Dissertação Eliane Costa - Sistema de Bibliotecas da FGV ...
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Expressões Culturais, publica<strong>da</strong> pela UNESCO em outubro do ano seguinte 251 , com<br />
gran<strong>de</strong> participação do Brasil em sua elaboração, preconiza a utilização <strong>da</strong>s novas<br />
tecnologias “[...] para incrementar o compartilhamento <strong>de</strong> informações, aumentar a<br />
compreensão cultural e fomentar a diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s expressões culturais [...]”,<br />
registrando, porém, o alerta sobre os riscos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sequilíbrio entre países ricos e pobres.<br />
Castells consi<strong>de</strong>ra que a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> po<strong>de</strong> sufocar, incentivar ou priorizar<br />
caminhos para seu <strong>de</strong>senvolvimento tecnológico, principalmente por intermédio do<br />
Estado:<br />
Sem dúvi<strong>da</strong>, a habili<strong>da</strong><strong>de</strong> ou inabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> as socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s dominarem a<br />
tecnologia e, em especial, aquelas tecnologias que são estrategicamente<br />
<strong>de</strong>cisivas em ca<strong>da</strong> período histórico, traça seu <strong>de</strong>stino a ponto <strong>de</strong> po<strong>de</strong>rmos<br />
dizer que, embora não <strong>de</strong>termine a evolução histórica e a transformação<br />
social, a tecnologia (ou sua falta) incorpora a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> transformação<br />
<strong>da</strong>s socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s, bem como os usos que as socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s, sempre em um<br />
processo conflituoso, <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>m <strong>da</strong>r ao seu potencial tecnológico. (Castells,<br />
2009)<br />
As consi<strong>de</strong>rações até aqui coloca<strong>da</strong>s remetem <strong>de</strong> volta à i<strong>de</strong>ia que ilustrou a<br />
Introdução <strong>de</strong>ste trabalho, toma<strong>da</strong> como ponto <strong>de</strong> parti<strong>da</strong> para o estudo dos caminhos<br />
brasileiros <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> políticas públicas relaciona<strong>da</strong>s ao contexto digital.<br />
Suscitam, também, uma reflexão acerca <strong>da</strong> temática do território neste âmbito, já que as<br />
políticas públicas <strong>de</strong> um país são, por natureza, restritas às suas fronteiras, enquanto<br />
que, ao se referirem ao cenário <strong>da</strong>s re<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> caráter intrinsecamente <strong>de</strong>sterritorializado,<br />
os esforços <strong>de</strong> regulação têm, comumente, que se relacionar com iniciativas e <strong>de</strong>cisões<br />
exógenas, que se dão no âmbito <strong>de</strong> relações internacionais frequentemente marca<strong>da</strong>s por<br />
prevalências geopolíticas e econômicas. (Lemos, R., 2005)<br />
Dessa forma, o cenário global <strong>de</strong> divisão digital já mencionado sublinha a<br />
importância <strong>de</strong> políticas públicas que não somente estimulem, em seu território <strong>de</strong> ação,<br />
o amplo acesso aos recursos digitais, mas possam contribuir para o fortalecimento <strong>da</strong><br />
expressão <strong>de</strong>mocrática e <strong>da</strong> diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> cultural na internet – incluindo-se aí a<br />
plurali<strong>da</strong><strong>de</strong> linguística 252 – nesse ambiente que confere ressonância ilimita<strong>da</strong> ao que ali<br />
trafega.<br />
251<br />
A Convenção entrou em vigor internacional em março <strong>de</strong> 2007, e foi promulga<strong>da</strong> pelo Brasil em<br />
agosto do mesmo ano.<br />
252<br />
Segundo <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> Internet World Stats para 30/06/2009, os usuários <strong>de</strong> língua inglesa conectados à<br />
re<strong>de</strong> representa 27,3%, seguido pelos <strong>de</strong> língua chinesa, que alcançam 22,6%. A comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> lusófona<br />
correspon<strong>de</strong> a apenas 4,2%. Disponível em (http://www.internetworldstats.com/stats7.htm). Acesso em<br />
12/06/10.<br />
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