Dissertação Eliane Costa - Sistema de Bibliotecas da FGV ...
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ci<strong>da</strong>dãos, no que se refere à liber<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão, à privaci<strong>da</strong><strong>de</strong> e ao amplo direito <strong>de</strong><br />
acesso à re<strong>de</strong> em todo o país, questões cruciais que, <strong>de</strong>ssa forma, permanecem no vácuo.<br />
Isso porque, apesar dos 15 anos <strong>de</strong> acesso público à internet, o Brasil ain<strong>da</strong> não dispõe<br />
<strong>de</strong> qualquer regulamentação nesse sentido. Trata-se, portanto, <strong>de</strong> um marco regulatório<br />
incontornável e inadiável – que representará as escolhas do Brasil no contexto <strong>da</strong>s re<strong>de</strong>s<br />
e tecnologias digitais – que se relaciona diretamente com as políticas públicas do<br />
Ministério <strong>da</strong> Cultura para a cultura digital.<br />
A situação se mostra ain<strong>da</strong> mais crítica diante <strong>da</strong>s tensões que marcam, hoje, o<br />
contexto <strong>da</strong>s re<strong>de</strong>s, tanto na esfera nacional quanto na internacional, ilustra<strong>da</strong>s pela<br />
recente retoma<strong>da</strong> <strong>da</strong>s discussões sobre o projeto <strong>da</strong> Lei Azeredo no Legislativo<br />
brasileiro, pela polêmica internacional relaciona<strong>da</strong> ao caso Wikileaks 389 e pelas ameaças<br />
ao princípio <strong>de</strong> neutrali<strong>da</strong><strong>de</strong> na re<strong>de</strong> <strong>de</strong>teta<strong>da</strong>s nos Estados Unidos 390 .<br />
To<strong>da</strong>s essas questões refletem a constatação <strong>de</strong> que as re<strong>de</strong>s modificaram a<br />
lógica <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r na socie<strong>da</strong><strong>de</strong> contemporânea. Em entrevista sobre seu livro<br />
Communication Power, ain<strong>da</strong> não publicado no Brasil, Castells registra que “[...] os<br />
Estados têm medo <strong>da</strong> internet [...]”, porque per<strong>de</strong>ram o controle <strong>da</strong> comunicação e <strong>da</strong><br />
informação sobre as quais se baseou seu po<strong>de</strong>r ao longo <strong>da</strong> história. (Castells, 2009)<br />
O autor afirma que a ciberguerra começou: não entre Estados, como se<br />
imaginava, mas entre os Estados e a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> civil internauta: “O que acontece então?<br />
Nos vigiam. Sempre foi assim. A novi<strong>da</strong><strong>de</strong> é que nós po<strong>de</strong>mos vigiá-los também. [...]<br />
Foi isso que aconteceu repeti<strong>da</strong>s vezes nos últimos anos. Inva<strong>de</strong>m a nossa privaci<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
sim, mas também po<strong>de</strong>mos invadir a privaci<strong>da</strong><strong>de</strong> dos po<strong>de</strong>rosos, temos armas<br />
relativamente iguais [...]”. (Castells, 2009)<br />
O autor consi<strong>de</strong>ra que a internet abriu esferas <strong>de</strong> liber<strong>da</strong><strong>de</strong> que não se tinha<br />
antes, mas não po<strong>de</strong> garantir seus usos, que, em alguns casos chegam a ser nefastos:<br />
“Mas somos mais livres. A questão é como administramos essa liber<strong>da</strong><strong>de</strong> [...] A gran<strong>de</strong><br />
389 Vazamento, pelo site Wikileaks, <strong>de</strong> 200 mil documentos do Departamento <strong>de</strong> Estado Americano que,<br />
neste momento, ocupa as manchetes dos jornais em todo o mundo e suscita polêmicas sobre a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> “controlar” a internet.<br />
390 Um dos princípios que regem a internet <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua criação é o <strong>da</strong> neutrali<strong>da</strong><strong>de</strong>, segundo o qual todo o<br />
tráfego na re<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser tratado igualmente, não tendo os provedores o direito <strong>de</strong> implementar qualquer<br />
tipo <strong>de</strong> segregação ou discriminação <strong>de</strong> conteúdo. Mecanismos conhecidos como traffic shapping –<br />
programados para controlar o que trafega na re<strong>de</strong>, quem po<strong>de</strong>, ou não, ter acesso a esses conteúdos, e em<br />
que veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> – vem, no entanto, sendo <strong>de</strong>nunciados <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que se <strong>de</strong>scobriu que a Comcast fazia traffic<br />
shapping nos Estados Unidos, tornando mais lenta a conexão <strong>de</strong> internautas que utilizavam<br />
intensivamente a ban<strong>da</strong>, por exemplo compartilhando ví<strong>de</strong>os em plataformas peer to peer, como o<br />
YouTube e outros sites <strong>de</strong> compartilhamento <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>os e músicas.<br />
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