desenvolvimento e crise de energia: a antevisão de Catullo Branco.São<br />
Paulo: Paz e Terra, 2002.<br />
13 DRILLISCH, J.; RIECHMANN, C. Liberalisation of electricity supply industry: evaluation of reform policies. EMI<br />
Working paper 98/5. Cologne/Tokyo: Central Research Institute of Electric Power Industry (CRIEPI) and Institute of<br />
Energy Economics at the University of Cologne (EWI), 1998.<br />
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