Dissertação Eliane Costa - Sistema de Bibliotecas da FGV ...
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no período <strong>da</strong> “re<strong>de</strong>mocratização” confirmava que “[...] os gran<strong>de</strong>s avanços<br />
institucionais do setor tinham-se feito em períodos autoritários [...]”. (Moisés, 2001).<br />
A <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> Moisés remetia, inicialmente, ao Estado Novo, quando se <strong>de</strong>ra a<br />
primeira intervenção estatal sistemática na cultura, bem como uma série <strong>de</strong> medi<strong>da</strong>s e<br />
novos órgãos que traziam maior institucionali<strong>da</strong><strong>de</strong> ao setor cultural, inclusive o<br />
primeiro Conselho Nacional <strong>de</strong> Cultura. (Calabre, 2007). Apropriando-se <strong>da</strong> abertura<br />
teórica suscita<strong>da</strong> por Casa-Gran<strong>de</strong> & Senzala, <strong>de</strong> Gilberto Freyre, Vargas investe na<br />
apologia do “brasileiro” e do mestiço: é <strong>da</strong> diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> racial e regional que brota a<br />
essência <strong>da</strong> brasili<strong>da</strong><strong>de</strong>. A valorização <strong>da</strong> nacionali<strong>da</strong><strong>de</strong> como política <strong>de</strong> Estado eleva a<br />
cultura popular mestiça a símbolo nacional. Barbalho observa que a transformação do<br />
popular em nacional, e <strong>de</strong>ste em típico, se insere em um movimento i<strong>de</strong>ológico cuja<br />
pauta era “construir a Nação”, o que permitiu ao Estado intervir na Cultura como<br />
elemento <strong>de</strong>ssa construção. (Barbalho, 2007).<br />
A tendência aponta<strong>da</strong> por Moisés remetia também ao governo militar que, ao se<br />
instalar, em 1964, trouxe nova intervenção sistemática do Estado no campo cultural,<br />
nesse momento preocupado, não mais com a construção <strong>da</strong> Nação, mas com sua<br />
preservação e integração. O projeto <strong>de</strong> institucionalização do campo <strong>da</strong> produção<br />
artístico-cultural é, então, retomado, incluindo-se aí a criação do Conselho Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong><br />
Cultura (CFC), composto por 24 intelectuais <strong>de</strong> renome, com perfil conservador,<br />
indicados pelo presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> República, cuja missão era elaborar políticas culturais <strong>de</strong><br />
alcance nacional. (Calabre, 2007). A já menciona<strong>da</strong> retração do po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>liberativo do<br />
Estado a partir <strong>da</strong> “re<strong>de</strong>mocratização”, ilustra<strong>da</strong> pela criação <strong>da</strong> Lei Sarney, em 1986,<br />
acaba confirmando, até então, a “tendência histórica brasileira” aponta<strong>da</strong> por Moisés.<br />
De acordo com Rubim, a gestão <strong>de</strong> Gilberto Gil, rompe com a tradição do<br />
autoritarismo. O autor registra que “[...] o <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> formular e implantar políticas<br />
culturais em circunstâncias <strong>de</strong>mocráticas foi colocado na agen<strong>da</strong> do Ministério [...]” e<br />
“[...] a interlocução com a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> concretizou-se através <strong>de</strong> uma assumi<strong>da</strong> opção<br />
pela construção <strong>de</strong> políticas públicas [...]”, que se manteve na gestão Juca Ferreira. O<br />
período foi marcado pela realização <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> encontros, seminários, câmaras<br />
setoriais, que culminaram com as Conferências Nacionais <strong>de</strong> Cultura em 2005 e 2010:<br />
“[...] através <strong>de</strong>sses dispositivos, a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> pô<strong>de</strong> participar <strong>da</strong> discussão e influir na<br />
<strong>de</strong>liberação acerca dos projetos e programas e, por conseguinte, construir, em conjunto<br />
com o Estado, políticas públicas <strong>de</strong> cultura [...]”. (Rubim, 2010a).<br />
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