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Dissertação Eliane Costa - Sistema de Bibliotecas da FGV ...

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como remixa<strong>da</strong> 330 por outros músicos, autorizando, inclusive, novos usos comerciais <strong>da</strong><br />

música, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que cita<strong>da</strong> a autoria original.<br />

Seis anos <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ser <strong>de</strong>sautorizado pela Warner, Gil acabaria por se <strong>de</strong>sligar<br />

<strong>da</strong> gravadora, na qual começou, em 1977, com Refavela, e permaneceu por mais <strong>de</strong> 30<br />

anos. Ao <strong>de</strong>cidir <strong>de</strong>ixá-la, justificou: “[...] eles trabalham com um velho sistema, não<br />

conseguiram substituí-lo por novos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> negócio [...]”. 331<br />

Em diferentes oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s, Gil citou a letra <strong>de</strong> sua música “Parabolicamará”<br />

para ilustrar seu posicionamento frente à questão <strong>da</strong>s obras <strong>de</strong>riva<strong>da</strong>s, ou remixa<strong>da</strong>s –<br />

tema que hoje é, frequentemente, associado ao uso <strong>de</strong> equipamentos digitais e<br />

programas <strong>de</strong> edição <strong>de</strong> áudio. Ao compô-la, Gil partiu <strong>de</strong> versos tradicionais <strong>da</strong><br />

capoeira e criou uma nova obra: fez, portanto, o que hoje se enten<strong>de</strong> por remix – isto é,<br />

criou uma obra <strong>de</strong>riva<strong>da</strong>, muito antes <strong>da</strong> popularização do uso <strong>da</strong>queles equipamentos.<br />

Citando o trecho “Ê, volta do mundo, camará / Ê, mundo dá volta, camará” que<br />

incluiu em sua letra, Gil registra que, ao fazê-lo, em 1991, ele já estava sampleando, ou<br />

remixando – no sentido que somente anos mais tar<strong>de</strong> viria a ser proposto para o termo –<br />

o verso que é muito comum nas ro<strong>da</strong>s <strong>de</strong> capoeira: “[...] é uma maneira <strong>de</strong> cantar a<br />

vastidão do mundo, que também carrega a certeza <strong>de</strong> que o mundo vai e volta, e que na<br />

próxima volta [...] quem hoje per<strong>de</strong> po<strong>de</strong> se tornar o vencedor. Tudo mu<strong>da</strong> o tempo todo<br />

[...]”. Gil sinalizava, também, que, como já foi aqui abor<strong>da</strong>do, a prática <strong>de</strong> trabalhar com<br />

fragmentos e recombinações foi uma <strong>da</strong>s marcas tropicalistas.<br />

O posicionamento <strong>de</strong> Gil diante <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong> do remix e <strong>da</strong> nova forma <strong>de</strong><br />

licenciamento – que, na prática, extingue a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> um intermediário, uma vez<br />

que é o próprio autor quem <strong>de</strong>fine os usos que autoriza sobre sua obra –, lhe trouxe<br />

exacerba<strong>da</strong>s críticas, nota<strong>da</strong>mente do Escritório Central <strong>de</strong> Arreca<strong>da</strong>ção e Distribuição<br />

(ECAD) e <strong>de</strong> associações <strong>de</strong> editoras e compositores, cuja razão <strong>de</strong> existir se baseia,<br />

exatamente, nessa intermediação. Pon<strong>de</strong>rando que “[...] na área autoral há pouca gente<br />

satisfeita no Brasil e no mundo [...]” 332 e <strong>de</strong>stacando que o mo<strong>de</strong>lo copyleft não estava<br />

sendo proposto como uma política <strong>de</strong> Estado, nem como uma panaceia inventa<strong>da</strong> pelo<br />

MinC, mas como um movimento cultural mundial relevante, ao qual o Brasil precisava<br />

330 De acordo com Ronaldo Lemos, o remix é é uma <strong>da</strong>s principais linguagens criativas que surgiram com<br />

a tecnologia: “quem remixa também está criando”. Disponível em<br />

(http://www.blogacesso.com.br/?p=2093). Acesso em 24/09/10.<br />

331 O Globo, “Segundo Ca<strong>de</strong>rno”, 14/05/2010.<br />

332 Respostas <strong>de</strong> Gil a perguntas <strong>de</strong> artistas e produtores culturais, Época, em 26/01/08. Disponível em<br />

(http://www.gilbertogil.com.br/sec_texto.php?id=158&page=1). Acesso em 24/06/10.<br />

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