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Um Novo Modelo para o Setor Elétrico Brasileiro

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e tarifas praticados anteriormente à reforma liberal. Ao invés de vale-luz, de<br />

vale-gás, vale-transporte, bolsa-escola e outros mecanismos focalizados,<br />

todos os recursos seriam canalizados e orientados por programa integral de<br />

promoção da cidadania. Assim, o <strong>Setor</strong> Energético daria uma contribuição,<br />

inteiramente ao seu alcance, <strong>para</strong> a construção de um País mais justo e<br />

digno.<br />

2.4. REGULAÇÃO E CONTROLE SOCIAL<br />

As 8 acima, 28 características do setor elétrico e sua essencialidade <strong>para</strong> a<br />

vida, conferem conteúdo e densidade política à sua organização e gestão. A<br />

disputa política, em torno dos serviços públicos e da exploração dos<br />

recursos naturais de propriedade pública, pode ser resumida em duas<br />

concepções filosoficamente distintas: ênfase absoluta na hegemonia do<br />

mercado ou ênfase no controle social.<br />

A concepção que propugna a hegemonia do mercado está subjacente<br />

à atual reestruturação do <strong>Setor</strong> <strong>Elétrico</strong> <strong>Brasileiro</strong>. Subordinando-se à<br />

concepção do Estado mínimo, impõe a hegemonia absoluta do “Mercado”<br />

como instrumento alocador de recursos e distribuidor de benefícios. Esta<br />

concepção conduz à esfera privada <strong>para</strong> prover todos os serviços públicos,<br />

mantendo-se o Estado como mediador <strong>para</strong>, teoricamente, assegurar<br />

qualidade, disponibilidade e preços, via instrumentos regulatórios — no caso<br />

de monopólios — e como promotor da concorrência — nos segmentos<br />

competitivos. No limite, esta concepção:<br />

1) transfere a exploração do espaço econômico a grupos privados<br />

externos ou internos, sempre com hegemonia da esfera financeira<br />

e especulativa, com graves conseqüências <strong>para</strong> tecnologia, níveis<br />

de emprego, e utilização de recursos nacionais;<br />

2) pretende transformar usuários e cidadãos em consumidores e<br />

clientes, alterando, de forma profundamente excludente, o<br />

conceito e a natureza inerente aos serviços públicos como<br />

instrumento de afirmação da cidadania e dos direitos humanos –<br />

pois o acesso, tanto em termos de quantidade quanto de<br />

qualidade, fica restrito às camadas afluentes da população.<br />

<strong>Um</strong>a alternativa voltada ao controle social não pode prescindir da<br />

rearticulação da política energética e da recuperação da função do<br />

planejamento, dentro de um quadro de revisão do papel do Estado e do<br />

aprofundamento da democracia. Em seguida, o <strong>Setor</strong> <strong>Elétrico</strong> deve ser<br />

repensado a partir de outra concepção. Esta nova concepção de organização<br />

do setor elétrico não exclui os instrumentos de mercado, mas reconhece as<br />

suas limitações intrínsecas no campo dos serviços públicos. A experiência<br />

no Brasil e em outros países demonstra que o controle social e regulação<br />

democrática têm sido os únicos instrumentos eficazes <strong>para</strong> buscar o<br />

controle da qualidade, a modicidade das tarifas e a universalização do<br />

acesso.<br />

28 De: SAUER, I.L. Energia elétrica no Brasil contemporâneo: a reestruturação do setor, questões e alternativas. In:<br />

BRANCO, A.M. Crise de desenvolvimento e crise de energia: a antevisão de Catullo Branco. São Paulo: Paz e<br />

Terra, 2002.<br />

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